♕ Sob as sombras de Gyeongbokgung • 8 ♕

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Clã Kim

O segundo na linha de sucessão ao trono, Namjoon

Sob as sombras de Gyeongbokgung

Capítulo 8

Por MinSue91


NO INÍCIO É UM leve desconforto, uma pequena fagulha incapaz de incitar incêndios. Ainda assim ela o faz.

Ela cresce e crepita ao bater do vento. Você não percebe inicialmente, não se dá conta e, então, essa mera e insignificante sensação se torna um sentimento, daqueles frios, cortantes e dolorosos. A tristeza de algum modo te encontra, um lamento profundo que te lança a imersão de luto particular, solitário e dissolvente, depreciativo. Em dado momento, tudo se torna pesado demais para seu corpo enfraquecido, e é uma ação inconsciente quando você lança todo o peso de suas frustrações a outrem. Será mais fácil responsabilizá-los, mais prático e cômodo do que enfrentar os demônios auto impostos. Você se afoga em ira. Uma fúria desmedida e cega que é alimentada dia após dia mesmo que seja insaciavelmente incontrolável.

Nada é perceptível aos seus olhos corrompidos. Todos são culpados de sua desgraça e em nada há sentido.

Eles, todavia, estão vivendo suas vidas, cada um deles seguindo seu destino, mas cá estou eu, me destruindo, odiando tudo, rejeitando tudo, fingindo tudo e perdendo tudo, como areia fina entre os vãos dos dedos.

Mestre In tinha razão quando me alertara sobre o poder instintivo dos sentimentos humanos, e só agora percebo o quanto me perdi dentre os anos em que me abstive do 'sentir', o que fiz, entretanto, fora sentir tudo errado e mais intensamente do que o necessário, e saudável. Agora, enquanto recostado à janela de meu dongsaeng, ouvindo a conversa íntima entre meus irmãos, refugo as lágrimas que ameaçam rolar no canto dos meus olhos, não quero desmoronar, mas sinto-me quebradiço, não quero ser fraco, mas questiono-me se fui capaz de ser forte em algum momento de minha existência vazia.

Há uma dor latejante cortando meu peito. Feri meu irmão, derramei seu sangue, e esta será mais uma imagem para aterrorizar minhas noites insones. Mesclo a vergonha de sucumbir ao descontrole à sensação de impotência e indignidade de rogar pelo perdão, muito embora nunca tenha pedido desculpas, nem àqueles que me cercam, nem a mim mesmo. Deveria fazê-lo, mas permaneço recluso sob as sombras, escondendo-me feito menino acovardado ciente que a criança que fui, envergonhar-se-ia do homem que me tornei. Fraco e quebrado.

•••

O sol já despontava quando permiti que meu corpo se erguesse, observei a noite surgir e se despedir recostado na mesma parede, inerte feito águas de inverno. As sombras pouco a pouco começam a dispersar e sei que brevemente muito dos servos do palácio estarão circulando entre os espaços, privando-me da reclusão. Reparo na imagem distorcida que alcança as margens do pequeno lago e não há nenhum reconhecimento na figura que ali me encara, desconheço o homem a minha frente. Não conheço seu rosto, seus sonhos e planos, ele parece mais sozinho do que já esteve em toda vida, talvez, porque agora essa solidão pareça tão real que é palpável.

Não há sinais de que alguém tenha me procurado, não há nenhum recado com os guardas à porta, e até mesmo DakHo parece ter encontrado melhor mestre já que também não me aguarda obedientemente a espera de uma nova ordem.

Empire • BTSWhere stories live. Discover now