Trinta e um

3.7K 311 88
                                    

Foi estranho dividir a mesma cama com Brandon.

É a primeira vez que dormimos juntos.

É assustadoramente bom o quanto você pode gostar de alguém a ponto de querer acordar com ela todos os dias. Não apenas por ser aquela pessoa, mas por estarmos no Éden e acharmos que somos únicos.

Por saber que tudo aquilo que parece ser um problema, some. E tudo volta a ser você e ele, ou ela, o que for.

Esse é o problema do amor: acostumar-se.

Não devemos deixá-lo tão rotineiro.

O cheirinho de sal, os chinelos cobertos por areia e a brisa que nos entorpece na manhã trazendo aroma de palmeiras...

- Ei - sussurro para Brandon que pisca os olhos lentamente.

Seu fabuloso corpo dentre esses lençóis é um pecado.

Meu Deus, e como é.

Ele me puxa para mais perto de si, mesmo que já sejam quase nove horas e já tenhamos dormido bastante.

- Só mais cinco minutos. Talvez dez.

Começo a rir.

- Eles só servem o café por mais meia hora.

Ele resmunga e então esfrega as mãos no rosto.

Acabamos por descer para ao menos saborear um pouquinho do café grego - nada absurdamente diferente, e algumas frutas que têm em abundância.

Quando entro novamente na suíte, me sento na cama, sem perspectiva do que fazer.

Brandon começa a tirar suas roupas como quem não tem um pingo de vergonha.

- Por que está me olhando assim? - ele questiona um tanto quanto irônico. - Não vai colocar seu biquíni?

Dou de ombros.

Apanho um biquíni totalmente branco, mas delicado. É o meu favorito.

Entretanto não consigo colocá-lo na sua frente, por isso vou até o banheiro e me forço a amarrar sozinha.

- É sério? - ele cruza os braços enquanto se apoia no batente da porta, e me olha através do espelho.

- Você não sabe o que é privacidade? - bufo.

Mesmo assim Brandon se atreve a ir tentar me ajudar.

Estou exposta como nunca estive antes.

Isso aconteceria algum dia, mas ainda não é normal para mim.

Seus dedos traçam minhas costas e nós continuamos a nos encarar pelo espelho. Eu o deixo desenhar sobre meu corpo, até ele encostar sua cabeça na minha e fecharmos os olhos juntos.

Há uma conexão entre nós que terceiros jamais entenderiam. Nem quem já sobreviveu das emoções que o amor proporciona, ou qualquer poeta que se arrisca a escrever nas entrelinhas as faíscas que saem sobre dois corpos atraídos por uma força entusiástica. Facilmente nos renderíamos, não temo o que há de acontecer. E eu não vou conseguir controlar o tremer das minhas pernas, ou meu coração saltando para além do peito com Brandon ao meu lado.

Beijo seus lábios como quem quer beijar para nunca largar, uma leve mordida, um leve sabor. Quero transmitir a ele minha gratidão e meu êxtase.

E Brandon retribui.

Nós saímos do hotel acompanhados de um translado que nos levaria até Milia, uma das exuberantes praias presentes em Skopelos.

Em nenhum momento deixamos de dar as mãos, o que é algo singular para mim.

Contra as leis do amorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora