27 - Sam

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Stella franziu a testa em uma mistura de indignação e raiva:
_Como assim? Você está me expulsando?
Eu não respondi de imediato, tomei fôlego e oxigenei o cérebro.
Sabia que não seria fácil a tarefa de rearrumar a posição das pessoas em minha vida. Comecei por dizer-lhe que alugaria uma sala. Gostaria que Stella organizasse um escritório para receber os jornalistas e guardar materiais ao meu respeito. Criaria, com um isso, um ambiente de trabalho que não misturasse minha vida privada com a profissional.
_Eu acho que está sendo pouco prática... _ comentei.
Ela riu sarcástica, levantou-se e passeou pela sala com as mãos na cintura. Parou e me olhou fixamente quando pareceu achar mais um ponto
acusatório contra mim.
_Eu sempre fui objetiva e você não deu o devido valor! Prova disso
é o que está tentando fazer, me excluindo da sua vida. Como posso querer ser sua assessora sabendo sobre você através da Internet? Se é para isso, pode contratar qualquer uma... como a Caitriona, por exemplo.
Senti que estava alfinetando e querendo que eu incluísse a Cait na situação. Mas, eu não faria isso. Eu tinha prometido que não tocaria no nome dela. Fizemos um compromisso, à pedido da própria Cait, para não demonstrarmos a ninguém o que estávamos passando.
_Eu só quero reorganizar a minha vida.
_Você está tendo algum caso com aquela jornalista? _ perguntou,
agora sem rodeios.
_As decisões que tomo faço por conta própria. A posição geográfica não vai impedir o seu profissionalismo. Combinaremos horários para nos encontrarmos.
_Não me respondeu o que perguntei. Sabe que uma hora ou outra os jornalistas vão começar a me questionar...
_Diga a eles que estou sozinho. _ falei-lhe, sem explicitar se isso era
só uma desculpa, ou se de fato estava sem ninguém em mente.

Stella arrumou suas coisas contrariada e saiu com passos ruidosos. Eu não me levantei de imediato do sofá. Cait, que tinha ouvido tudo da cozinha, apareceu na porta da sala com os ombros encolhidos e as mãos no
bolso de trás da calça jeans.
_Não queria que fosse assim... _ ela aproximou-se e eu levantei.
_Tem coisas na vida que deixam arranhões quando as empurramos
de um lugar para outro. Não se preocupe, dará tudo certo. _ sorri. Contornei o desenho de seus lábios com meu polegar e sorri. _ Agora estaremos sozinhos e só vai existir você no meu mundo pessoal.
_Não estou acreditando. _ ela envolveu meu pescoço em um
impulso e me beijou.
Eu sabia que não seria possível protegê-la por muito tempo, mas,
quem sabe, não fosse o suficiente para estar forte o bastante a fim de encarar a evasão da sua intimidade.
Abracei Cait com carinho e beijei seu cabelo. Queria colocá-la em
uma redoma de vidro e escondê-la do mundo, mas para isso precisaria entrar junto na cúpula protetora.
Tive medo de perdê-la, temi que não conseguíssemos nem tentar,
mas não demonstrei nada disso. Não se deve anteceder os fatos. Que eu aproveitasse, então, o momento ainda seguro e longe dos flashs.

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