Better man (L.H.)

63.

Ter Luke de volta em casa foi mais fácil do que ele imaginou que seria. A rotina instalada era a mesma de antes. Todos acordavam praticamente no mesmo horário, sempre havia fila no banheiro, o café da manhã era sempre barulhento, com todos tentando falar ao mesmo tempo, discutindo ou rindo. Depois todos saiam ao mesmo tempo praticamente e então a casa ficava vazia.

Dias se passaram após o seu retorno. Luke já havia se acostumado com as dores e os machucados espalhados em sua pele. Havia se acostumado novamente com o barulho excessivo da casa e com a rotina.

Essa noite seria o jantar de aniversário das gêmeas. Todo ano era uma tradição. Normalmente, no dia do aniversário, Stefan fazia a comida favorita de ambas e toda a família jantava, para depois cada uma fazer o que quiser. No caso, Lauren gostava de sair com seus amigos e Becca com os seus. Mas Stefan fazia questão de que pelo menos no jantar, todos se unissem.

Karen e Stefan começaram cedo a preparar as coisas para o jantar. O plano era preparar uma lasanha com a ajuda de todos. Luke começou ajudando os dois, já que era o único que estava em casa. Maya ainda estava no trabalho e o restante na escola.

- Luke? –Stefan chamou em um momento e Luke ergueu os olhos, desviando sua atenção do tomate que cortava- Sabe alguma coisa sobre o namorado de Lauren? –ele perguntou e Luke hesitou, voltando a fitar o tomate-

- Pouco. Ele vem hoje? –ele perguntou-

- Não. –Stefan respondeu e Luke assentiu-

- Bom. –ele murmurou e sentiu o olhar de Stefan e de Karen sobre ele- Não vai durar, sabe? Daqui a pouco esse namoro já acabou. Não faz sentindo nós conhecermos alguém tão passageiro.

- Como tem tanta certeza? –Karen perguntou e Luke deu de ombros-

- Lauren não encontrou o amor da vida dela. Não ainda na escola. Não alguém que ela acabou de conhecer. Não é assim. –ele murmura-

- Você falando de amor... –Stefan comenta e sorri- Isso é novidade. –ele comenta e Luke revira os olhos- Ansioso para quando você trazer o amor da sua vida para um jantar da família. –ele comenta

- Cheguei. - os três escutam Maya gritar da porta- Vou tomar um banho e já desço para ajudar, ok? –logo passos na escada são ouvidos-

- O namorado de Maya vem para o jantar? –Stefan perguntou para Karen e ambos sobressaltam quando escutam o arfar de Luke ao cortar o dedo com a faca-

- Merda. –ele resmunga se levantando e caminhando até a pia para limpar o corte-

- Se machucou, querido? –Karen pergunta largando o molho que prepara e se aproxima-

- Estou bem. –ele resmunga e pega um guardanapo, enrolando no dedo que ainda sangra-

- Enfim... –Karen volta para o fogão- Maya não confirmou nada, mas me disse que convidou. –ela fala e sorri encantada- Parece que ele é advogado. Isso é tão legal. Minha filhinha namorando alguém sério e importante. –ela fala e Stefan sorri, enquanto Luke controla uma careta de nojo, voltando para o sua cadeira e pegando a faca novamente para continuar sua tarefa de cortar o tomate-

Logo Maya entra na cozinha, olhando de soslaio para Luke e então pegando uma tarefa também. Ela fica encarregada de ralar o queijo. Ela se senta junto a Luke na mesa e começa.

- Seu namorado vem, Maya? –Karen pergunta de repente e Maya hesita, passando o dedo pelo ralador e arfando pelo susto- Deus, como vocês estão desastrados hoje. –ela brinca e se aproxima da filha- Cortou? –ela pergunta e Maya nega, observando o dedo intacto- Então...? –ela pergunta sorrindo curiosa e Maya se concentra no queijo-

- Ele vem. –ela fala se controlando para não olhar Luke-

Ele, por sua vez, parece muito concentrado nos tomates picados, junto-os todos em um montinho e se levantando da mesa com a tábua de cortar em mãos.

- Terminei aqui. –ele fala com a voz mais séria do que gostaria e Karen sorri para ele, pegando a tábua de sua mão-

- Obrigada, Luke. –ela fala e ele assente-

- Eu vou buscar as crianças. –ele fala lavando as mãos na pia-

- Você consegue pegar o bolo também? –Stefan perguntou-

- Consigo. –ele diz pegando as chaves do carro-

- Se quiser, Maya vai com você para ajudar. –Karen sugere e Luke olha Maya por um segundo-

- Realmente não é necessário. –ele murmura com a voz fria, mas antes de sair, consegue ver o momento que Maya se mexe e ele consegue ver quatro manchinhas roxas logo acima do cotovelo dela. Ele hesita e estaca na porta, observando quando Maya, ainda distraída com o queijo, se mexe novamente, ocultando os hematomas- Na verdade... –ele fala e os três na cozinha olham para ele- Acho que vou precisar de ajuda mesmo. –ele fala e Maya assente, meio confusa, se levantando-

Ela lava as mãos e ajeita o vestido simples cinza que está usando, seguindo Luke que sai de casa. Quando ambos entram no carro que Stefan havia devolvido para Luke depois que o loiro retornou para sua casa, Luke liga o mesmo e encara Maya que o encara de volta, erguendo uma sobrancelha, como se perguntando o que ele tinha em mente. Luke manobra o carro para sair da sua vaga na garagem e quando finalmente saem da rua de casa ele finalmente fala.

- Quem fez isso no seu braço? –ele pergunta e apenas pelo tom sério e frio dele Maya sabe que ele não vai deixar essa pergunta de lado, mesmo se ela ignorar, como tem vontade de fazer-

- O que? –ela ao menos tenta, se fazendo de desentendida e Luke bufa-

- Estou falando sobre as marcas dos dedos de alguém no seu braço. Aquelas que estão roxas e que se você queria esconder, está falhando miseravelmente. –ele fala sem muita paciência e Maya hesita, descendo mais as mangas do vestido-

- Minha pele é branca demais, Luke. Qualquer pessoa que segura meu braço deixa marca. –ela fala e balança a cabeça-

Se Luke não a conhecesse tão bem, ele teria acreditado, mas ele soube pegar os detalhes. A voz afinando no final da frase, as mãos tremulas alisando os próprios braços, os pés inquietos se remexendo no chão do carro. Maya estava mentindo.

- Esse foi um bom argumento. –ele comenta e ela bufa, revirando os olhos mas parecendo aliviada- Faz parecer até que já havia ensaiado o que falar se questionada sobre isso.

- Cuide de sua vida, Luke. –ela resmunga, na defensiva e Luke suspira-

- Estou tentando cuidar de você. Tem algum problema nisso? –ele pergunta e ela olha para ele, mordendo o lábio inferior-

- Tem. –ela diz por fim e balança a cabeça- Já sou bem grandinha. Sei cuidar dos meus próprios problemas. –ela avisa e Luke aperta as mãos no volante-

- Espero que saiba mesmo. Espero que saiba o que está fazendo. –ele avisa e para o carro em frente à confeitaria, olhando finalmente para ela. Apesar das palavras duras que saíram de sua boca, Luke parecia apenas preocupado, receoso- Alguém apertou seu braço, Maya. Se tivesse sido um acidente, você não estaria mentindo para mim sobre isso. Não estaria tão na defensiva. Não quer me falar quem foi, tudo bem. Só esteja ciente que pode estar acontecendo algo com você. Algo que você já viu acontecer.

- Está insinuando o que? –ela pergunta hesitante e ele balança a cabeça, abrindo a porta do carro-

- Que eu não sou idiota. –ele finalmente sai do carro, fechando a porta com força suficiente para Maya sobressaltar no banco do carona-

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