Contra as leis do amor

Vinte e um

Todas essas pessoas com boné e acessórios patéticos de futebol só me fazem querer retornar pelo curto caminho que percorri para estar aqui hoje, neste maldito jogo. 

Claro que Hope ferraria comigo se assim fosse, afinal ela não conseguiu entradas à toa.

Meu coração, este maldito, bate em disparada com a aparição dos atletas no gramado. Embora eu seja uma completa idiota por querer oprimir isso, a verdade é que ter a imagem de Brandon lá embaixo, fazendo o que ele gosta, me deixa alegre por fazer parte disso. Eu nunca o vi jogar. Nunca vi sequer, tantas garotas exclamarem seu nome, uma ou até dez vezes, principalmente quando ele acenou para o lado da torcida.

Não espero que ele me veja, o que parece ser impossível, já que uma mera garota no meio dessa gente é só um pontinho em vários outros. 

Mas hoje eu é quem estou o assistindo. 

- Se a liga de Prince Hills ganhar, você sabe, vai ser uma loucura. - Griffin afirma sem desgrudar a atenção de Tyler.

- Aposto que sim.

- Se todas essas meninas soubessem que aquele lá já tem uma dona, você nem estaria sentada aqui. - Jessie que está ao meu lado, aponta para Campbell, e eu devolvo uma careta de deboche. 

- Você não sabe o que diz. A propósito, onde está seu namorado?

- Stephen está trabalhando com o pai na oficina. Uma pena. 

Neste exato segundo, berros tomam conta de todos devido a um quase acerto. 

Quase. 

- Isso porque nem começou direito. - Jess argumenta. 

Realmente. O que não anula o fato de eu ficar aqui por longos e longos minutos. 

Mas confesso gostar de ver Brandon. 

De revirar os olhos pela euforia de outras garotas. 

Bem... às vezes você se depara com isso. Situações que o fará sentir-se inseguro por algo ou alguém que nem mesmo lhe tem a mesma consideração. É claro, em alguns momentos. 

Como este em que estou agora. 

- Você não tem ideia do quão feliz estou por te ver aqui. 

Encaro seu semblante que forma um sorriso acolhedor, e então seu suor, as gotículas que se formam e percorrem a trilha de expressões em seu rosto genuinamente, demonstrando o cansaço barra exasperação pelo jogo vencido. 

É, Brandon, você venceu. 

De novo e de novo, você sai como vitorioso. A pérola do time, com a atenção que tanto queria.

- Agradeça a Hope - coloco as mãos no bolso da minha jaqueta vinho de bazar, meio acanhada. 

- Nós poderíamos comemorar, o que acha?

- Isso já não parece uma comemoração para você? - dou um giro com a cabeça, tentando fazer com que ele veja a bagunça que o estádio está, o movimento, enfim... 

- Emma, isso é fácil de ver. O que eu quero mesmo é ver a garota que eu gosto fazendo parte disso tudo, ao meu lado. 

Não hesito ao sorrir brilhante enquanto o sol (de fim de tarde) faz com que meus olhos se apertem. 

- Tudo bem, capitão. Mas desta vez, eu irei preparar nosso encontro.

- Confio em você de olhos fechados, princesa.

Lanço um olhar semicerrado a ele. Confiança? Qual a proporção disso? 

Brandon morde meu lábio inferior com uma "brutalidade meiga", fazendo com que eu geme baixo e me afaste.

- Mas que porra, Campbell...

- Campbell? Pensei que fôssemos próximos o suficiente para deixar os sobrenomes para trás, Phillips. - Ele me puxa para perto, estando eu, consciente de que não irei rebater. 

- Você é insuportável, garoto. É uma pena ser tarde para voltar atrás. 

- Você voltaria se pudesse, Emma? 

Silêncio ensurdecedor de segundos contínuos. 

- Não, Campbell. Eu não voltaria. 

Meu piscar lento faz referência à minha saída com passos repressores e seguros, o deixando parado com a respiração ofegante e o olhar fixo na minha sombra o deixando. 

O deixando por agora, apenas. Voltarei  a vê-lo novamente e sei que estou me viciando na sua presença. 

Em outras palavras menos promissoras e mais tolas, o apego é nossa fraqueza.