71.

796 70 36
                                    

**quero muitos comentários**

∆∆∆


Nenhuma das duas sabia por onde começar a falar. Nenhuma das duas queria aquela conversa, mas era necessário. Maya se sentou no sofá e esperou, pois no fundo sabia que só conseguiria começar a falar sobre Malcon quando sua mãe iniciasse o assunto.
Karen se remexeu na poltrona, desconfortável por conta da barriga e pela situação. Tinha o rosto inchado e ox olhos vermelhos. Chorou muito durante o dia.

- Porque não me contou? -foi a primeira pergunta, com a voz rouca e Maya se encolheu-
- Não queria envolver ninguém. -Maya responde-
- Luke sabia. -ela pontuou e Maya franziu o cenho- Simon me falou que Luke sequer pareceu surpreso quando Simon se deu conta. Porque Luke sabia?
- Ele não... Mãe, ele não sabia. -Maya murmura e balança a cabeça- Deixa eu explicar desde o início. -ela pede e Karen assente, tensa- Há alguns meses, eu estava na rua aqui de casa, voltando do trabalho e ele apareceu. Eu entrei em choque, ele falou comigo, me pediu dinheiro, disse que estava devendo para uns caras e que era importante. Eu disse não para ele, mas ele insistiu, me segurou e Luke apareceu. -ela olha para as próprias mãos, se lembrando de quando Luke apareceu e a segurou- Malcon foi embora, eu corri para casa, Simon e as meninas já haviam chegado e eu tive uma crise de pânico. Corri para o quarto, me tranquei e... Surtei. -ela se encolhe mais e observa a cicatriz na mão- Soquei o espelho do quarto, foi assim que quebrou. -ela mostra a mão e Karen solta um soluço surpreso-
- Eu nunca reparei. -ela parece culpada e desolada-
- Luke... -ela tinha medo do quanto poderia falar sem entregar a realidade de sua história com Luke- Ele me ajudou naquele dia, mãe. E me questionou, mas eu não falei. Dias depois tivemos o primeiro domingo da família e Malcon estava lá quando eu e Luke fomos comprar sorvetes. Luke ficou irritado porque ele notou que Malcon estava me seguindo e tentou ir falar com ele, por isso eu contei a ele que aquele cara me seguindo era meu pai. Fiz ele prometer que vocês não ficariam sabendo. Nunca quis envolver ninguém. -ela passa as mãos pelos cabelos presos- Malcon voltou a aparecer algumas vezes, sempre pedindo o dinheiro e ameaçando procurar você ou vir aqui. Nunca quis envolver ninguém, mãe. Por isso ontem eu peguei o dinheiro que guardava desde que comecei a trabalhar e levei para ele. Ele... Ele me disse coisas que desencadearam sentimentos dentro de mim que já estavam guardados. Doeu como doía no passado, e eu só queria que aquela dor passasse. Por isso eu bebi. Funcionava quando eu era mais nova. -ela deu de ombros- Eu só tentei evitar tudo isso e fazer com que ninguém se machucasse.
- Você se machucou, filha. – Karen pega o braço marcado com os dedos de Malcon e respira fundo- Sempre fez isso, Maya. Aguentou por todos, sofreu por todos. -ela soluça novamente- Não é justo com você, filha.
- Eu aguento. -Maya fala e se aproxima da mãe, se ajoelhando em frente a poltrona e pegando nas mãos dela- Desculpa, mãe, mas eu não me arrependo de ter feito as coisas dessa forma. Eu preciso proteger vocês.
- E quem protege você, Maya? -Karen pergunta passando as pontas dos dedos no rosto da filha-

Maya queria responder que ela mesmo se protegeria, mas sabia que depois de ter se embebedado ontem, não era mais muito confiável. Por isso apenas se inclinou e sentou ao lado da mãe, afundando nos braços dela e aproveitando o melhor colo que já sentiu. Karen suspirou, beijou os cabelos da filha e abraçou fortemente pelos ombros, dando o carinho que Maya raramente pedia, mas que merecia. Ficaram ali por um bom tempo naquela posição. Depois de uma hora, Luke entrou em casa, sem Kat e observou a cena. Maya olhou para ele e ele retribuiu o olhar, querendo expressar o mesmo que ela. Estavam cansados.
Depois que anoiteceu, Maya ficou no seu quarto, ainda se sentindo enjoada pela ressaca, não quis comer. Era madrugada quando saiu do quarto, de pijama e desceu as escadas, planejando fazer algo para se alimentar. Achou alguns morangos na geladeira e se sentou na bancada, mastigando um deles enquanto esquentava água para fazer um chá. Ouviu um barulho na escada e virou o rosto para a porta da cozinha, vendo Luke parar no batente da mesma, usando uma calça de pijama e uma regata cinza, com os cabelos bagunçados e as bochechas vermelhas por ter acordado agora. Ele parou seus olhos nela e respirou fundo, apoiando o ombro no batente da porta e cruzando os braços.

- Já faz um tempo. -ele murmurou e ela sorriu fracamente lembrando dos diversos encontros na cozinha que os dois tiveram- Está tudo bem? -ele perguntou adentrando a cozinha e pegando uma caneca no armário, colocando ao lado da dela-
- Sim. -ela sussurrou e observou ele servir a água quente nas duas canecas com o saquinho de chá em cada- Não te convidei para o chá. – sua voz é leve e faz Luke sorrir divertido quando a entrega uma caneca-

Era estranho aquele relacionamento dos dois. Em uma hora, discutiam. Em outra, Luke consolava Maya. Logo depois discutiam de novo. E em outro momento, se tratavam assim, como se não houvesse nada de errado. Parecia que eles precisavam disso. Precisavam de uma dose um do outro para recarregar as energias. Sem discussões, sem farpas trocadas, sem choro. Só os dois por um tempo.

- Seus machucados já estão sumindo. -Maya comentou quando Luke se encostou na bancada, ao lado dela- Mas esse na maçã do rosto ainda parece bem marcado. -ela observou um dos cortes, o que parecia mais fundo-
- Acho que o cara usava um anel. Senti algo quando ele me socou. -ele murmurou e bebeu um gole do seu chá-
- Você não tem nem ideia de quem pode ter feito isso com você? -ela perguntou e Luke negou-
- Nem ideia. -ele murmurou e pegou um morango, mordendo- Você nem jantou.
- Não tinha fome. -ela deu de ombros e Luke observou seu rosto-
- Almoçou hoje? -ele perguntou e ela negou com a cabeça- Posso fazer umas panquecas. -ele se ergue, se desencostando da bancada, pronto para caminhar até o fogão, mas Maya toca seu braço para o impedir-
- Não precisa. -ela murmura o puxando e Luke olha para a mão dela, notando agora como havia ficado próximo dela-

Seus olhos desceram para o pulso dela, vendo os hematomas pequenos, as marcas dos dedos de Malcon. Ele toca a pele dela e engole em seco.

- Aquele desgraçado. -ele sussurra observando a pele dela e passa o polegar devagar pela mancha- Foi ele que fez aqui em cima também? -ele pergunta, subindo os dedos pelo braço dela até achar outros hematomas, mais fracos. Maya se remexe na bancada, sentindo um arrepio pelo toque delicado dele, mas assente-
- Esquece isso, Luke. -ela sussurra sentindo seu corpo amolecer quando ele desce os dedos pelo braço dela novamente-

Luke observa atentamente a pele arrepiada dela. Ele engole em seco, só agora notando que ao ser puxado, parou praticamente entre as pernas dela. Ele subiu a mão novamente, com os dedos roçando a pele do braço até chegar no pescoço. Maya lutava para não fechar os olhos.

- Você sente falta? -ele perguntou de repente, com a voz baixa e rouca-
- Eu tenho namorado. -ela sussurra de volta, desconexa, fechando os olhos e sentindo a mão dele tomar seu rosto-
- Não foi isso que eu perguntei. -ele aproxima o rosto, roçando os lábios na mandíbula dela- Sente minha falta? -pergunta roçando o nariz no pescoço dela e depositando um beijo na pele abaixo da orelha, sentindo Maya apertar sua camiseta- Eu sinto. -ele confessa no ouvido dela e Maya quase geme- Sinto tanto a sua falta que dói. Machuca. -ele murmura, puxando a coxa dela com a mão livre, os dedos apertando a carne dali. Ele então puxa os cabelos da nuca dela, afastando-se um pouco para olhar pra seu rosto delicado- Sente minha falta? -ele pergunta e beija seu queixo-
- Sinto. -ela confessa sem voz e é o que basta para Luke puxar seu rosto e colar seus lábios finalmente-

Foi como o primeiro beijo. Inesperado e intenso. Arrebatador e quente. Maya puxou Luke pelo pescoço e contornou a cintura dele com as duas pernas. Sabia em seu interior que era errado. Uma parte do seu cérebro lhe alertava e lhe lembrava de Vince, mas ela ignorava. Era inegável que ela nunca havia sentido isso com o namorado. Por mais errado que fosse, ela não podia deixar de aproveitar. Ela precisava daquilo. Sentia falta daquilo.
Luke não estava tão diferente, puxando o corpo delicado de Maya com tanta vontade que quase doía. Seus sentimentos confusos e embaralhados. Nunca quis tanto alguém como a queria.
Foi necessário o barulho da caneca arrastando na bancada para despertar os dois que se separaram prontamente, saindo daquela bolha que foi criada. Só então repararam que a caneca arrastou pois Maya estava praticamente deitada da bancada e a empurrou.
Os dois ofegavam absurdamente, se olhando. Maya se ergueu e desceu da bancada, o empurrando pelo peito para que se afastasse um pouco mais, para que ela passasse. Ela colocou as duas canecas na pia e apertou a mesma, respirando fundo. Luke, atrás dela passou as mãos pelo rosto, tentando acalmar as batidas do seu coração.

- Isso não pode acontecer. -Maya murmurou e Luke bufou- É sério, Luke. Eu tenho namorado, preciso respeita-lo, droga. -ela insiste virando o rosto para ele-
- Ok. -ele murmura, balançando a cabeça-
- Falo sério. -ela insiste e ele revira os olhos-
- Tá legal, eu entendi. -ele resmunga- Foi só... -ele engole em seco- Só um beijo. -ele sussurra, apoiando as mãos na pia como ela estava fazendo-
- Isso. -ela sussurrou e observou o rosto corado dele- Eu vou... Já está tarde. -ela se afasta quando sente seu peito apertar de vontade de se aproximar- Boa noite, Luke. -ela fala lhe dando as costas e saindo da cozinha-

Luke ouve seus passos da escada e suspira, abrindo um sorriso triste pela bagunça que sua vida havia se tornado.

*****

Oii, gente. Como puderam perceber, a quarentena está fazendo milagres e eu voltei em poucos dias hahahah
Também acabei escrevendo uma cena bem lindinha como puderam ver, apenas para agradecer toda a paciência que vocês tiveram comigo nos últimos meses. Notei que fazia um tempo que eu não escrevia uma cena daquelas de dar um chóquinho na barriga, então espero que tenha dado em vocês hahahahaha
Volto logo, ok? Votem e comentem bastante porque fico super feliz lendo os comentários!!

Better man (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora