24 - Caitriona

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Deixei a bolsa cair sobre o sofá. Estava meio absorta. A imagem de Sam caminhando em minha direção não saía da minha cabeça. Esfreguei a mão na minha nuca por baixo do cabelo e respirei fundo de olhos fechados. A campainha do meu apartamento tocou.
Olhei para a porta por uns segundos. Quem seria? Franzi a testa e descobri através do olho mágico. Abri.
_Oi, amiga, você se esqueceu de mim, mas eu não esqueço de você! _ Lauren abraçou-me.
_Minha vida anda tão corrida... _ eu tentei desculpar-me, fiz sinal
para que entrasse.
_Se na redação a gente tinha tempo, sua vida deve estar um agito, hen? _ alfinetou.
_Desculpa... _ falei do fundo do coração e fiz uma cara de quem
sabe que tem culpa.
_Tudo bem, eu aceito um copo d’água como desculpa. _ ela
acariciou minha gata espreguiçada em uma almofada. _ Esse bicho está obeso, você está alimentando muito!
_Talvez... _ voltei da cozinha com a água. _ É que eu fico tanto
tempo fora que temo deixar comida de menos.
_O que anda fazendo tanto, mocinha? _ perguntou.
_Tantas coisas aconteceram... _ olhei para a janela à minha direita.
_Eu imagino. Você agora virou a confidente daquele gostosão... _
colocou o copo na mesa de centro. _... Muitas festas, muita badalação...?
_Não, não. Quem faz isso é a assessora dele. Pelo contrário, eu
estou mais no dia-a-dia dele como um cara normal... Conversamos muito.
Acredita que hoje eu entrei no quarto do Sam feito uma louca?
_Agarrou ele e...
_Não! _ revirei os olhos. _ Eu estava irada, porque a chata da
assessora falou que o livro era um passa tempo que não levaria a cabo de publicar. Aí, eu pirei e entrei sem bater, queria uma explicação...
_Eu lembro do seu lado explosivo.
Eu parei de dar mais detalhes, porque teria que lhe dizer sobre o
impulso de Sam em me beijar.
_Sabe que eu vi esse dias? _ falei, para mudar de assunto. _ O Dave.
_É? Mas, ele não viajou para longe? Pelo que me lembro de você ter
contado, namoraram por 2 anos e ele te pediu em casamento, você disse não e ele sumiu.
_ Eu estava no shopping, quando encontrei com ele de terno e gravata, junto com uma
criança. Nós nos olhamos e ele me reconheceu. Como o mundo dá voltas! Ele tem um filho e está casado.
_Bom, a tendência natural das coisas...
_É. _ abaixei os olhos e suspirei. _ Ele me falou coisas muito duras.
_Tipo quais?
_Ele disse que eu só pensava no meu trabalho e que isso me
tornaria uma mulher sozinha.
_Puro recalque!
_Ele está um pouco certo...
_Ahhh....
_É verdade! Eu não me arrisco a nada, tenho medo da minha vida
tomar um rumo muito diferente, quando ela continua sempre nessa linha reta, entende? Só agora enxergo isso!
_Só agora enxerga isso por quê? Por causa do que Dave falou ou
está acontecendo alguma coisa a mais que te levou ao quarto do Sam?
_Não! Eu fui mesmo lá ver a questão do livro!
_Hum.
_Juro.
_Tudo bem! _ levantou as mãos para o ar, em rendição.
_Droga! _ levei as mãos ao rosto e me levantei. Fiquei de costas,
com os braços cruzados.
_Cait...
Virei-me de frente para ela e senti que estava engasgada.
_Isso não podia ter acontecido... _ engoli em seco. _ ... Ele não é
para mim. Quero dizer, eu não sou para ele...
_Cait, você e o Sam...
_Eu e ele nada! Nunca houve nada. Eu não sei, depois dessa
manhã...
_Que droga aconteceu naquele quarto, você não vai me contar,
pox...
_A gente quase se beijou!
_Quase?
_É, quase... _ andei de um lado para o outro da sala. _ Ele veio
caminhando até mim e...
_Se você disser que fugiu...!
_Não... Eu fiquei ali parada, mas... a assessora chegou.
_Não acredito! _ Lauren deu um soco na almofada.
_Ela sempre aparece...
_Eu não acredito que você não beijou antes de ela chegar!
_Não, não! Lauren, eu não posso.
_Como não pode, garota? Você está com raiva, herpes, ou qualquer doença? Melhor, você deve está doente da cabeça! Não é o mendigo da esquina perebento, é o SAM HEUGHAN.
_Eu sei! Eu seeeeeiiii! Pensa que eu não sei? _ sentei-me em sua
frente. _ Acha que eu não sei mais que ninguém?
_Por que está tão descontrolada? Parece mais com medo que
apaixonada!
_Olha para mim, olha para onde eu moro, o que eu faço... A
imprensa vai fuçar a minha vida, eu vou ser o alvo de todos os julgamentos...
_Está preocupada com o que vão pensar? _ achou ridículo.
_Estou, estou, eu tenho o direito de não querer pagar esse preço!
_Continuo achando você maluca!
Ficamos em silêncio.
À noite, Lauren e eu fazíamos um sanduíche na cozinha quando a
campainha tocou.
Olhei em direção a sala e, ela, também. Larguei a faca que estava passando maionese no pão.
_Anda! O que está esperando? _ agoniou-se.

Passei a mão nas costas da calça para me livrar dos farelos e olhei
pelo olho mágico. A Loira da porta da cozinha fez uma cara de interrogação.
_É ele! _ sussurrei.
_Quer que eu me esconda? _ falou baixinho.
_Não! Vai parecer que você é meu amante!
Rimos juntas.
_Então?
_Fique lá na cozinha. _ pedi.
_Tudo bem.
Respirei fundo e abri a porta.

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