12 - Sam

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Segurei a grade da varanda com força e abaixei a cabeça fazendo


uma careta de raiva.


_Gênio forte da garota, hen? _ ouvi a voz do meu pai atrás de mim.


Virei o rosto para o lado e o vi com uma xícara de café na mão,


olhando para o portão.


_Onde achou esta felina aí?


_Nem queira saber. _ cruzei os braços, estava com o sangue


fervendo ainda.


_Ah! Mas eu entendo muito sobre isso. _ ele sentou-se na cadeira e


puxou as pernas da calça para se acomodar melhor.


Sentei também ao seu lado calado, bravo.


_Como pode ela ser assim? _ perguntei em uma explosão de raiva e ele continuou saboreando seu café.


_Elas podem tudo, meu filho. _ disse expansivamente.


_Pode coisa nenhuma. _ bati o pé no chão com um ácido gosto de


vingança na boca. _ Ela vai ver só o que vou aprontar para ela.


_Vai reverter tudo contra si mesmo. _ advertiu.


_Ela pensa que pode falar comigo assim e depois vai embora e pronto? Ah! Ela não me conhece.


_Sam, meu filho, experiência de caso, eu brigava com sua mãe mais que dois lutadores no ringue e olha só, cá estão você e seu irmão como prova de que o melhor é usar a força do sentimento para o lado bom da coisa que é o amor.


_Amor? Eu não posso amá-la, mal nos conhecemos.


_Se já está assim afetado, imagine quando conhecer mais. _ riu. _


Como vai a vida, meu garoto? _ ele estendeu o braço e fez um afago na minha nuca.


_Tenho uns roteiros para ler, acho que vou começar uma série nova.
_Bom, isso é bom. _ deu dois tapinhas na minha coxa direita. _ Liga para ela depois.


_E entrar no joguinho dela? Nunca!


_Então, faz o que ela disse, esquece. Vou falar com sua mãe, vamos dar uma volta, ela quer fazer compras uns quadros.


_Tudo bem. _ continuei sério, olhando fixamente para o portão por onde ela tinha saído. _ Pai... _ chamei-o, antes que passasse pela porta da varanda para entrar. _ É bom ter vocês aqui.


Ele sorriu. Não demorou muito e eu entrei também.

(...)

_Aqui está o que me pediu. - Stella entregou-me um papel escrito


à mão. Eu estava molhado e os pingos de água do meu cabelo caíram em


cima da tinta. Sentei na cama enrolado com a toalha na cintura.

Stella abriu o guarda-roupa, Olhei-a enquanto escolhia a roupa que eu iria vestir.

Olhei para o papel na minha mão com o telefone do trabalho de


Caitriona, endereço de sua casa, e-mail e uma série de dados que excedia o que eu havia pedido a Stella para pesquisar.


_Eu quero que telefone para onde ela trabalha e peça para vir cobrir


a festa. Consiga um credenciamento para ela entrar.


_Por que ela? _ perguntou.


_Eu quero. _ respondi.


Stella se aproximou de mim e falou com aquela voz sinistra de


quem sempre pode prever o futuro.


_Os seus caprichos ainda vão te levar à queda, Sam
_Eu posso. _ falei-lhe, usando do poder que um dia ela colocou nas


minhas mãos.


_Você pode. Mas nem tudo que você pode lhe convém.


_Quero ela aqui, consiga isso.


_Eu não mando no trabalho dos jornalistas, querido. Existe um abismo que separa as nossas profissões. Eu sou tão jornalista quanto eles. Temos o mesmo diploma. Mas os assessores imploram e os jornalistas de jornais


decidem, são assim as regras do jogo.


_Use os melhores argumentos que você tem.


_O preço precisa valer a pena e qual é? _perguntou.


_É um segredo.


_Não existe segredo entre nós.


_Sim, existem muitos, Stella
_Se eu não souber o que se passa com você, não vou poder estar


preparada para as besteiras que vai cometer. _advertiu.


_Eu só quero ela na minha festa.


_Por que não escolhe um outro dia para trazer mais essa para sua


cama?


_Não fale assim comigo.
_Eu sou paga para te manter no topo e isso inclui eu falar como


quiser. _ disse entre os dentes, perdendo a paciência comigo. _Vão estar outros jornalistas aqui, as câmeras e os microfones estarão ligados e você quer trazê-la para o meio disso? Por que eu sinto que tem cheiro de vingança


nesse seu desejo de obrigá-la a vir cobrir a sua festa?

_Eu não falei em vingança.


_Está no brilho do seu olho.


_São ordens. _ finalizei.


Peguei a roupa em cima da cama e fechei a porta do banheiro.

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