Luke e Maya não tinham uma boa relação. Eles podiam viver na mesma casa, podiam conviver por horas, podiam cuidar dos irmãos juntos, mas eles realmente não tinham uma boa relação. Maya era a boa garota. O prodígio, o orgulho de sua mãe. Já Luke era...
- Sim, querido? – ela murmura, terminando de passar um pano em uma das mesas da lanchonete-
- Luke foi embora. – ele falou e ela abriu a boca, atrapalhada, olhando o pequeno- Ele deixou isso aqui. – ele lhe entrega algumas notas de dinheiro amassadas- Disse que é pelo café da manhã. –ele deu de ombros e Maya pegou o dinheiro, suspirando- E ele disse que isso aqui é para você. –ele falou tirando mais uma nota de dinheiro do bolso, enrolada em um pedaço de papel- Ele até disse o que era, mas eu me esqueci. – ele disse com uma careta-
- Gorjeta. –ela explica para o pequeno e ele assente. Maya pega o dinheiro e o papel e coloca no bolso do avental- E Lily? –ela pergunta-
- Com a Beth. –ele responde-
- Certo, querido. Porque não volta a desenhar? Onde está sua caixa com giz de cera? –ela pergunta-
- Na mesa do Luke. –ele responde e caminha até lá-
Maya vai para trás do balcão e coloca o dinheiro da conta de Luke dentro da caixa registradora. A sua gorjeta ela desenrola do pedaço de papel e coloca no vidro com o seu nome. O papel ela abre e lê as palavras em uma letra elegante e cursiva de giz de cera vermelho.
"Acredite, bonitinha, você também é "aquela idiota" em algumas das minhas conversas. Isso quando eu lembro da sua existência".
Maya revira os olhos, amassa o papel como se fosse o próprio Luke em sua mão e o joga no lixo. Quando se vira, Beth ergue uma sobrancelha para ela.
- Sabe o que você anda precisando? Sair para dançar. –Beth sugeriu sorrindo animadamente, mas Maya fez uma careta-
- Não. O que eu preciso é dormir por cinquenta horas seguidas em um ambiente silencioso. –ela explica e Beth bufa-
- Vamos sair para dançar. –ela decreta e Maya nega com a cabeça-
- Nop. –ela diz e saí de trás do balcão para continuar limpando as mesas-
- Maya. –Beth resmunga indo de atrás, e Maya ri-
- Beth. –ela diz e se inclina para limpar a mesa- Desista. Eu não saio para dançar. –ela diz, decidida-
- Nunca? –Beth reclama-
- Não mais. –Maya diz e dá as costas para a amiga, dando o assunto por encerrado-
O trabalho na lanchonete era tranquilo. Na manhã, pouco movimento para o café, já perto do meio-dia, o movimento aumentava um pouco, mas nada muito extraordinário. Durante a tarde, era ainda mais parado, e então, no início da noite elas fechavam. A lanchonete pertencia a um senhor chamado Miles, mas ele não aparecia muito na lanchonete, as meninas ficavam responsáveis em cuidar do local, enquanto Barney cuidava da cozinha. Era uma equipe pequena, mas era tudo fácil.
O dia passou tranquilo. As crianças, ao contrário do que Maya pensou, não incomodaram. Ficaram quietinhas em uma das mesas, desenhando ou brincando. Quando a noite chegou e elas fecharam, Maya guardou seu avental, pegou sua bolsa e se despediu de Barney e Beth.
- Vamos caminhando? –Lily perguntou com uma careta e Maya retribuiu a careta-
- Eu não sei, pequena. –ela diz segurando a mão de Lily de um lado e a mão de Benjamin do outro-
Dobrando a esquina, os três viram o conhecido carro de Stefan. Ben foi o primeiro a notar e, aliviado por não precisar caminhar, correu até o mesmo
- Ben! –Maya chamou, caminhando apressadamente para o carro-
Não foi Stefan que saiu do mesmo, foi Luke, o que causou uma careta no rosto de Maya. Ele não parecia contente em estar ali, mas mesmo assim abriu a porta de trás do carro para os pequenos entrarem.
- Você sendo prestativo... –Maya debochou e Luke a encarou enquanto fechava a porta de trás-
- Tchau, Maya. Nos vemos em casa. –ele falou e entrou no carro-
Maya arregalou os olhos, abrindo a boca e procurando palavras para xinga-lo. Luke ligou o carro e abriu a janela do banco do carona, mostrando seu sorriso sarcástico. Maya balançou a cabeça quando a porta do carona foi destrancada.
- Babaca. –ela murmurou entrando no carro e se sentando ao lado do loiro-
- Calma aí, bonitinha. Me voluntariei para vir buscar vocês, seja legal. –ele pediu e ela o olhou-
- Não se voluntariou não. –ela discordou e ele deu de ombros-
- É, não me voluntariei. –ele falou e Maya revirou os olhos-
Ela se virou para trás e observou os dois pequenos. Lily ajeitava o vestido de sua boneca enquanto Benjamin lutava para não dormir com o balanço leve do carro. Quando chegaram em casa, Maya suspirou. Ela simplesmente não tinha vontade alguma de entrar. Luke, que ficou quieto o trajeto inteiro, a observou encarar a casa com um certo pesar.
- Pois é. –ele murmurou descendo do carro e Maya o olhou, saindo também- Chegamos ao paraíso. –debochou e Maya balançou a cabeça sorrindo fracamente-
Benjamin havia adormecido. Lily desceu saltitante pela porta que Luke abriu para ela. Quando Maya abiu a porta do lado de Benjamin, ela sentiu dó de acordar o menino.
- Ben. –ela chamou mexendo em seu cabelo-
- Eu pego ele. –Luke falou tocando sua cintura para tira-la da frente e ela pulou para o lado, notando que Luke nunca havia tocado nela antes. Ben abriu os olhos levemente quando Luke o pegou no colo, mas apenas deitou a cabeço no ombro do irmão- Fecha o carro. –ele pediu para Maya antes de sair caminhando com o pequeno em seu colo-
Maya fechou o mesmo e o seguiu, vendo que Lily já havia aberto a porta. Quando entrou, olhou diretamente para a sua mãe.
- Eu pensei que ia buscar as crianças na hora do almoço. –Maya falou. Não estava brava, só falou sem tom algum-
- Eu sei, querida. Me desculpe. –Karen falou e acariciou os cabelos de Lily que estava sentada ao seu lado- Eu cheguei da consulta e comecei a ajeitar a casa. Quando terminei, já estava quase na hora da lanchonete fechar. As coisas correram bem? –ela perguntou e olhou Luke que descia as escadas já sem Benjamin no colo. Ele a olhou por um breve segundo, e ela retribuiu, também por uma fração de segundo-
- É. –Maya respondeu e suspirou, observando Luke caminhar para a cozinha- Eu preciso de um banho. –ela fala para a mãe-
- Vai querer jantar? –Karen perguntou enquanto Maya subia as escadas-
- Talvez mais tarde. –ela diz caminhando pelo corredor-
Consegue ouvir do corredor Lauren e Becca discutirem, e consegue ouvir uma música no quarto de Lola. Ela só queria dormir por cinquenta horas seguidas em um lugar silencioso. Não seria dessa vez.
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