7 - Caitriona

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Olhei a sala, cada canto, objetos, texturas. Tons de preto e branco,


quando não, metálicos. Aquele lugar era como a alma do único habitante da casa: sem calor, fria, calculada, medida, ordenada. Não havia portas-retrato, porque também não existia vida pessoal para ele.


Permaneci olhando para frente. Eu não conseguia ainda emitir


qualquer palavra depois do que acabara de ouvir. Quem sabe os leitores teriam o mesmo choque, quando soubessem que o ator que já fez mais de 30 filmes e 5 Séries de TV era só um garoto no corpo de um homem? Se meus dedos estivessem sobre o teclado agora não demoraria mais que alguns segundos para digitar a manchete.

"Sam Heughan: Eu tenho síndrome do pânico".

Virei o rosto para ele lentamente e encarei seus olhos azuis. As


sobrancelhas bem desenhadas, como feitas por uma costureira celestial que borda ponto a ponto os riscos Dourados, que terminam curvos no contorno final.


Os fios de cabelo dourados que lhe traziam uma áurea dourada e


ingênua.


_Se você disser qualquer coisa agora, ajudaria bastante. _ ele


comentou com humor.


_Não seria você que deveria dizer? - repassei a pergunta.


_Eu sinto pânico, um medo sem explicação. Bate uma ansiedade,


como se alguém estivesse me vigiando e esse alguém me persegue. Sinto que

meu coração dispara e eu perco a respiração. Às vezes, dá vontade de desmaiar também.


_Já procurou um médico?


_Não.


_Mas tem que procurar! _ disse-lhe enfática. _ Onde estão seus agentes? Eles sabem?


_ Eles não sabem e..... estou bem. _ ele me disse.


_Agora. Mas e poucas horas atrás?


_Eu não queria ter feito você passar por isso.


_Não se preocupe comigo. _ cortei-o.


_Nem comigo.


Nós ficamos de boca aberta, com o discurso interrompido até que


rimos.


_ Nunca pensou que estaria aqui na minha casa, falando comigo e


ouvindo esse tipo de história chata e infeliz, não é?


Eu não respondi prontamente. Ele estava realmente certo, eu não


poderia nem sonhar com esse encontro do destino.


_Pela sua cara não parece ser minha fã. _ observou.


_Ah! Não? Você acha que eu tenho cara de quê? De ser sua mãe? _


fingi que estava brava.


_Nãooo. Mas sinto em você um grau de seriedade.


_Sente? Como assim sente? _ franzi a testa.


Ele estendeu a mão e pegou a minha, apertou-a com força e


continuou segurando. O que ele estava sentindo? Por que estava me olhando tão fixamente? Não resisti e puxei a mão de volta amedrontada.


_Viu?_ perguntou-me.


_O quê?


_Você não consegue nenhum grau de intimidade. Existe uma

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