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• Eric •

Abri os olhos e me espreguicei na cama, sentindo minhas costas se aliviarem. Por mais que a cama de Maria seja um pouquinho mais larga que a cama de solteiro normal, eu fiquei restrito a um espaço, enquanto Maria passou a noite toda em cima de mim. Amei sentir a pele dela na minha, mas o que me fez acordar foi a ausência da quentura dela.
Encarei o quarto iluminado pelos raios solares e bufei ao notar que estou sozinho. Me sentei na cama e, na mesinha de cabeceira, com um abajur de sol, vi um bilhete.

“O dia aqui começa cedo, meu amor
Te espero lá fora
Pode começar indo pro refeitório

Sol”

Uma noite aqui e ela já voltou a atender pelo nome de sol.
Respiro fundo e me levanto, vendo uma muda de roupas em cima de uma cadeira. É uma calça marrom, uma blusa laranja e uma blusa de botões quadriculada em tons de vermelho. Quase as joguei pela janela.

Após um banho gelado e estar pronto, tomei caminho para o refeitório vendo as pessoas me encararem com certo receio, mantendo a distância. Sei que todos conhecem minha fama aqui e eu não costumava ser muito simpático nas minhas rondas.
No refeitório, eu pego a fila e espero pacientemente enquanto escuto as pessoas conversando. Alguns falam sobre estarem preocupados com o que a Evelyn vem fazendo, outros apenas contam piadas e alguns só se calam quando me vêem.
Pego uma bandeja e sou servido de dois pães, suco de maracujá, biscoitos e um pedaço de bolo de milho. Me sento na ponta de uma mesa, isolado do casal que come e conversa despreocupado. Dou uma mordida no bolo e percebo ser verdade o que dizem: o bolo da Audácia é o melhor de toda a cidade.
Depois de comer os dois pães, me sinto mais leve. O falatório e as risadas ao meu redor não me incomodam mais e eu já estou mais calmo.
Quando termino de comer, vou despachar minha bandeja vazia e uma senhora negra, baixinha, de cabelos trançados sorri para mim ao pegar minha bandeja.

Será que ela sabe quem eu sou?

Vá com alegria, filho.

Ér... — fico sem jeito — Obrigado. — coço a nuca

O que se diz quando alguém diz isso pra você?
Saio do refeitório e vejo Lana, a madrasta de Maria, caminhando com dois baldes cheios.
Lana não me parece uma má pessoa. Ela me acolheu bem, ontem quando cheguei, e não parece me julgar. Ela me parece o tipo de sogra que eu quero e não Evelyn.
Me aproximo dela e pego os dois baldes de suas mãos. Ela sorri pra mim e eu vejo um pouco das suas rugas de expressão. Lana é uma mulher bonita, com longos cabelos de dreads e sorriso fácil. Ela parece doce, mas forte. Creio que me daria uns tapas se soubesse que lutei com sua filha logo na primeira semana dela.

— Obrigada, menino. — ela agradece e vai andando na minha frente — Eu vou levar esses baldes de laranja pra cozinha. Sol está trazendo mais. Sabe, todo dia de manhã... — ela se cala enquanto anda e eu a sigo — Desculpe, são hábitos da Amizade falar tanto. Vocês, da Audácia, não gostam disso.

— Sinceramente, não me importo não. — digo rindo enquanto a sigo — Gosto de saber sobre a Maria. Ia falar sobre ela, não?

— Sim. — ela concorda e abre a porta dos fundos do refeitório, mostrando que há uma cozinha ali — Sabe, não importa o quanto a chamem de Maria, eu acho que vou demorar a parar de chamá-la de Sol. Meninas, tenho laranjas! — ela avisa pras mulheres da cozinha

Danificado - Divergent FanfictionDove le storie prendono vita. Scoprilo ora