Capítulo 08 - Jeans

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Enquanto eu retirava as principais peças que poderiam ser boas opções para a festa, ouvi passos na escada e não demorou muito para que mamãe adentrasse meu quarto.

— Que milagre arrumando o guarda-roupa. — Constatou de forma incorreta meu ato de jogar todas as roupas sobre a cama.

— Infelizmente não foi dessa vez. — Brinquei. — Na verdade estou tentando encontrar algo para ir em à uma festa.

Rapidamente seus olhos se arregalaram e um imenso e branco sorriso preencheu seu rosto.

— Uma festa? — Perguntou e dessa vez tentava olhar as roupas que eu havia escolhido.

— É, Austin irá me levar amanhã. — Respondi. — Tudo bem?

Mamãe balançou a cabeça positivamente.

— Ele irá me buscar as dez. — Contei.

Não fazia ideia do que usar. Haviam duas possibilidades de vestidos, mas ambos faziam mais de dois anos que eu usara pela última vez, provavelmente nem serviriam mais. E ainda mais pelo fato de eu ter ganhado alguns quilinhos. Sem levar em consideração que eram formais demais para uma festa de adolescentes.

Encontrei uma calça jeans clara e rasgada que estava praticamente nova. Mamãe costumava trazer roupas de suas viagens quando viajava para fazer suas vendas de livro ou então dar palestras.

— É bem bonita, apesar de que a maioria das meninas estarão de saia ou vestido. — Opinou. — O que acha dessa camisa?

A camisa que estava em suas mãos era nova, ainda estava com etiqueta, a questão era que se tratava de um cropped de listras e eu não estava acostumada a usar aquele tipo de roupa. 

— Você deveria ir até o salão amanhã cedo, apenas para uma hidratação. — Sugeriu.

Pensei na possibilidade, mas não queria parecer desesperada por atenção. Queria ser eu mesma. Talvez um pouco bagunçada e desajeitada, mas ainda assim do meu jeito.

Enquanto papai preparava o jantar, mamãe e eu procurávamos por penteados simples. Mas então, decidi por fim que iria deixá-lo solto.

— Vamos fazer uma maquiagem bem bonita amanhã. — Afirmou.

— Nada de maquiagem. — Neguei. — Já irei estar com cabelo arrumado, quanto menos atenção eu chamar, melhor.

Ela bufou ao meu lado e abriu o sistema onde escrevia seu livro. Tentei espiar o que estava digitando, mas pela primeira vez não deixou que eu visse nada.

Cruzei os braços e a encarei com reprovação, escutando um risinho alto.

Papai chamou a nossa atenção batendo nas panelas, era a sua forma de avisar que o jantar estava pronto.

Ele havia feito algo com carne de porco e arroz. Não entendia muito como levava jeito para a cozinha, seus pratos eram muito mais gostosos e interessantes.

— Isso está muito bom. — Afirmei com a boca cheia de comida.

De repente mamãe largou os talheres sobre a mesa e me olhou de forma estranha.

— Amanhã será o aniversário do seu pai. — Avisou algo que eu havia esquecido. — E você tem outra festa.

E então me lembrei que havia combinado de ir em uma festa com Austin no mesmo dia do aniversário de quarenta anos de papai.

Fiquei triste comigo mesma por não ter o número de telefone dele para recusar o convite.

— Ah, mas vai começar as 19;30, que horas é a festa? — Papai perguntou despreocupado.

Não queria que ele se sentisse trocado no seu dia especial.

— As dez horas, mas posso desmarcar. — Afirmei.

— Mas é o Austin. — Mamãe contou e talvez tenha se lembrado que papai não sabia dos meus sentimentos, quer dizer, ele passara a saber.

— Você precisa ir nesta festa. — Papai falou animado.

Era estranho compartilhar algo assim e vê-los felizes por algo que parecia tão bobo. Sair com o cara que eu gostava, mesmo que não fosse um encontro de verdade e sim apenas um convite de colega.

Não queria que a nossa recepção juntos fosse igual o primeiro dia que ele decidiu almoçar comigo no refeitório. Provavelmente a maioria dos alunos começariam a inventar histórias para explicar o ato.

Lavei toda a louça enquanto os dois subiram para os seus quartos.

Amanhã seria um grande dia de varias maneiras. Mamãe contaria sobre a gravidez e com certeza surpreenderia todos.

E eu teria o meu primeiro "encontro" e iria para a minha primeira festa.

Quando você passa muito tempo gostando de alguém, é como se as coisas não importassem mais. Passei tanto tempo observando Austin de longe que agora parecia um sonho quase inalcançável me aproximar dele.

Ele desperta os meus melhores sentimentos e sorriso mesmo não sabendo, o que me preocupa profundamente.

O real problema é não estar preparada. É não conhecer. É não entender o que pode vir a acontecer. A minha única bagagem são coisas fictícias ou baseadas em outros relacionamentos, principalmente os dos meus pais.

Gostaria de causar uma boa impressão, mas não na tentativa de conquistá-lo ou algo do tipo. Mas apenas para estar bem e não fazê-lo passar qualquer tipo de vergonha.

 Mas apenas para estar bem e não fazê-lo passar qualquer tipo de vergonha

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As vantagens de não se APAIXONARWhere stories live. Discover now