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♕ Há muitas flores em Choson • 6 ♕

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Clã Min

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Há muitas flores em Choson

Capítulo 6

Por rahgcr

O CORTE DA LÂMINA em meu ombro rendeu resultados piores do que o esperado. A pele ao redor ficou muito vermelha e dolorida, o que me impossibilitou de mover o braço por vários dias. Também não pude pedir ao médico real para examinar o local, pois ele relataria ao rei sobre o ocorrido e eu precisaria explicar como me machucara.

Por isso, contei com a ajuda de Hoseok para costurar e fechar a ferida. Tínhamos certa experiência nisso por causa dos combates em que havíamos nos envolvido no passado. Hyorin, por sua vez, sempre trazia compressas de ervas medicinais para tratar a inflamação e aliviar a dor.

Tanto a tentativa de envenenamento quanto a ferida pela espada impediram que eu prosseguisse comandando as investigações. Embora tivéssemos a pista de que a dama real desaparecida estava escondida da província do porto, impossibilitado de agir, só me restava aguardar que Hoseok encontrasse seu real paradeiro e monitorasse suas atividades.

E enquanto meu corpo fragilizado recuperava sua vitalidade, eu passava as tardes confinado na biblioteca real, buscando distração na literatura e, outras vezes, na companhia de alguém que eu não deveria desejar. Contudo, quanto mais tempo passávamos juntos, menos eu era capaz de pensar claramente.

"O que está lendo hoje?", Mirae parou do outro lado da estante, mantendo uma pequena distância. Diferente da apatia usual, seu rosto estava corado e o semblante, leve, o que significava que ela estava num dia bom.

Ergui a capa do Mengzi, escritos com os ensinamentos elementares de Mêncio.

"Mentiroso", ela sussurrou, deslizando os dedos pela prateleira de madeira. Começou a andar e eu fiz o mesmo do lado oposto, seguindo seus passos. Aquilo estava se tornando um hábito entre nós dois. Ela se movia e me arrastava junto, completamente enfeitiçado.

Ela tomou o livro da minha mão, revelando outro diferente escondido por baixo. Era a lenda popular de um espadachim da dinastia Goryeo, que nasceu agraciado com força sobrenatural, mas enfrentou uma morte trágica por relutar em cumprir a vontade divina. Minha história favorita.

Mirae me deu as costas, indo para os fundos da biblioteca. Fui atrás dela.

"A bondade é qualidade própria do coração humano; a justiça é a senda própria do homem", leu, folheando os escritos de Mengzi que roubou de mim. "Poético, não? Achar que todos somos bons por natureza e que precisamos desenvolver nossa virtude e sabedoria", escorou-se na parede, erguendo os olhos para mim. "Mas eu sempre tive dificuldade em acreditar nessa ideia".

"E qual é a sua opinião?", apoiei a mão na parede.

Mirae exibiu um pequeno sorriso.

"Que Mêncio era um utopista".

"Os eruditos o chamariam de visionário", discordei, dando outro um passo adiante. Sem se abalar com nossa proximidade, ela continuou falando, me encarando de igual para igual.

"Os homens apenas nascem maus, general Min. Tire a moral e os ensinamentos virtuosos e o que sobra?"

Toquei seu rosto, sem muito pensar, num movimento atrevido que surpreendeu nós dois. Acariciei a maçã de seu rosto e desci até seu queixo, tomando-o entre meus dedos. Mirae ofegou.