29 - Caitriona

410 27 3
                                    

Sam levantou a cabeça e virou para o lado. Stella estava em pé, com
a boca entreaberta. Seus olhos fotografavam a cena com todos os closes possíveis.
_Desculpem... _ ela se tocou que tinha interrompido algo e a ficha
caiu. Procurou alguma coisa pelo sofá e achou seu celular. _ Sabia que tinha deixado aqui... _ mostrou-nos e sorriu. _ Eu já vou... _ caminhou de volta para a porta.
Sam abaixou a cabeça e fechou os olhos, eu franzi a testa e o
empurrei com as mãos no seu peito. Sentei e puxei minha blusa para baixo.
_Vai atrás dela, eu sei que quer fazer isso. _ disse-lhe. _ Vou beber
uma água. _ levantei e fui até a cozinha.
Olhei disfarçadamente para trás e o vi correndo sem camisa para a
varanda. Mordi o lábio inferior e esqueci a idéia da água. Caminhei com passos leves até a janela. Afastei a cortina lentamente e vi Sam segurando o braço de Stella. Depois, falou bem junto de seu rosto, tentava quebrar a frieza de sua expressão com desculpas.
Eu ri irônica e balancei a cabeça para os lados. Onde eu estava me
metendo, meu Deus?
Sam gesticulava agora com movimentos amplos e eu queria saber o que falavam. Cheguei perto da porta e fiquei ali quieta.
_Já que você decidiu ficar com ela, porque não a apresenta de vez?
É melhor, antes que comecem os rumores...
_Eu queria esperar.
_Hoje tem uma festa para ir. Leve sua nova namorada.
_Eu não sei...
_Não esqueça do seu trabalho! _ Stella olhou o celular _ Sete horas começa.
_Tudo bem.

Stella desceu os três degraus da varanda e entrou no seu carro. Sam encontrou comigo de braços cruzados próxima ao sofá e entendeu que eu tinha visto e ouvido toda a cena.
_Cait, eu disse que ia ser complicado.
_Você não quer tentar?
_Claro que eu quero! Eu não sei se vo-cê quer.
_Me pergunte.
_Quer ir hoje a festa comigo e mostrarmos que estamos juntos? _ perguntou.
Eu pensei um pouco.
_Vão estranhar muito. Será a história. Imagina, a jornalista que era a vilã do ator agora é seu mais novo caso. _ disse com a voz carregada de ironia.
_Não é um caso. _ corrigiu.
_Desculpe, estou pensando como jornalista e avaliando seu
histórico de relacionamentos superficiais.
_Eu não estou te obrigando a nada, Se não quer ir, tudo bem. É
o meu trabalho e você não precisa fazer parte desse mundo. Eu só quero que saiba que dessa vez não será superficial porque eu já estou mais dentro disso
que nunca!
_Eu vou...
_...Ãnh?
_Ora, eu vou. _ decidi.
Ele ficou sem saber o que dizer.
_Tudo bem. Quer que eu ligue para...
_Não precisa, eu vou me virar sozinha. _ respondi.
_Tá. Se é assim que quer... como faremos? Te pego na sua casa?
Você se arruma aqui?
_Eu posso me arrumar aqui. Vou em casa buscar uma roupa.
_Ok, então. _ Ele aceitou.
Assim foi feito. Quando entramos no carro em direção a festa, eu
comecei a sentir um ligeiro pânico. Era como entrar em um livro encantado de uma história fabulosa. Eu estava prestes a ser uma personagem e não
sabia se concorreria ao prêmio de coadjuvante. Respirei fundo. Sam segurou minha mão.
_Você está linda. _ falou no meu ouvido.
_Obrigada. _ sorri.
O carro parou e vi pelo vidro dezenas de flashes, fotógrafos se
acotovelando como grelhas assassinas do filme Resident Evil, A extinção.
_Pronta? _ Ele perguntou.

/

Quando cheguei em casa era um cinzeiro quebrado: roupa e cabelo
cheirando a fumaça e o corpo moído. Eu devera estar tremendamente feliz.
Sempre sonhei em estar no meio das celebridades,  Quando tudo virou realidade, eu desejava não ter ido. Preciso tomar um banho, deitar e dormir. Eu queria esquecer, mas eles não me deixariam! Na manhã seguinte, com uma boa xícara quente de café preto bem forte ao lado, abri o notebook e digitei no google meu nome e o
do Sam. Já havia vários sites anunciando nosso relacionamento como “o babado da vez”.
Fechei as páginas. Eu não estava pronta (e acho que nunca estaria)
para receber críticas tão ácidas de pessoas de quem nunca pedi opinião.
Terminei meu café e senti que precisava da garrafa inteira depois daquele
“Clipping” sobre mim mesma.
A campanhia tocou. Sorri. Seria ele querendo fazer uma surpresa
logo cedo? Olhei meu cabelo no espelho e conferi se meu rosto estava apresentável. Ajustei a roupa e abri a porta.
_Stella? _ franzi a testa e arregalei os olhos.
_Oi. _ respondeu segurando a alça da bolsa com a mão esquerda
com força, como se estivesse pendurada nela.
_Entre.
_Obrigada.
_O Sam pediu que a levasse até um estúdio onde ele está
fazendo fotos. Tem algum compromisso?
_Não agora.
_Vamos?
Eu até queria ir ver Sam, mas não com ela. Procurei forças e fui até o quarto me trocar.

/

Quando chegamos ao estúdio, sentamos em um sofá e ficamos a
espera da sessão de fotos terminar. Sam era garoto propaganda de uma
marca de jeans. Estava sem camisa e abraçado a uma modelo também sem blusa! Os dois interagiam naturalmente e sorrindo sempre. Será que Stella
queria me testar? Eu começava a sentir ciúme daquela moça de cabelos vermelhos comprimindo os seios contra o peito dele. Os dois faziam uma
cara de tesão, depois de enamorados, outra enigmática, olhares distantes...
Tantas poses sensuais.
_É de uma garota assim que a mídia quer. _ Stella comentou.
_Que bom. Porque eu sou o que o Sam quer. _ rebati com a língua
afiada.
_Mas você não quer aceitar se encaixar no mundo dele...
_Não há nada demais com isso.
_Pense como quiser.

Continuei olhando para ele, agora de zíper da calça aberto. Eu
levantei-me, não queria mais ver aquela garota se apertando ao corpo do homem por quem eu estava apaixonada.
_Que foi? Não vai ficar? _ Stella perguntou sorrindo em seu ar
triunfal.
Virei as costas e saí rápido da sala. Desci as escadas, caminhei em
qualquer direção na rua e sentei na praça desnorteada. Meu
celular começou a tocar. Eu sabia que era ele, mas não queria ver nem falar com mais ninguém. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não devia ser
realmente boa para ele.

Love Headlines - Место, где живут истории. Откройте их для себя