76.

820 85 55
                                    

***Antes que comecem a ler, eu preciso dizer que esse é talvez o capítulo mais importante dessa história. Não foi um capítulo fácilde escrever, talvez tenha sido o mais difícil, mas eu o finalizei. É um capítulo grande, esclarecedor e forte. Gostaria de pedir que comentem bastante, e que não se esqueçam de votar. Espero que gostem!***

_________

Luke custou a dormir. Maya não teve um sono tranquilo, e ele ficou o tempo todo focando sua atenção dela. Quando finalmente ferrou no sono, já estava quase amanhecendo. Maya então acordou, a principio estranhando, mas logo recordando da noite anterior e de todos os acontecimentos. Ela se sentou na cama e observou Luke dormir com um braço estendido para o lado, onde ela dormia há alguns segundos, e com a outra mão sob a barriga. Ela observou a mão machucada e se encolheu, lembrando da cena aterrorizante que foi Luke em cima de Vince, socando seu rosto repetidas vezes. Maya caminhou ate a janela e observou o sol nascer pela fresta da cortina. Era ainda metade da semana e ela precisava abrir a lanchonete, mesmo que não tivesse cabeça para isso. Sentou novamente na cama e olhou Luke, pensando se o acordava para avisar que precisava ir embora. Passou a mão pelos cabelos dele e suspirou, observando o rosto sereno. Por fim, optou por não acorda-lo. Ela avisaria Margot se a visse e logo o encontraria em casa, já que ela não pretendia trabalhar. Se levantou e vestiu a saia que usou na noite anterior no bar. Tirou a camiseta de Luke, dobrando-a e a colocando em cima da cômoda antes de colocar uma blusa branca de Lauren que separou para colocar depois do banho, mas que trocou por uma de Luke no ultimo segundo. Pegou sua bolsa, seus tênis e saiu do quarto, fechando a porta com calma e descendo as escadas. Se sentou no ultimo degrau e calçou os tênis, vendo de relance Margot na porta da cozinha com uma xicara de café nas mãos.

- Bom dia, querida. -ela murmurou e Maya sorriu fracamente-
- Bom dia. -ela se levanta e caminha ate a mais velha- Eu preciso passar no trabalho. -ela comentou recusando quando Margot lhe ofereceu café- Margot, me desculpe por ontem. As coisas saíram do controle e eu não soube lidar. -ela murmurou e Margot sorriu-
- Não se preocupe, Maya. Sempre poderá contar comigo. -ela toca o rosto dela- Luke me contou  o que houve, e eu quero que saiba que tem todo o meu apoio, mas eu gostaria que vocês contassem para Stefan. Porque se essa bomba estourar, Maya, vocês vão precisar do apoio dele para lidar com as consequências. -ela sugere e Maya assente, sabendo que era verdade-
- Eu sei, eu... Eu vou conversar com Luke sobre isso.  -ela murmura- Quando ele acordar a senhora pode avisa-lo que fui para a lanchonete? -ela pergunta e Margot assente- Então já vou indo. -ela avisa e segura a mão de Margot- Obrigada, Margot. De verdade. -ela sussurra e Margot sorri-
- Eu sempre vou acolher vocês na minha casa. -ela fala e a abraça-

Quando parte, Maya pega o ônibus perto da casa. As ruas vazias e serenas acalmam um pouco o coração tenso de Maya. Beth liga para ela quando Maya entra na lanchonete.

- Amiga, escuta, Ashton só acordou agora e esta tomando banho. Vamos nos atrasar. -ela avisa e Maya coloca no viva-voz, solta o celular no balcão e vai ate a caixa de luz para iluminar a lanchonete.
- Tudo bem. Vou ajeitar as coisas aqui, deixar a chave com Josh e vou para casa. -ela avisa pegando a vassoura no caminho-
- Tudo bem, eu pego com Josh depois. -ela fala e suspira- Como você esta? -ela pergunta e Maya suspira também-
- Eu não sei. -ela murmura e começa a varrer- Sinto que estou bloqueando o que aconteceu da minha cabeça. Quando parar para pensar nisso, eu vou surtar.
- Eu sei. -Beth murmura- Acho que as coisas saíram do controle antes de percebemos. Eu não poderia imaginar que Vince é esse tipo de pessoa. Eu sinto muito, Maya. Por ter insistido em juntar vocês.
- A culpa não foi sua, Beth. Eu escolhi me envolver com ele. -ela rebate- Acho que estava tão focada em superar o Luke que apenas tentei me entregar para um relacionamento sem fundamento algum. Eu tentei me envolver, tentei confiar, mas algo dentro de mim me bloqueava para isso. Eu achava que era pelo o que eu sinto por Luke, mas talvez não tenha sido. Talvez eu já tivesse esse pressentimento de que algo de ruim aconteceria. -ela vai falando, varrendo a lanchonete-
- É, talv... -a ligação foi encerrada antes que Beth pudesse terminar a frase e Maya se virou, se deparando com Vince encostado no balcão com o celular de Maya nas mãos-
- Talvez... -ele murmurou desligando o celular de Maya e o colocando no balcão novamente- Será que a gente pode conversar? -ele perguntou apoiando os cotovelos no balcão e olhando para uma Maya congelada no meio da lanchonete-

Uma coisa era nítida em Vince: Luke havia acabado com ele. Vince tinha os dois olhos roxos, sendo que um deles estava com a pálpebra cortada e inchada. A boca estava com um corte fundo no canto e o nariz com um corte no meio, coberta com um band-aid pequeno. O rosto pálido de Vince tinha manchas fortes e chocantes de roxo e seu olhar frio parecia mais intenso. Ele nada se parecia com o Vince que Maya conheceu.

- Queria começar dizendo que nada do que aconteceu estava nos meus planos. -ele murmurou com a voz calma, parecendo estranhamente tranquilo- As coisas fugiram do meu controle. -ele balança a cabeça- Eu gosto de você, Maya. De verdade. -ele suspira e passa a mão pelo cabelo- Foi aí que as coisas começaram a desandar. Eu não devia ter me envolvido tanto. O plano era claro e simples. Eu tinha só uma função.
- Que plano, Vince? -Maya perguntou confusa e tensa, ainda congelada no lugar-

Vince sorriu fracamente, passando a mão pelo balcão, encarando a madeira lustrosa do mesmo. Parecia aéreo, perdido e atordoado. Maya estava cada vez mais tensa, notando agora que não sabia o que esperar desse Vince.

- Eu só precisava conhecer o lugar. -ele olhou em volta- Ver o movimento, a localização, o espaço. Era simples demais para o meu próprio gosto. Fácil demais, rápido demais. -ele riu bufando e balançando a cabeça- Mas então você apareceu, toda linda e gostosa naquele uniforme. Sorridente, bem humorada e com esse ar de anjo. -ele olhou para ela e sorriu carinhoso- Eu sabia que teria que lidar com você, fazia parte do plano. -ele deu de ombros-
- Que plano? -ela perguntou com a voz tremula-
- O plano do meu irmão. -ele suspirou, parecendo debochar do plano- Digamos que Elliot não perdoa dividas. -ele sorri- Não perdoou a minha, o próprio irmão dele. Não perdoou de Malcon, o melhor cliente dele.

Foi ali que Maya sentiu o impacto real das palavras dele. Ouvir o nome do seu pai sair da boce de Vince foi como levar um soco na boca do estomago. Maya demorou para reagir e digerir as palavras, procurando sentido, procurando uma resposta. Resposta essa que estava bem na sua cara. “Eles encontraram você”. A voz de Malcon aparece na cabeça de Maya e ela sente seus olhos arderem pela vontade de chorar, enquanto o ar some de seus pulmões.

- Seu pai é um idiota, sabia? Um inútil, um imprestável. E nós demos chances para ele. -ele bufou e sorriu- Foi divertido até. Ele procurando desculpas, se enrolando dentro das próprias tramoias. Até que ele admitiu que estava tentando conseguir dinheiro com a filha mais velha. Não foi difícil encontrar você, Maya. Malcon já estava de olho em você há um bom tempo. Elliot, meu irmão, adorou o plano. Ele queria se aproximar de você, fazer uma amizade, talvez colocar alguém trabalhando aqui para se relacionar. -ele lambeu os lábios fitando seu rosto, se erguendo e cambaleando para perto dela-

Ali estava o motivo de toda sua calma e palavras soltas: Estava bêbado.

- Mas estão eu vi você e o plano precisou mudar. Elliot já me queria nessa merda para perdoar minha divida. -ele se inclinou sobre ela e ela tentou se afastar- Eu precisei me envolver. -ele tocou o rosto dela, limpando algumas lagrimas- Eu me perdi dentro do plano que eu tracei. -ele engoliu em seco, agora com o semblante serio- E eu tentei sair, Maya. Tentei desistir. Aquele dia que estava com o olho machucado foi porque entrei em uma briga com Elliot. Eu quis sair. -ele tentou e passou o polegar pelo lábio inferior de Maya que parecia em transe, perdida em tanta informação- Eu fui um bom namorado, não fui? -ele perguntou de repente e sorriu, selando seus lábios nos dela antes que Maya virasse o rosto e tentasse o empurrar. Vince segurou seu rosto com força e sorriu, se aproximando- Eu fui um bom namorado. -ele afirmou- Falhei, eu sei. Eu devia ter mandado matar aquele filho da puta do Luke ao invés de dar só um sustinho. -ele riu e beijou a maça do rosto dela- Quem sabe com ele morto você teria aberto suas pernas para mim. -ele riu contra a pele dela, sentindo as mãos dela contra seu peito, o empurrando- Meu plano era ótimo, aliás. -ele parece lembrar- Eu faria o que meu irmão pediu, e de sobra ainda poderia ter algo com uma menina linda. -ele acariciou o rosto dela- O plano perfeito.

Tudo parecia se encaixar na cabeça de Maya enquanto ela tentava se afastar dele, se sentindo fraca.

- Uma pena que não tenha durado, né? -ele toca os cabelo dela-
- Você... -ela tentou falar e fechou os olhos com força- Era tudo mentira...
- Não, nunca menti para você. Sou mesmo advogado, tenho um irmão mais velho, eu só... Guardei algumas informações. -ele deu de ombros- Guardei que meu irmão mais velho vende drogas, guardei que seu pai deve para ele, guardei que as vezes eu uso algumas coisinhas... -ele riu quando Maya o empurrou com mais força- Até parece que você é santa, Maya.
- Deus... -ela sussurrou conseguindo se afastar-

Ela segue ate o balcão parecendo zonza, pega o celular e o liga, mas antes que a tela inicie, Vince já pegou o aparelho da sua mão e o jogou contra o chão, fazendo o mesmo se quebrar em pedaços.

- Chega de conversa, né? -ele sorri, passando o braço pela cintura dela, colando as costas dela em seu peito- Não tenho muito tempo, linda. -ele beija seu ombro- Preciso que abra o cofre para mim. -ele murmura contra o ouvido dela-
- Não há dinheiro nele. -Maya sussurra curvando o rosto para frente e soluçando-
- Esta mentindo. -ele sussurra de volta e Maya sente um cano gelado encostar em suas costas. Maya fecha os olhos devagar ao ouvir o barulho de uma arma sendo engatilhada-
- É serio. Não há dinheiro. -ela chora, sentindo seu corpo tremer sob o cano frio da arma-
- Abra para mim. -ele agora manda e agarra seu braço quando Maya se afasta bruscamente-

Ela o empurra de novo, com força e ele cambaleia para trás antes de se recuperar e erguer a mão para lhe dar um tapa no rosto, mas antes que ele possa de fato fazer, Maya ergue a perna e chuta o meio de suas pernas com força, fazendo Vince cair no chão. Ela não pensa muito quando o escuta grunhir de dor. Ela corre.
Pula seu corpo e segue rapidamente para a porta, tocando a maçaneta no exato segundo que escuta o tiro e ofega ao sentir o impacto.
Maya cai no chão, com a mão tocando o vidro da porta. Abre a boca para gritar, mas a voz não sai, enquanto sente algo quente na barriga e um liquido amargo invadir sua boca. Ela pisca, vendo pequenas luzes nos olhos e encara a rua vazia pelo vidro. Ouve abafada a voz de Vince, mas não com clareza.

- Não, não, não... -Vince sussurra largando a arma e colocando as mãos  cabeça- Não, Maya, não. -ele engatinha até ela, cobrindo o rosto com as mãos tremulas- Eu não queria. -ele murmura com a voz embargada e Maya pisca, tentando falar- Me desculpa. -ele se levanta e abre a porta, saindo correndo em seguida-

Maya engole o sangue na boca, grunhi em dor tentando se virar e escuta o sininho da porta ao ser fechada. Observa Vince entrar no carro dele e pisca mais uma vez, sentindo uma dormência invadir seu organismo.
Ela fecha os olhos e vê sua mãe, seus irmãos, Stefan e os filhos. Maya soluça, engasgando com o próprio sangue, pensando na família, na casa, e em Luke. Lembra que há uma hora estava nos braços dele, protegida e segura, como ele pediu.
Aos poucos, as imagens desconexas das pessoas que Maya ama vão sumindo da sua mente, como quando acordamos de um sonho, porém é diferente.
Maya não acorda do pesadelo dela.

Better man (L.H.)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin