18 - Sam

438 35 5
                                    

_Sam... eu vou ter que sair. _ Karol apareceu na porta do
quarto. Ela tinha saído para atender o telefone e, pelo visto, não
parece ter recebido boas notícias.
_Aconteceu alguma coisa? _ perguntei.
_Acho que sim, Cait acabou de me ligar, disse que está passando
muito mal, vou pra lá.- contou-me muito preocupada.
_O que ela tem?
_Não sei! - disse Preocupada.
_ Eu te levo.- adiantei-me

A porta do elevador abriu e nos encontramos mais uma vez com as duas garotas que me viram entrar no prédio.
_Nossa, ele parece mesmo com aquele ator. _ uma delas falou.
Karol ia abrir a boca para contar a verdade, mas eu fui mais
rápido e coloquei o braço sobre seu ombro. Guiei-a para a saída.
_Meu carro está ali. _indiquei.
_Você estava fugindo delas ou foi impressão minha? _ perguntou-
me, quando eu já ligava o motor do carro.
_Para onde eu devo ir? Qual o caminho? _ perguntei, sem
responder-lhe.
_Desça essa rua até o final e siga em frente pela principal.
Continuei dirigindo calado. Será que Cait disse para a amiga que tive aquele ataque de pânico ou era tão evidente que eu estava fugindo daquelas garotas? Não quis perguntar, afinal, se ela não soubesse, eu acabaria sem
querer revelando. A mulher manteve o silêncio, o que era extremamente incômodo, pois parecia que faltava eu responder-lhe a pergunta ainda em
aberto.
_Às vezes, a gente quer viver a nossa vida pessoal e ser invisível.
Mas, no meu caso, não dá. O personagem e o ator se misturam. As pessoas acham que eu sou aquele cara que aparece nos filmes e na TV, Nunca vão me ver como um simples profissional que está fora dos estúdios. - disse-lhe e acho que ela entendeu que aquilo era uma espécie de explicação para a cena do elevador.
_Então, não pode negar que a matéria da Cait foi verdadeira. -   aproveitou para alfinetar.
_Não sei se eu contaria daquele modo, se fosse eu quem escrevesse. - tentei sair pela tangente.
_O que sente pela Cait? - foi direto ao ponto.
Eu ri. Estava acontecendo alguma coisa, a Cait era diferente de todas as mulheres que eu já havia conhecido, de verdade mas, não poderia dizer algo concreto sobre o que eu estava sentindo por ela.
_Não sei. _ dei de ombros e apoiei o braço na janela do carro contra
o vidro, cocei a testa com o polegar.
_Isso é preocupante. _ ela falou vagamente e suspirou, olhando
para frente.
_Eu não saber? _ franzi a testa.
_De certa forma. _deu de ombros.
_Como assim? _ perguntei, agora confuso de vez.
_Entre à direita. _ indicou-me com a mão. _ É melhor não falarmos
disso. É a vida particular dela. Não gosto de me meter.
Ah! Que ótimo! Ela fala um monte de frases soltas e depois me
deixar cheio de inquietações.
_ Engraçado falar isso._observei. _ Porque o que chama de "vida
pessoal" da sua amiga, no meu caso, é a minha vida profissional. O que nós dois tivemos foi.... _ tentei limitar para que pudesse entender que entre Cait e eu não havia nenhum enlace amoroso. A última coisa que eu precisava era que ficasse com uma imagem minha de cafajeste.
_Foi o ator ou o personagem que derrubou o vinho no vestido dela?
Foi o ator ou o personagem que a ignorou no seu aniversário?- perguntou-me, sendo tão especifica neste ponto que me deixara sem argumentos para
fugir, pois conseguira me fazer ver que eu estava errado.
_Foi eu, o ator.
_Como eu dizia, preocupante. _ reiterou.
_Vamos mudar de assunto? _ri, nervoso e constrangido. Agora era
eu que queria seguir seu conselho de não entrar em questões pessoais.

Parei o carro na frente do apartamento de Cait e Karol
perguntou-me, antes de abrir a porta, se eu iria junto com ela.
Pensei no ataque de nervos que Stella teria, argumentando que
seria uma pauta quentíssima para os jornais eu estar justo na casa da jornalista que se sentiu mal tratada na minha festa. Seria só uma “questão de vírgulas” para começarem a insinuar que tínhamos um caso. Mas, a voz do meu pai me mandando escutar meu coração me fez decidir.
_Vamos. - fechei a porta do carro e conferi se tinha ficado travada.
Coloquei as chaves no bolso de trás da calça e olhei ao meu redor,
conferindo se havia alguém.

A porta já estava entreaberta quando chegamos. Karol entrou no apartamento da amiga. Eu segui mais atrás com um pouco de cautela. Entrei por um estreito corredor de dois metros coberto por um tapete vinho. Um gato me olhou desconfiado e seguiu-me com a cabeça, quando passei por ele.
_O que você tem, Cait? _ Karol inclinou-se sobre o sofá. Colocou as costas da mão no pescoço de Cris para medir-lhe a
temperatura. _ Você está queimando de febre!
_Karol... Estou muito mal. _ ouvi o sussurro de Cait.
Cait virou o rosto para o lado e se deu conta da minha presença ali.
_Eu estou tendo alucinações? _ riu.
_É ele mesmo, você não está vendo coisas! _ Karol explicou.
_O que ele faz aqui? _ perguntou, como se eu não existisse ali.
_Depois a gente discute isso. Vamos para o hospital. Mas antes é melhor você tomar um analgésico. Onde você coloca?
_No armário da cozinha...
Karol deixou-me sozinho com Cait e ela olhou-me.
_O que ainda quer de mim?_ perguntou._ Já não basta eu ter
perdido meu emprego por você, por ter me metido na sua vida? Como eu sou burra!
_Toma, amiga. - Karol apareceu com o copo de água
e o comprimido.
_Como eu pude ficar tão mal? _ ela tomou e voltou a se deitar. _ Eu
estou enjoada... _ Cait virou o rosto para o lado e vomitou no tapete.

Descobrimos que o motivo de Cait estar passando mal era um forte
Gripe que pegara. Ela precisaria ficar de repouso por toda a noite em observação, pois necessitava permanecer no soro.
_Só pode ficar um acompanhante. _ a enfermeira comunicou-nos.
_Tudo bem. Eu espero lá fora. _ falei-lhes.
_Podereia me dar um autógrafo? _ a enfermeira perguntou
baixinho, tirando uma caneta e um bloco do bolso.
_Claro. _peguei a caneta.
Assinei o nome e fiz uma dedicatória.
_Obrigada, minha irmã não vai acreditar.
Sorri-lhe e caminhei para a sala de espera, que estava à
meia luz e apenas a recepcionista assistia TV.
Fiquei com a cabeça encostada na parede. Estava muito cansado.
Havia sido um dia e tanto.
_Quer ficar um pouco com ela? - Karol apareceu meia hora
depois, sentando-se ao meu lado.
_Será que ela vai querer?
_Isso é com vocês.

Love Headlines - Donde viven las historias. Descúbrelo ahora