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O parto de Karen, apesar de toda a situação ao redor, foi tranquilo. Stefan ficou o tempo todo ao seu lado, segurando sua mão e lhe dando o apoio que precisava. Luke voltou para a sala de espera para ficar com o resto da família. Era o mais velho entre todos, e apesar da dor que sentia em seu coração, e de toda a preocupação que carregava, ele queria estar ali para ser o suporte que os mais novos precisassem. Beth havia trocado de roupa, e agora usava uma calça e uma blusa do hospital, com os cabelos molhados e presos e o rosto ainda pálido, como se ainda estivesse em choque. Não tinha nada da garota alegre e brincalhona nela mais.

Luke sentou ao lado de Lola, no corredor. Observou por uns segundos o rosto vermelho da garota que ainda tentava controlar a respiração tremula. Ela o olhou de volta e ele ergueu a sobrancelha.

- Está bem? –ele perguntou baixinho e ela assentiu devagar-

- E a mamãe? –ela perguntou parecendo menor do que realmente era-

- Está trazendo nosso irmão para o mundo. –ele falou e ela sorriu fracamente, fazendo-o sorrir de volta- Cadê o Simon? –ele perguntou olhando em volta do corredor, dando falta do garoto-

- Ele disse que precisava tomar um ar. –Lauren respondeu sentada no outro lado de Lola e Luke se levantou-

- Vou atrás dele. –ele responde e segue para a saída do corredor-

Encontra Simon no estacionamento, sentado no capô do carro de Luke, mexendo em um molho de chaves. Luke senta ao seu lado e espera em silencio, observando o movimento tranquilo da rua.

Simon parecia calmo. Encarava a rua com atenção, sem piscar muito, mas Luke reparou que apesar de demonstrar certa serenidade, Simon não estava bem. Seus olhos vermelhos evidenciavam a vontade de chorar, a mandíbula trincada evidenciava o nervosismo. Simon não estava bem.

- Eu queria que fosse tranquilo. –ele deu de ombros- Depois do que minha mãe passou com a Lily, eu queria só que fosse tudo tranquilo. –ele fitou as chaves- Eu ia até a delegacia, sabia? –ele riu sem humor- Sei lá o que eu ai fazer lá. Acho que só queria encarar meu pai, depois de tanto tempo. –ele girou as chaves no dedo- Eu tinha essa imagem na minha cabeça. Meu pai me vendo, e entendendo todos os erros que ele cometeu. Eu tinha essa certeza de que eu precisava vê-lo. Mas então, minha mãe está em trabalho de parto, Maya está... Lutando. –ele hesita e sua respiração treme- Não faz mais sentido. Eu tenho coisas mais importantes do que me preocupar em encarar um lixo como aquele cara. –ele balança a cabeça e olha Luke-

- Fico feliz que não tenha ido. –Luke murmura e Simon assente-

- É, eu também. –ele fala e balança a cabeça- Você a ama, então. –ele sorriu, bufando- Quando Maya me contou sobre vocês, eu pensei que era bobagem. Jovens fazendo besteiras. –ele deu de ombros- Depois eu achei que Maya estava demais enquanto você estava envolvido de menos. –ele fita Luke- Mas então você a ama.

- Amo. –Luke responde sem hesitar e Simon suspira-

- E ela precisou levar um tiro para você admitir isso. –ele murmura e Luke olha para a rua-

- Tem sentimentos que a gente só entende quando estão a flor da pele, Si. –Luke fala- Eu amei sua irmã como nunca antes, quando eu entendi que eu poderia perde-la. Quando eu entendi que não posso mais perde-la. Eu já a perdi vezes demais. Já basta. –ele balança a cabeça- Somos complicados demais, eu e ela. A gente precisa mudar isso. –ele resmunga e se levanta, olhando Simon- Vamos entrar? –ele pergunta e Simon nega-

- Quero ficar sozinho. –ele resmunga olhando para longe e Luke revira os olhos-

- Não é hora de ficar sozinho. –ele fala e Simon bufa-

Better man (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora