Dezenove

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- Tive um dia cheio, acho melhor não arriscar. - Reluto contra a palavra das minhas duas melhores amigas. 

- Você não vai querer ver o seu namoradinho é? - Jessie provoca com Stephen ao seu lado, atento ao nosso diálogo. O que esse garoto faz aqui mesmo? 

- Todos vão para lá, anda... 

Massageio as têmporas impaciente.

Entro no carro de Ross deixando a entender que, por mais indisposta que estivesse, eu ia com eles. Bato a porta com toda minha força, mas Hope gesticula como quem atingiu seu objetivo. 

Um bar. 

Com todos universitários que pudera conhecer - a maioria, claro, jogadores. Reviro os olhos sequencialmente ao chegarmos, nesse lugar que mais parece um boteco escocês versão velho oeste. Por um segundo sinto cheiro de batatas sendo fritas e copos se batendo contra as mesas. Bom, quem sabe eu não posso aproveitar um pouquinho? 

Nos sentamos e logo pedimos alguma coisa para esquentar nossos corpos. Talvez nosso sistema interior, até queimar. 

É meu primeiro copo com batida agridoce, mas já me sinto completamente sorridente. Até que estou desconstruindo meu conceito sobre Stephen depois de suas anedotas ridículas que faz Russell cair em altas risadas, completamente a fim dele. Por entrar nesse assunto, eu não podia deixar de observar o local a cada instante para saber se Brandon estaria ali. Talvez ele não venha, mas se assim o fizesse, o que eu ganharia? Não tenho recebido notícias sobre o mesmo há pelo menos dois dias, o que me faz questionar: será que ele está bem? Por que não tem ido a universidade durante este tempo, e, por que não me procurou? 

Obviamente, se eu não estivesse preocupada, estaria a mentir. 

É "oficialmente anunciado" a inscrição para o karaokê, onde você sobe ao minúsculo palco de madeira e fabulosamente berra ao microfone. Depois de umas bebidas ninguém se importava com a vergonha que o próximo estava a passar. Nem eu. Tanto é que fui coagida a cantar. Me persuadiram e lá estava eu.

Merda, Emma.

Devo ter tropeçado em algumas mesas antes de arregaçar as mangas do meu suéter preto e fitar as pessoas sorridentes e dispersas, com zero nível de notoriedade. Pigarreio, com um pensamento um tanto quanto malicioso, por estar fazendo algo descarado e tão sem nexo - é como estudar francês para ir até o Líbano. Tudo bem, pode ser um modelo meio desajustado a ocasião, mas convenhamos que cantar não é meu forte. 

Lá vamos nós. 

Cumpra o seu papel, vodca.

Me sinto a própria musa do preto e branco por cantar uma música do Bryan Adams, melosa e dramática, como se despejasse sua letra no copo de cada um aqui presente. As caretas que recebo são a melhor parte de um mico que lembrarei amanhã. Bem, contanto que eu não caia ou me atirem objetos, tudo estará em seus parâmetros. 

Até que, em um instante, me perco na canção. 

Meu coração vai à mil e minha garganta se fecha. Por favor, Deus, me dê o privilégio de ser os últimos segundos dessa faixa para eu descer dessa droga. Minhas bochechas coram, eu devo estar vermelha tipo um lápis de cor ardente que marca a folha, sem reação ao ver Campbell parado na metade do caminho que estava fazendo. Seu sorriso aberto em minha direção é o mais confortável sorriso que já recebi - não, não é exagero de gente 'quase-bêbada', é somente a mais traiçoeira verdade que já assimilei depois de tê-lo conhecido. 

Enfio as mãos no bolso da minha calça branca e, pausadamente caminho em direção a onde estava. Não vou até ele, por alguma razão instantânea, meu corpo não permite. 

Contra as leis do amorWhere stories live. Discover now