Capítulo 30 - Desinteresse

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DIA 13

"A décima terceira vantagem de não se apaixonar: VOCÊ NÃO FINGIRÁ DESINTERESSE CASO ELE(A) APAREÇA COM UM OUTRO ALGUÉM."

Não sei exatamente por qual motivo ainda estávamos frequentando o colégio já que as provas já haviam passado e agora apenas esperavam as notas daqueles que haviam ficado em recuperação.

Os professores mal ficavam dentro das salas de aulas. A maioria deles estavam confraternizando dentro da sala de reuniões e passavam uma vez e outra para ver se tudo estava em ordem.

Os alunos estavam preocupados em marcarem festas e contarem sobre como seriam as férias.

— Ansiosa para sábado? — Perguntou Cate.

— Não sei exatamente o que esperar. — Respondi dando de ombros. — Nunca fui ao baile do colégio e nem me imaginava ir com alguém, assim como Kevin.

— Iremos dançar muito e aproveitar nossas ultimas horas na cidade. — Falou alto, animada com o fato de que tentávamos entrar em Yale.

Durante os segundos que se passaram, ver Austin adentrar a sala com sua perseguidora amada grudada em seu pescoço, despertou um pouco de ciúme em mim. Primeiro que por mais pequeno que fosse, nós tivemos algo por poucos segundos.

Fingi desdém, tentando focar meus olhos ao lado deles, em um armário branco que havia no canto da sala, como se lá estivesse algo grandiosamente interessante.

Não conseguia entender em como Susan havia mudado de ideia tão rápido, uma vez que até duas semanas atrás ela estava querendo matá-lo com suas próprias mãos.

— Disfarce um pouco. — Lola pediu ao meu lado, encarando-os como se a qualquer momento fosse levantar de sua cadeira para atacá-los.

Sorri forçado voltando minha atenção para meu celular em cima da mesa.

— Não deveria dar esse gosto para ele. — Cochichou. — É óbvio que está com ela apenas para lhe causar ciúme.

Na verdade sabia que ela estava certa. Havia toda a minha certeza em suas palavras, já que eu havia presenciado a discussão deles. Ela não era nada, apenas mais uma em sua lista.

Não tínhamos o que fazer. Não tínhamos o porquê de permanecer ali. Agradecemos quando o sino bateu, avisando-nos que finalmente poderíamos ir embora.

Caminhei a passos lentos pela rua e ouvi um barulho de carro sendo acelerado, olhei com pouca vontade com o canto dos olhos e vi Kevin desacelerando ao meu lado, até estacionar definitivamente ao lado da calçada em que eu caminhava.

— Ei! — Me chamou sorridente. — Quer uma carona?

Olhei para os lados e voltei a encarar seus olhos. Não faria mal algum aceitar sua carona, principalmente porque seria mais interessante se passássemos mais tempo juntos, assim no dia da festa não seria um clima estranho.

— Tudo bem, seria bom. — Falei ao abrir a porta. — Obrigada.

— Na realidade... — Começou a falar. — Estava pensando, eu sou péssimo na cozinha e não tem ninguém na minha casa. 

— Então você gostaria de almoçar na minha? — Perguntei rindo, interrompendo sua fala.

Suas bochechas evidenciaram um tom rosado que poderia muito bem ter haver com estar sentindo vergonha.

— Minha mãe gosta de visitas. — Falei. — Ela adorará sua presença.

Ele sorriu e respirou fundo como se estivesse prendendo o ar desde que eu havia adentrado seu carro. 

— Senhora Grace? É um prazer revê-la. — Foi o que Kevin disse assim que adentramos minha casa e encontramos mamãe de costas cozinhando.

Mamãe bateu as mãos em sua calça para limpá-las, apesar de não mostrar sujeira alguma aos nossos olhos e abriu um gigantesco abraço.

Kevin me olhou um pouco assustado com a atenção, mas não demorou muito para alcançá-la e passar seus braços em volta dela também.

— Ah querido, a Amélia não me avisou que viria, eu teria preparado algo melhor. — Falou preocupada.

— Eu a avisei no caminho. — Falou despreocupado. — O que tiver com certeza está ótimo para mim.

Mamãe sorriu e me encarou com os olhos como se quisesse dizer algo, o que se passava pela minha cabeça era algo como "nossa como ele é educado", "querida, você não está vendo? Ele é perfeito". Ri com meu pensamento e recebi um olhar de interrogação de ambos.

— O que fez? — Perguntei para descontrair, vasculhando as panelas sobre o fogão.

Com os olhos encontrei macarrão e almondegas, ao lado na bancada havia o nosso mix de salada de sempre e pequenos pedacinhos de pães torrados.  

Quando menos esperava Kevin estava atrás do balcão preparando um suco de laranja natural em nosso espremedor. Sorri com sua atitude inesperada e alcancei os olhos de mamãe hipnotizados nele.

PARE DE IMPRESSIONAR MAMÃE OU ELA PLANEJARÁ NOSSO CASAMENTO, foi o que pensei ao arrumar a mesa.

Como mais um dia comum, papai não iria conseguir vir para casa em seu horário de almoço porque estava muito corrido o dia em sua loja. Portanto, estávamos nós três e o bebê prontos para almoçar.

— Nosso bebê ficou bastante feliz com sua visita, está agitado. — Mamãe comentou passando a mão sobre a barriga.

Kevin sorriu e me olhou. Seus olhos estavam intensos de uma maneira que eu nunca havia visto ou então não havia reparado.



As vantagens de não se APAIXONARWhere stories live. Discover now