_Ah! Nãooo. _ resmunguei e fiquei concentrado para não prestar
atenção no meu celular vibrando em cima do armário com o computador.
Tocou mais oito vezes e parou.
_Ótimo! _ tentei voltar ao meu sono profundo.
O celular vibrou tanto que escorregou e caiu no chão sozinho.
Levantei, cocei a cabeça e me abaixei para pegá-lo. Abri. Era um
número desconhecido.
_Alô?
_Alô. _ respondeu a voz feminina do outro lado.
_Quem é?
_É a mulher em quem você derramou bebida ontem.
_Bebida? Do que está falando? _ fiz uma careta. Minha cabeça
parecia que ia explodir. Olhei o relógio na cabeceira da cama marcando oito
horas.
_Não se faça de desentendido. Você me deu o seu telefone ontem
na promessa de que iria ressarcir meu vestido.
_Vestido? _ repeti para ver se lembrava. Eu tinha bebido tanto que nem conseguia me lembrar como saíra da festa.
_Vai me dizer que esqueceu?
_Para ser sincero... Sim. Perai, eu e você não...
_Eu e você nada. Shiii, pelo visto estava bêbado. _ ela resmungou.
_Quem é você para me ligar a essa hora da manhã?
_Como assim? A cidade já está acordada e na ativa!
_Olha só... Eu estava dormindo...
_Olha só você... Eu estava ontem saindo do banheiro quando você
derramou seu copo de bebida em cima de mim!
_O que eu prometi fazer? Te dar um vestido?
_É! Mas acho difícil que consiga, era de muito valor simbólico.
_E de quanto é o valor simbólico? _ perguntei, para ser mais prático.
_Não sei...
_Então, faz o seguinte, quando você souber quantos zeros tem o
seu vestido, me liga. Agora me deixa dormir. _ desliguei.Cai na cama e me senti duplamente culpado. Como eu não podia
me lembrar de nada? Ao mesmo tempo, que espécie de estúpido eu sou que derrama bebida na roupa de uma mulher e bate o telefone na cara dela?
Peguei o aparelho e redisquei o número.
_Alô? E aí? _ perguntei.
_Ainda estou digerindo sua estupidez. Você é um grosso mesmo!
_Desculpe. Desculpe. É que, poxa, você também me acorda a essa
hora da manhã.
_Onde posso encontrar você?
_Como assim me encontrar? _ perguntei, assustado com a idéia.
Não queria encontrar com aquela maluca.
_Se tiver alguma maneira nova de teletransporte para o vestido
aparecer na minha frente...
_Ah! Sim, não se preocupe, eu peço para alguém te entregar. Me dá
seu endereço. _ puxei um papel da gaveta do criado-mudo e apertei a tampa
de uma caneta.
_Eu não confio em você para dar o meu endereço. Nem sei quem
você é!
Ela não sabe quem eu sou? Repeti aquela frase mentalmente.
Então, ela não me reconhecera na festa? Claro, a máscara!
_Eu também não sei quem você é, lamento, mas eu não lembro. _
disse-lhe.
_Seu nome, então, para eu puxar sua ficha criminal.
Eu não sabia se ria ou ficava com medo, porque ela falou de
maneira tão séria que me deixou na dúvida.
_Acho que eu mereço saber isso. Você me acordou.
_Você ainda está pensando na cama? Já se passaram 15 minutos. Você não vai conseguir dormir mais!
_Ah! Muito obrigado por lembrar!
_De nada. Estou te falando, o mundo aqui fora já está a todo vapor.
Ela parecia andar de um lado para o outro, pois sua voz oscilava.
Se ela soubesse quem eu era, a que ponto tudo mudaria? Eu não
queria que ela me identificasse. Preferia assim, ficar no anonimato. Eu estava tão farto de ser bajulado que seu enfrentamento nem me causava a irritação
inicial.
_Qual é o valor simbólico do seu vestido? _ perguntei para alongar o assunto.
_ Minha mãe que me deu.
_ Esse é o valor simbólico?
_ Ora, você não tem nada que sua mãe te deu que não venderia,
nem trocaria por nada no mundo?
_Bom... Tenho, tenho um cordão.
_Um cordão? Interessante. Você está usando agora?
_Estou.
_Hum... E deixa eu imaginar. Você está aí com o cabelo arrepiado,
cara amassada e um péssimo hálito.
_Está me vendo por alguma câmera? Eu não conseguiria ser o
garoto propaganda de comercial de margarina.
Droga! Por que eu estava falando em comercial e câmeras se não
queria que ela soubesse que eu era ator? Eu deveria agir como alguém
normal!
_E você? Desculpe, mas não tenho como imaginar... _ falei-lhe.
_Quer tomar café da manhã? Ainda está em tempo.
_Claro! _ eu senti uma vontade tão grande de fazer aquilo. Que
loucura! Eu estava conversando com alguém que nem sabia quem era e que mudara bruscamente sua atitude comigo do ódio inicial para a simpatia.
_ Isso é estranho... _ confessei.
_Tomar café?
_Você sabe do que estou falando... _ falei sem graça. Por que
diabos eu estava bancando o idiota imaturo?
_Hum... Te ligo daqui a pouco. _ ela desligou sem mais.
Hei! Ela desistiu? Não! Hunf.
Mas eu ainda tinha seu telefone. Aquilo era sentimento de
adolescente inseguro. Briguei comigo mesmo e me levantei para escovar os dentes. Ela estava certa, o que eu ainda fazia na cama?
O telefone tocou novamente e eu corri para atender.
_Alô?
Era a Stella. Revirei os olhos. Disse-lhe que não era para marcar
nada até o meio dia e desliguei o mais rápido que pude. Ela não entendeu nada. Eu só não queria que o telefone estivesse ocupado.
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Love Headlines -
FanfictionCait é jornalista e cobre a vida das celebridades. Seu lema é correr atrás dos fatos, por isso, não desperdiça a chance de entrevistar o famoso ator Sam Heughan quando o encontra em uma lanchonete na beira da estrada. Para não espanta-lo, Cait decid...