♕ A caminho do trono • 5 ♕

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Clã Kim

A história do príncipe herdeiro, Seokjin

A caminho do trono

Capítulo 5

Por HaeSoo_


YENA PARECIA ENCANTADA por cada coisa que via, seus olhos estudavam com atenção as barracas. Os dedos traçavam os contornos dos brinquedos expostos numa tenda, ela apreciava tudo com cuidado. Seguimos para onde as pessoas se aglomeravam, uma trupe de dançarinos logo começariam a performar, alguns homens já se posicionavam atrás dos tambores. Um senhor de cabelos grisalhos, sentado no chão, ensaiava os primeiros acordes no geomungo.

Os cinco dançarinos da trupe tomaram seus lugares, os tambores começaram a soar junto a melodia do geomungo. Os movimentos sincronizados capturavam a atenção do público. Yena mantinha os olhos vidrados em cada passo, apreciando cada movimento.

— Eles são bons! — A empolgação em sua voz era nítida.

— O reino possui ótimos artistas. — Mantive as mãos atrás do corpo.

Eu não sabia ao certo o que falar, meu objetivo era ganhar sua confiança, pelo menos o suficiente para que colaborasse comigo. Uma esposa não fazia parte dos meus planos, eu já tinha coisas demais para me preocupar. Ser rei é um fardo maior do que imaginam, todos os olhos estão sempre voltados para aquele que ocupa o trono; à espera de um deslize sequer, basta um erro e toda uma nação pode ruir.

Quando eu era criança, a vida no palácio parecia um sonho; tínhamos as melhores guloseimas, inúmeros brinquedos e o treino com o exército era divertido. A realidade me atingiu quando minha mãe me mandou para longe, com o objetivo de me transformar num guerreiro. Todos os meus sonhos infantis ruíram no momento em que ela me entregou ao general e foi embora sem olhar para trás.

— Majestade? — A voz de Yena me tirou de meus pensamentos. — O espetáculo acabou. Você parecia distraído.

— Desculpe-me, eu não a ouvi me chamando.

— Parece que mais algumas apresentações vão acontecer. — Ajeita a postura. — Se importa de ficarmos para assistir?

— Por mim tudo bem.

Então, permanecemos ali, vendo uma contadora de histórias que se decide por apresentar alguns mitos antigos. Em seguida, há um número com dança tradicional e Yena bate palmas animadas. Nunca a vi se divertir assim no palácio, pergunto-me se ela sequer seria capaz de ser feliz lá.

Quando as apresentações acabam, o público se dispersa. Tochas mantêm tudo iluminado, a movimentação nas barraquinhas é intensa. Aproximo-me de uma banca de comida, o cheiro de molho de pimenta logo me envolve. O vendedor é um homem que já parece ter atingido a meia idade, seus cabelos grisalhos estão presos para trás com um lenço bege surrado. Vários palitos com bolinho de peixe estão sobre um recipiente. Uma panela sobre o fogo, borbulha com o que parece ser macarrão; com molho de pimenta e carne de porco.

— O que você vai querer? — Virei-me para Yena.

— Bolinho de peixe.

Pedi bolinho de peixe e arroz para Yena. Para mim, pedi o macarrão. Nos afastamos da multidão, sentando sob as árvores onde deixei o cavalo, seria seguro tirar as máscaras ali. Sentados no chão, começamos a comer, o gosto do macarrão era melhor do que pensei.

— Isso é tão bom! — Yena usou a mão para tampar a boca. A satisfação estava clara em seu rosto. — Por algum motivo, essa comida de rua é melhor que os pratos refinados.

— Deve ser porque você não está acostumada.

Em batalha, não tinha muita opção do que comer, então qualquer coisa diferente me parecia o paraíso. Segurei o riso ao ver o modo como Yena estava enchendo as bochechas ao comer, no palácio ela não se portava assim. Claramente ela não tinha nenhuma intenção de me impressionar.

Viver junto dos inimigos não era nem um pouco fácil, ela era o símbolo da derrota de seu povo. Cada dia atrás daqueles muros devia ser desafiador, uma constante batalha para se manter em boas condições.

— Há muito tempo não faço algo assim. — Deixou o palito de lado. — Essas festividades são divertidas.

— Eles não precisam se preocupar com as regras tanto quanto nós. — Levei mais macarrão à boca.

— Ser da família real exige coisas demais — suspirou. — Tudo me cansa.

— Mais um motivo para você aceitar minha proposta.

— Não é tão simples. — Recostou-se em uma das árvores. — Temo pelo meu clã.

Engoli em seco, mesmo eu já tendo garantindo que seu clã não seria ferido, Yena ainda não acreditava. Eu não a culpo, éramos inimigos, nunca se deve baixar a guarda em situações assim. Se eu possuísse as habilidades sociais de Taehyung, tudo seria mais fácil. Esses pequenos detalhes me faziam questionar se o trono deveria me pertencer. Não fui agraciado com a inteligência de Namjoon; que me permitiria dialogar muito melhor com os reinos vizinhos. Nem tão pouco, o traquejo social de meu irmão mais novo; que me faria ganhar a simpatia do povo. Eu era simplesmente um guerreiro, bom em batalhas, perfeito para executar os que ameaçavam minha nação.

— Acha que eu faria todo esse esforço para prejudicar alguém que já perdeu? — Ergui a sobrancelha.

— Um bom adversário nunca se entrega.

— Não a quero como adversária, precisamos trabalhar juntos.

Yena teria que ser convincente por um curto período de tempo, após isso eu anularia nossa união e ela poderia voltar para sua família.

— Supondo que eu aceite, como vai enganar a família real?

— Sei como fazê‐los pensar que o casamento foi consumado. — Engoli em seco. — Tudo está planejado.

Bastava um simples furo no dedo e haveria sangue o suficiente para convencer a todos. Eu poderia dormir algumas noites no chão pelo conforto de Yena. Tudo seria de aparências até que eu fosse coroado.

— Por quê não quer se casar? — Seu olhar estava focado no céu estrelado.

— Por quê você não quer?

— Eu perguntei primeiro. — Encarou-me.

— Uma esposa irá exigir atenção e eu preciso focar em outras coisas. — Cruzei os braços. — Além do mais, você não me quer como seu marido.

— Isso não impediria nenhum outro homem. — Riu com desprezo. — Alguns ficariam felizes de ter uma esposa contra a vontade, esses me dão nojo.

— Eu jamais faria algo do tipo. É por isso que não quer se casar?

— A ideia de ser esposa do inimigo me parece assustadora. Não sei o que pode fazer.

— Nunca a machucaria. — Digo sério.

— Isso são apenas palavras. — Mordeu o lábio. — Podem mudar facilmente.

— Passamos um bom tempo hoje, não acha? — Yena assente. — Logo irá perceber que não sou quem você pensa.

— Eu espero mesmo que não me decepcione, Majestade. — Lá estava o tom de ameaça novamente. — Uma boa dama é sempre prevenida e eu, mais ainda.

Pelo menos fiz algum progresso, ainda tínhamos mais dois encontros, eu iria convencer Yena de que ser minha aliada era sua melhor opção.

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⏰ Last updated: Dec 26, 2020 ⏰

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Empire • BTSWhere stories live. Discover now