Capítulo 29 - Flores

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Mamãe estava regando as poucas flores que haviam distribuídas em nosso jardim quando cheguei acompanhada de um amigo. Mark estava se afastando quando ela o encarou e ergueu as sobrancelhas em sinal de estranheza, como se quisesse o conhecer mas havia perdido a oportunidade.

— Quem era ele? — Perguntou curiosa, tentando ficar na ponta dos pés para vê-lo caminhar pela rua.

— Um dos melhores amigos de Austin. — Respondi indiferente. — Apenas andando atrás de mim para saber o motivo de ter negado ir ao baile com seu amigo e ter escolhido outra pessoa.

— Os meninos ainda fazem isso? — Perguntou revirando os olhos. — Achei que essa coisa de mandar os amigos falarem já havia ficado no passado, eles nunca aprendem?

Dei de ombros e adentrei nossa casa, ajudando-a carregar umas coisas que haviam ficado do lado de fora. Pelo que me parecia, ela havia feito algumas comprinhas sozinhas em um pequeno mercado de bairro que localizava-se próximo a nossa rua.

Sua médica havia deixado claro que realizar caminhadas fazia bem para ela e para o bebê. Segundo a mesma, auxiliava um bom encaminhamento de parto, principalmente se esse viesse a ser normal.

— Estive pensando... Você poderia convidar seu parceiro para o baile para jantar aqui antes da festa. — Sugeriu. — Podemos jantar nós quatro juntos e depois papai os leva até lá.

— Não sei se ele aceitaria. — Falei com dúvida. — Não nos conhecemos o suficiente para isso, talvez seja estranho.

— Ah... — Suspirou exausta com as mãos na barriga. — Você não leu nenhum de meus livros? Não assiste a filmes de romance? Já vi muitas vezes os parceiros do baile jantarem na casa dos pais da menina.

Sorri com sua insistência, se não fosse daquela forma não seria mamãe.

— Tudo bem. — Concordei. — Irei convidá-lo, mas não prometo nada.

Mamãe sorriu animada com a ideia e me mandou um beijo no ar.

Vasculhei meu celular na tentativa de encontrar o número de Kevin perdido por ali. E o encontrei na lista dos números adicionados recentemente. Precisei pensar algumas vezes sobre o que digitar para convidá-lo de uma forma que não parecesse tão forçada.

Ainda mais, porque somente agora havia me lembrado da ideia de Kate de que iríamos nós quatro juntos. Provavelmente eles passariam para nos buscar em minha casa.

"Minha mãe estava aqui pensando... ela gostaria de fazer um jantar antes do baile, o que você acha?"

Amélia

Olhei o celular por alguns segundos, mas desisti de esperar ao ver que não estava online naquele momento para me responder.

Horas mais tarde enquanto passava os olhos pelas palavras escritas de mais um romance de mamãe, meu celular apitou ao meu lado notificando que havia recebido uma mensagem. Minhas expectativas subiram lá no topo imaginando que finalmente Kevin teria me respondido, engano meu.

Passei meus olhos pelas escritas de Austin.

"Embora nossos caminhos tenham se separado, sempre lembrarei da menina que me tirou o sono."

Austin

Não iria respondê-lo. Não agora. Não quando ele poderia optar em dizer tudo aquilo me olhando nos olhos. Eu não era a responsável pelo nosso afastamento, não me sentiria culpada por isso.

Engoli o nó que aquela mensagem brotou em minha garganta, respirando fundo e contando mentalmente para que meu coração sentisse um pouco de paz. 

Eu era o meu foco. Eu sou o meu maior amor e não posso parar o mundo por um outro alguém.

Outra mensagem me fez querer jogar o celular na parede, mas assim que avistei Kevin na tela, cliquei rapidamente para obter sua resposta. Um belo sim.

"Ah, eu nunca recusaria comida de graça.... Brincadeirinha. Mas para mim está perfeito assim, diga que aceito o convite." 

Kevin

Desci a escada pulando os degraus rapidamente para contar a notícia para mamãe. Com certeza sentaríamos no sofá da sala e faríamos planos sobre o que seria servido no jantar. 

E lá estava ela, como o esperado. Sentada com seu notebook sobre o colo, digitando freneticamente suas histórias loucas. Seus olhos percorreram meu corpo saltitante até encontrar os meus que com certeza estavam brilhantes.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou confusa. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e seu semblante era de pura estranheza. 

— Kevin virá mais cedo para jantarmos juntos no dia do baile. — Respondi animada.

— Está falando sério? — Perguntou sorridente. — Você entende que tenho apenas três dias para planejar como será?

Ri do seu desespero e exagero que eu já estava acostumada.

— Mãe, somos apenas nós, quatro pessoas. — Respondi como se fosse óbvio. — Não ha muito com o que se preocupar.

Ela revirou os olhos com o meu comentário como se nada que eu houvesse dito agora fosse considerado importante.

— O que será que ele gosta de comer? — Agora não estava falando comigo, encarava seu computador e pensava alto sozinha. 

— Acredito que coma qualquer coisa. — Respondi dando de ombros. 

Seus olhos me fuzilaram como se eu estivesse falando mal de sua comida. E eu não estava. Todos lá em casa sabiam cozinhar da sua maneira, apesar de papai ser o melhor cozinheiro do local.

As vantagens de não se APAIXONARWhere stories live. Discover now