Capítulo 32 - Finalmente

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Virava-me de vários ângulos em frente ao grande espelho que havia em meu quarto. Analisava-me pela décima vez como havia ficado com o vestido azul, o qual havia escolhido há uma semana para o baile.

Não sei se foi pela quantidade de vezes que mamãe comentou sobre eu estar linda ou se era o fato de eu realmente estar encantada comigo mesma.

Eu gostava de mim. Gostava da imagem que refletia no espelho e eu nem precisava estar tão arrumada para essa sensação.

Me amar em primeiro lugar, fora o que aprendi com meus pais desde cedo. Antes de desejar que alguém me olhe e goste de mim, isso precisará partir de mim mesma. 

Lembro-me de ouvir papai e mamãe sempre falarem sobre o quão importante é olharmos para nós mesmos. O quão importante é saber nos colocarmos em primeiro lugar e a entender quais são as nossas necessidades. 

Normalmente quando se entra em um relacionamento, deixamos de fazer e realizar muitas das nossas vontades por conta do outro e não deveria ser assim. Deveríamos ter ainda mais vontade e motivação para realizar aquilo que desejamos. 

Deixar de ir para Yale para iniciar uma relação que eu nem sabia se poderia dar certo, seria uma completa e total burrice da minha parte, por mais que eu o amasse tanto que meu coração chegasse a doer.

Eu. Eu em primeiro lugar. Se fosse destino nos encontrarmos um dia e de alguma forma ficarmos juntos, isso somente o tempo iria dizer.

DIA 15

"A décima quinta vantagem de não se apaixonar: VOCÊ NÃO COGITARÁ DESISTIR DOS SEUS SONHOS POR ELE(A)".

— Kevin será o menino mais sortudo da noite. — Mamãe falou empolgada. — Não que as outras meninas não estarão maravilhosas, mas você é a minha filha.

Ela deu risada com sua frase, fazendo-me rir junto.

Faltavam poucos minutos para Kevin chegar em nossa casa, assim como mamãe havia prometido, iríamos jantar antes do baile.

— Como devo agir? — Papai perguntou para mamãe na cozinha. — Devo fingir ser um pai rigoroso?

Ri com sua pergunta, apesar de estar sentada no sofá da sala era possível escutar a conversa deles.

— Querido não a faça passar vergonha. — Pediu.

Ouvi a campainha tocar e enquanto eu me preparava para levantar por conta do vestido longo, papai fora mais rápido alcançando a porta.

Antes de dizer qualquer coisa papai o examinou de cima a baixo.

— Boa noite senhor. — Kevin foi o primeiro a dizer. — Sou o Kevin, o par do baile da Amélia.

— Boa noite, me chamo Derek. — Falou ao apertar a mão dele. — Entre, por favor.

Aquele jantar fora um início de noite muito agradável. Eu estava animada para o baile.

— Antes que eu esqueça, você está muito bonita. — Kevin sussurrou em um momento que nem papai e nem mamãe estavam por perto, fazendo-me sentir as bochechas arderem de vergonha.

— Obrigada, você também está muito bonito. — Agradeci e devolvi o elogio. 

De fato ele estava bonito e parecia muito com os meninos dos filmes de romance adolescente que eu costumava assistir.

Não nos aprofundamos muito em conversas sobre o futuro e assunto delicados, focamos em bastante risadas de piadas baratas e na gravidez de mamãe.

— Acho que já está na hora de levar vocês. — Papai comentou olhando o relógio em seu pulso.

Antes havia combinado com Cate de irmos nós quatro juntos, porém, um imprevisto de última hora fez com que ela e Josh fossem se atrasar mais do que o esperado, por conta disso, deixamos para irmos separados.

Estava ansiosa para o baile, estava ansiosa para encontrar Austin. Conseguia claramente vê-lo em meus pensamentos. Sentia um pouco de raiva de mim por conta disso, não era para eu estar pensando nele, quando havia um cara super legal ao meu lado, apesar de que não havia nada entre nós e sim, apenas duas pessoas que resolveram ir ao baile juntos na última semana de aula.

Kevin fez o gesto com seu braço para que eu o entrelaçasse com o meu, e assim adentramos o grande baile. Tudo estava escuro, mas com bastantes luzes coloridas vibrantes e globos prateados por todo o salão. Haviam muitos alunos nas pistas de dança.

Meus olhos pecaram ao procurar por Austin na multidão, porém a minha busca fora sem sucesso.

— Quer beber algo? — Perguntou Kevin. 

— Seria ótimo, obrigada. — Respondi, sentando-me em uma das mesas que haviam espalhadas ali.

Durante o trajeto de Kevin até a mesa onde as bebidas estavam distribuídas, vários outros alunos, seus amigos, esbarraram com ele, fazendo com que a bebida precisasse esperar, mesmo porque eu não estava com tanta cede assim.

Enquanto ele aproveitava para por o papo em dia, e acenavam para mim cada vez que ele apontava para a mesa onde eu estava e me mostrava para seus amigos, meus olhos esbarraram na porta de entrada onde Austin entrava. 

Austin não havia vindo acompanhado, pelo menos não de uma menina. Seu melhor amigo Mark estava ao seu lado, ambos com o terno bagunçado, e alguns botões da camisa social abertos.

Respirei fundo, tentando recuperar o folego que havia sumido e imediatamente mudei a direção do olhar, voltando minha atenção a Kevin que agora retornava com dois copos grandes de alguma bebida.

— Desculpe a demora, alguns amigos me pararam para conversar. — Desculpou-se. — Não queria fazê-la esperar.

— Não tem problema. — Respondi balançando a cabeça negativamente. — Obrigada.

Beberiquei o líquido que não consegui decifrar a cor, mas havia sabor de algo relacionado a uva. Provavelmente haviam feito algum suco ou misturado refrigerantes, mas o sabor era indecifrável.

Foram mais vinte e poucos minutos até que Cate e Josh chegassem. De fato os meninos do nosso colégio estavam muito atrás dele. A diferença era clara, tanto fisicamente, quanto psicologicamente.   

— Você ficou muito bonita com esse vestido. — Cate falou, ao me fazer levantar para que ela desse uma conferida no meu visual, fazendo-me ficar totalmente sem graça.

Eu não sabia dançar. Mas logo que uma música um tanto lenta começou, fazendo com que todos os casais fossem para a pista de dança, me senti sem saída quanto Kevin estendeu a mão para que eu o acompanhasse até lá. 

— Desculpe caso eu pise em seu pé. — Desculpei-me antes mesmo de cometer o ato.

— Eu também não sou nenhum profissional. — Ele brincou rindo.

Apoiei minha cabeça em seu ombro e dançamos próximos por alguns minutos. Fechei os olhos fortemente, assim que eles encontraram Austin parado bebendo alguma coisa, nos fitando. 

Havia mágoa. Havia dor. Havia desejo. Havia saudade. Claramente era possível enxergar tudo isso em seu olhar e a maneira como não desviava de forma alguma seus olhos dos meus.

X X X

Antes de qualquer coisa, gostaria de me desculpar pela ausência. Foram meses exaustivos de uma mamãe de primeira viagem, ainda mais após uma perda gestacional.

Foram momentos de alegria e tristeza. Aos poucos estou me encontrando novamente e conseguindo encontrar meu caminho na escrita.

O caminho que eu sempre fiz com muito amor e carinho.

O livro está acabando, mas para aqueles que o amam muito, estou preparando uma continuação.

Novamente, minhas mais sinceras desculpas.

Espero que gostem.

As vantagens de não se APAIXONAROnde as histórias ganham vida. Descobre agora