Sete

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| Brandon, point of view |

— Está jogando bem, Campbell — Cohen sorri com desdém dando um leve soco em meu ombro. — Espero que continue assim até os jogos.

— Quando foi que eu falhei, meu caro? — abro os braços e rebato com firmeza.

Tiro a camiseta do time enquanto Matt me estende uma toalha.

— No futebol, talvez não — ele solta uma risada nasal. — Mas no amor, acho não posso dizer o mesmo.

Encaro os armários puídos do vestiário por uns segundos, até voltar a raciocinar. O tom irônico na voz de Matt era desconcertante,  mas ainda assim eu prefiro contrariá-lo.

— Está enganado. Há muito de acontecer ainda, muito — é uma afirmação mais válida para mim mesmo do que para ele, que mantém uma expressão sacana.

— Enquanto nada acontece, prefiro assistir Brandon Campbell levando um fora pela primeira vez na vida.

— Isso soa tão dramático — dou de ombros. — Mas vou provar que você está errado.

— Ahm, boa sorte.

— Não preciso de sorte.

Meu celular vibra por um instante, e, lá vem, outra mensagem que vai direto para a lixeira. Trata-se de mais alguma garota que eu realmente não quero saber sobre. Certamente, me arrependo por passar meu número a cada uma delas no calor do momento.

— Aliás, — continuo — não é Matthew Cohen que se prendeu a alguém, afinal?

— E me arrependo — ele balança a cabeça em negação. — Não vou poder prestigiar Tyler amanhã, e adivinhe? Porque vou jantar na casa dos Jenkins, de novo.

— Um a menos, bebida a mais.

Ele faz uma careta em minha direção.

Conheço Matthew desde que pisei em Prince Hills e sei perfeitamente, que o relacionamento entre ele e Haley é uma montanha russa de emoções. Jenkins é uma garota adorável, mesmo que em alguns momentos frise sua possessão, ela continua sendo uma das pessoas mais doces que já vi. Isso os torna perfeitos um para o outro.

— Vou tomar uma ducha — digo indo para uma das cabines do recinto e Cohen assente.

Levo este tempo para espairecer, ao menos, o suficiente sobre algumas coisas.

Levo este tempo para espairecer, ao menos, o suficiente sobre algumas coisas

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Acendo um cigarro e, vagarosamente, caminho para fora da faculdade.

Já devem se passar das seis horas.

Então, ouço passos apressados pouco mais distantes de mim. Passos estes, que claramente são de quem eu não esperava encontrar. Mas um sorriso se deixa brotar em meus lábios.

Sei que é ela.

Logo, fico a observando atravessar o campus impacientemente com um par de livros na mão. Meu sistema fraqueja. Phillips tem uma postura autoritária, indiferente. Ela só não percebeu que, cá estou. Como um fanático admirando uma obra que por sua vez é abstrata, indecifrável – é assim que a vejo, como uma arte incrivelmente bonita mas, incapaz de ser interpretada.

Ou, não.

Eu preciso ao menos, saber se meus planos seguem como o determinado. Mas seria muito patético chegar de tal forma a fingir que está tudo normal, porque não é para estar.

Não é nada mirabolante, mas pode ser que funcione.

Corro até me esbarrar em Emma, o que a faz derrubar um dos exemplares que carregava. Paro, apanho o mesmo do chão e, devolvo a ela que o pega de maneira aborrecida.

— Foi mal — digo engolindo em seco, tentando impedir que fogos de artifício saiam da minha cabeça. — Não te vi.

Essa desculpa rende milhares de defeitos, talvez. Mas é assim que consigo ganhar sua atenção, nem que por segundos.

É assim que eu esperaria que ela me atacasse.

— Posso lhe indicar um ótimo oftalmologista — ela rebate com ditério, respirando fundo.

Emma é indescritível.

Desde a noite em que a vi tive certeza de que não há qualquer garota que se compare a tal. Não estou dizendo apenas fisicamente. Sua pele é uma dose de café com uma porção extra de muito creme; os olhos castanhos deixam-me guiar loucamente por uma bela tarde de primavera; e as poucas sardas em suas bochechas são detalhes que fazem dela, um retrato feito a ser contemplado.

Quebrar essa parede que a cerca é um sacrifício que espero valer a pena.

— Estou vendo muito bem, acredite — respondo a analisando da cabeça aos pés, ela revira os olhos – o que a deixa uma gracinha. — É só pressa.

— Claro — um sorriso falso se esboça em seu rosto. — Não é legal deixar uma garota esperando.

Franzo o cenho num sinal perceptível de que não entendi.

— Deixa pra lá — quando ela se prepara para ir embora, puxo levemente seu braço, deixando nossos rostos próximos. Embora eu saiba que ela deva estar se mordendo de ódio e, talvez, dúvidas.

— Está com pressa também? — minha voz sai quase como um sussurro.

— Não. Mas não vou entrar na sua brincadeira.

— Brincadeira? — ela assente sem paciência. — Por que diz isso?

— Sejamos honestos — Emma ri ironicamente, com desgosto. — Fingiu que eu não existia pelos últimos dias, desviava toda vez em que eu o olhava, e agora está me impedindo de ir? Fala sério.

Ela está inteiramente correta – portanto, o trem não está fora dos trilhos, afinal.

— Parece que alguém sentiu minha falta... — manifesto contornando um sorriso nos lábios.

— Parece que alguém anda viajando muito aqui — ela faz uma careta se desprendendo de mim.

— Ou, você está tentando mentir para si mesma.

— Tentando mentir sobre o quê?

— Sobre o que sente.

— Mas eu não sinto nada.

Fico em silêncio por uns segundos.

— Te evitei propositalmente — declaro sustentando seu olhar de surpresa e confusão. — Para ter certeza de que você ficaria assim.

— Isso é ridículo — ela revira os olhos mais uma vez, mas sinto que, certo alívio recai sobre seus ombros.

Novamente, silêncio.

— Nos vemos amanhã — concluo encarando o horizonte.

— Amanhã?

— Na festa do Barners.

Contra as leis do amorWhere stories live. Discover now