Trinta

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As férias de verão estão aí.

E eu estou aqui, dividindo o fone com Brandon enquanto escutamos “Beautiful”, de Bazzi. A caminho do aeroporto que nos levará a Europa.

Não irei mentir, metade de mim é empolgação e a outra, é receio – não sei, é natural sentir isso com algo que você nunca fez.

Nós esperamos anunciar nosso vôo à Grécia.

Talvez eu não tenha dito, mas estamos a caminho de Skopelos – outro motivo para crer que estou num sonho. E não quero ouvir alguém gritar meu nome porque pensar em abrir os olhos me perturba.

Depois de longas quase quatorze horas numa poltrona nada muito aconchegante, escutando os passos de salto alto de aeromoças esbeltas estilo Miss Califórnia oferecendo coca diet e massa aos passageiros, finalmente parecíamos estar próximos do país balcânico.

Aquele friozinho na barriga e os olhos se espreitando para enxergar além da claridade do céu que ainda está se pintando com a cor do sol, me faz querer pular ali mesmo.

Brandon que até então estava cochilando, desperta.

Nós dois sorrimos um ao outro transmitindo  familiaridade.

Mesmo cansados, temos uma jornada não tão curta a ser cumprida. Devemos pegar um segundo vôo até Skiathos e posteriormente, um ferry até a ilha.

- Ainda bem que o casamento é daqui dois dias, até lá vou poder dormir para me recuperar dessa viagem - diz Brandon.

- Duvido que irá dormir com essa paisagem - retruco toda boba.

E lá vamos nós por mais aproximadamente, duas horas antes do finalmente.

E então: bem-vindos a Skopelos!

Este lugar é digno de um um filme de aventura ou coisa do gênero.

Fazemos o check in no grande hotel com um chafariz na entrada e pessoas sorrindo por toda parte com roupas praianas.

- Encontro vocês no almoço, tudo bem? - Ethan se manifesta por detrás de seu Rayban escuro. 

Nós concordamos e então seguimos para o quarto piso onde se instala nosso aposento.

- Puta merda - levo minhas malas até a cama ainda fixada na paisagem que a varanda proporciona.

Brandon mal espera para pular na cama tamanho King com lençóis cheirado a lavanda.

Há ainda um enorme banheiro trabalhado com mármore e madeira que se combinam, dando ao ambiente a vontade de ficar ali para sempre.

É de tirar o fôlego.

Vou até a sacada, onde posso ter a visão ampla do hotel, lá embaixo há uma piscina incrível de borda infinita que contrasta com o azul do mar que fica a metros dali.

Ah, o mar.

- Lar doce lar, não é? - Brandon contempla o panorama junto a mim enquanto traga um cigarro.

O encaro sem compreendê-lo.

- O lugar de deusas como você é aqui, na Grécia.

- Seja lá onde estivermos, você vai continuar sendo você... - sorrio de canto a canto.

- Isso não é bom?

- É maravilhoso.

Ele passa o polegar sobre meu queixo e então meus lábios.

- Adoraria continuar aqui mas acho que vou descansar.

Assinto para que ele vá na paz.

Embora esgotada, o sono parece ter desaparecido quando chegamos. É impossível não se extasiar com isso.

Aproveito para telefonar para a minha mãe.

E claro, registrar detalhe por detalhe para Jess e Hope que estavam tão animadas quanto eu.

Na verdade, Hope e Tyler também estão aproveitando as tão esperadas férias com a família do garoto em LA.

- Penélope Renouard.

Olhos castanhos claros e pequenos, como o de uma boneca.

Definitivamente uma boneca.

Fios de cabelo avermelhados que parecem queimar com a luz, de tão brilhantes que são.

Eu daria a essa menina várias profissões, e todas elas envolvem a fama.

- Emma Phillips - minha voz é quase inaudível de tão enternecida que estou diante a ela.

- É um prazer, Emma. - Como se já não fosse suficiente, ela ainda tem um sorriso branco de propaganda de estrada. - Soube que você e o filho de Ethan vieram juntos.

- Sim. Você o conhece?

- Apenas por fofocas - ela ri sutilmente. - Minha tia Sarah comentou algo sobre o Campbell, mas não sabia que eram namorados.

Então a futura esposa do Sr. Ethan é tia de Penélope.

Por que essa conversa soa desdém?

- Não somos.

Ela analisa minha expressão discreta como quem desconfia fielmente de minha resposta, no entanto não se atreve a perguntar muita coisa, e mesmo que sua beleza gritante me constranja, não prossigo com o diálogo.

- Você deve ser Emma! - de repente me sinto sendo abraçada por uma mulher com pouco mais de 1,65 de altura, e cabelo loiro tingido.  - Sou Sarah, noiva do Campbell.

Sorridente.

Ela é extremamente sorridente.

- É um prazer te conhecer, Sarah - retribuo seu sorriso. - E meus parabéns pelo casamento.

- Obrigada, querida. Sabe, - ela suspira olhando para o horizonte - fiquei muito nervosa. Principalmente porque achei que Brandon não fosse vir.

- Bem... Ali está ele.

A figura de Brandon com sua polo e bermuda jeans, totalmente descontraído conversando com outros rapazes, me acalma.

- E é ótimo que tenham vindo juntos - ela segura minhas mãos com ternura. - Você é realmente linda, como Ethan disse. Fazem um belo casal.

A aura de Sarah exala juventude, ela ainda tem uma tatuagem no pescoço que não consigo identificar. É visível o quão doce e tagarela ela pode ser.

Não que isso seja ruim.

Mas sua sobrinha não parece ser como ela – nem um pouquinho.

- Obrigada, Sarah.

Nos dirigimos até o restaurante do hotel, onde nos sentamos numa enorme mesa redonda com um arranjo de acanto no centro, acompanhado de lindos talheres trabalhados em detalhes de porcelana.

- Ela é divertida, não é? - Brandon sussurra sobre Sarah enquanto nos acomodamos nas cadeiras.

Aqui estão as pessoas mais próximas. Além de nós e a senhorita Renouard, estão um casal amigo dos noivos e seus dois filhos gêmeos – um menino e uma menina de aproximadamente dezesseis anos, e Lucy.

Lucille Torrez, para não dar uma de íntima.

Soube que ela cuidou de Brandon e até hoje trabalha com a família Campbell, ou seja, sua presença é tão importante quanto a de qualquer outro.

Apesar de quieta, é extremamente amorável.

- Todos são divertidos - não minto, pois o casal também é bastante piadista maior parte do tempo.

Brandon apoia sua mão em minha coxa nua, até porque escolhi um vestido curto azul tiffany trançado nas costas para a ocasião.

- Podemos caminhar por aí mais tarde, o que acha?

- Perfeito.

Contra as leis do amorWhere stories live. Discover now