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Luke não conseguiu dormir. Ele tentava convencer a si mesmo que era porque dormiu o dia inteiro. Ou talvez porque era a primeira noite de volta em casa. Ou talvez porque ainda estava assustado com a agressão que sofreu, mas lá no fundo ele sabia que não era por isso. O filme havia acabado, Simon e as gêmeas se arrastaram, sonolentos, para seus quartos no fim da noite. A casa estava silenciosa e escura, mas Luke não havia conseguido sair do maldito sofá.

Maya ainda não havia chegado.

Estava aí o porquê de ele não conseguir dormir. Ele se detestava por isso. Se detestava por afastar Maya de si, e ao mesmo tempo ainda ansiar por ela. Se detestava por causa da hipocrisia que aquilo significava. Ele se sentia um hipócrita. Um maldito hipócrita, egoísta e idiota. Ele havia acabado com tudo aquilo, ele a afastou. E agora ele que não conseguia dormir, pois sabia que ela estava com o outro. Ele a colocou nos braços de outro.

Ele olhou no relógio mais uma vez e suspirou. Se ela ainda não havia chegado àquela hora, ela não dormiria em casa. Ele se levantou do sofá, murmurando palavrões por conta da dor nas costelas e se arrastou para a escada. Foi ele subir o primeiro degrau que ouviu o barulho da porta se abrindo devagar. Ele se virou e viu Maya entrar na ponta dos pés, fechando a porta e se inclinando para tirar as sandálias. Quando ergueu o rosto e o viu na escada, pulou de susto, segurando um grito e então franzindo o cenho, zangada.

- Quer me matar do coração? -ela pergunta zangada e respira fundo, se encostando na porta. Luke segura o corrimão e inclina a cabeça para o lado, observando Maya- O que foi? -ela pergunta e Luke dá de ombros-

- Você demorou. -ele murmura e ela bufa-

- Bom, isso não é da sua conta. -ela abre um sorriso debochado e se desencosta da porta, subindo as escadas. Ela parou ao lado dele e observou seu rosto, olhando com pesar os machucados e hematomas que Luke tinha- O que aconteceu com você, Luke? -ela pergunta baixinho e ele suspira, captando a preocupação na voz dela-

- Boa pergunta. -ele sussurra, encostando-se no corrimão e ela fez o mesmo do outro lado- Está namorando, Maya? -ele pergunta e Maya hesita, desviando o olhar-

- Estou. -ela sussurra e respira fundo-

- O advogado? -ele pergunta apenas por perguntar, ele já sabe a resposta-

- Vince. -ela responde baixinho e ele suspira-

- Estava na minha cama há dois dias. -ele solta e logo depois se arrepende quando vê o ar surpreso que Maya tem-

- Não use esse tom comigo. -ela fala com a voz raivosa e baixa-

- Que tom? -ele pergunta-

- Como se estivesse me acusando de algo. Não fiz nada de errado, Luke. -ela se prepara para subir as escadas-

- Transou comigo dois dias atrás e hoje está namorando. -ele acusa e Maya se vira para-

- Eu vou subir agora, Luke. Antes que você continue falando merda para me magoar e depois se arrependa e apareça no meu quarto falando sobre o barulho que há em você. Sabemos que antes isso era rotina entre a gente. -ela sobe alguns degraus-

- Não pretendo mais fazer isso. Você tem namorado agora. -ele usa um tom sarcástico e Maya revira os olhos-

- Cale a boca, Luke. –ela pede e Luke solta um riso seco-

- Ou o que? Vai me dar outro tapa? O que foi aquilo, afinal? –ele pergunta e Maya se vira para ele-

- O que? Vai querer discutir isso agora? Isso realmente ainda importa? Você levou a droga de uma surra ontem, Luke. E quer realmente reclamar de um tapa meu? –ela pergunta descendo o degrau que havia subido-

- É, eu levei a droga de uma surra ontem e você sequer parece se importar. –ele fala-

- Eu dormi em uma poltrona no quarto de um hospital ontem, Luke. Você tem noção do meu desespero quando seu pai me falou que você foi achado inconsciente no meio da rua? Se Simon e suas irmãs não tivessem disfarçado, nossos pais teriam visto que eu sou... –ela se cala de repente e Luke ergue uma sobrancelha-

- Que você é...? –ele espera uma resposta e Maya hesita, desviando o olhar-

- Eu estou exausta. Eu não aguento mais me importar com você. –ela sussurra e se afasta- Eu estou namorando, Luke. –ela solta- Estou namorando um cara que quer me fazer feliz. Fique feliz pela sua meia-irmã. –ela fala com amargor na voz enquanto se vira de costas e sobe as escadas-

- Você não é minha meia-irmã. –ele fala e ela sorri debochada, se virado para ele-

- O que eu sou então? –ela pergunta e Luke se prepara para responder, mas se cala- Exato. –ela ri- Eu não sou nada para você. –ela volta a se virar, mas dessa vez Luke não fala nada para ela parar de caminhar-

Ele demora uns segundos para reagir. Pensa em subir para seu quarto, pensa em ir para o quarto de Maya, mas isso não faz mais sentido. Ele se vira e desce as escadas, caminha até a sala e se deita no sofá, encarando o piano e sentindo dores por todo o corpo. Seus olhos pesam, mas não tanto quanto o coração em seu peito. Ele também estava exausto.


*****

Está um capítulo minusculo, eu sei! Só não queria ficar mais tanto tempo se postar algo aqui. Estou passando por um grande bloqueio, em todas as histórias que ando projetando. Está sendo difícil, mas pretendo superar isso. Eu quero finalizar essa história até metade do mês que vem (novembro/2019) e isso vai ser MUITO difícil, pois ainda tem MUITA coisa para acontecer. Mas eu preciso fazer isso, pois em dezembro (como trabalho em shopping) será impossível escrever e em janeiro vou viajar com minha amiga. Preciso que isso aconteça até o final de novembro no máximo, senão vocês ficarão um tempo maior ainda sem histórias. Como sempre ando fazendo, peço a paciência de vocês e que não abandonem meus projetos. Vai valer a pena.

Better man (L.H.)Kde žijí příběhy. Začni objevovat