As vantagens de não se APAIXONAR

Capítulo 27 - Atrás do vestido

A cada passo que dava até o portão de casa, apesar de toda a alegria de ter conseguido alguém e de não ir sozinha até o baile ou ter que ser acompanha por Austin e precisar esquecer mais alguns momentos "bons" ao seu lado, a única coisa que predominava em minha cabeça era meus sentimentos por ele.

Tentar fingir que o seu não, não estava me machucando se parecia uma tortura.

Às vezes era um pouco torturante vê-lo e com certeza pior ainda negá-lo para um momento tão "especial" para algumas meninas.

Me vi perdida ao olhá-lo nos olhos, ao ver sua expectativa e a sua vontade. O problema era eu não estava apenas negando o seu pedido, estava o negando em minha vida. Eu não poderia mais criar expectativas em relação a ele.

— Mãe? Nós precisamos ir até uma loja de vestidos. — Avisei ao sentar ao seu lado.

— Para? — Perguntou sem ao menos tirar os olhos da tela do computador.

— Baile. — Respondi.

Assim que a palavra baile saiu da minha boca, mamãe colocou o notebook de lado em cima do sofá da sala e me olhou em expectativas.

— Logo após o almoço iremos. — Avisou. — Já pensou em uma cor?

Não demorou para que levantássemos e fôssemos juntas até a cozinha para prepararmos o almoço que hoje seria para apenas nós duas. Papai precisaria ficar na empresa por conta dos trabalhos excessivos que precisava entregar.

Enquanto cozinhávamos contei sobre a cor azul que minha amiga sugeriu. No mesmo instante pediu que eu convidasse Cate para ir até nossa casa para conhecê-la.

Ela já estava animada com a personalidade dela e até mesmo com o seu "lance".

— Namoro a distância, sem ser definido como namoro. Essa história de amor daria um bom livro. — Mencionou feliz. — Você precisa trazê-la logo até aqui em casa.

Tudo para mamãe terminava em livros. Todas as histórias diferentes que chamavam a sua atenção terminavam em grandes romances.

Ela passou a esboçar varias formas diferentes de livros que poderia escrever.

Acabamos almoçando torradas com ovos e salada verde. Não estávamos com muita vontade de preparar algo extraordinário, mesmo porque estávamos ansiosos para sair e também tomarmos sorvetes.

Mamãe precisou descansar um pouco por conta do bebê, enquanto isso busquei um conjunto de moletom pelo tempo frio.

Após irmos em três lojas e ter minha paciência quase esgotada, deparei-me com uma loja nova na cidade. Provavelmente ela estava aberta há pouco mais de um mês. Sua faixada com cores fluorescentes me chamaram a atenção rapidamente.

— Vamos tentar mais uma loja. — Puxei mamãe pela mão e adentramos.

Enquanto caminhávamos em volta das araras de vestidos, não estava encontrando nada que me agradasse. Alguns pareciam antigos demais para uma loja nova estar vendendo como aquela que se mostrava tão moderna.

— Filha! — Ela me chamou com os olhos brilhando.

Estava segurando um vestido azul — graças a Deus sem nenhum babado ou armação —, com certeza um dos modelos que mais combinava comigo.

Assim que olhei para o meu reflexo no espelho dentro do provador, percebi que com certeza a aquela altura não encontraria nada à altura que me fizesse gostar tanto. Teria apenas quatro dias pela frente e havia deixado para a última hora, mesmo porque ainda não havia decidido se iria ou não.

Ele era de alças, longo e com uma grande fenda um tanto extravagante. Mas ainda assim era simples e sem muitos detalhes, da maneira que eu mais gostava.

— Perfeito! Você está linda! — Mamãe sorriu enquanto fazia-me dar a típica voltinha para que pudesse olhar cada detalhe.

Nós teríamos que voltar para buscar o vestido um dia antes do evento. Segundo a adorável moça que ficava no caixa, eles deixariam guardado para que ninguém o pudesse alugar mais.

— Agora, por favor, vamos comprar sorvete. — Mamãe pediu. — Esse bebê não está suportando mais.

O bebê, sei. Rimos ao adentrarmos uma sorveteria que ficava no fim da rua. Mamãe pegou um cascão com uma bola do seu sabor preferido que era menta com chocolate e também de morango.

Eu, pelo contrário escolhi a de morango e também a de chocolate. Clichês de sabores que sempre permaneciam em minhas escolhas.

Analisávamos as pessoas do lado de fora. Estava um pouco distraída quando percebi Kevin caminhando na calçada.

— Aquele é o meu par para o baile. — Apontei mostrando.

Mamãe o analisou e franziu a testa.

— Achei que era o Austin. — Comentou. — Mas ele é bem bonito também.

— Eu convidei Kevin mais cedo. — Contei.

Novamente sua face demonstrou surpresa, talvez estranhando a minha coragem ao convidar um rapaz para o baile.

Não demorou para que ele adentrasse a sorveteria de mãos dadas com uma menina pequena. Ela era bem parecida com ele, os traços da face eram semelhantes. No seu cabelo haviam vários amarradores coloridos.

Não quis olhá-lo para que não notasse minha presença. Porém, mamãe rapidamente virou a cabeça para encara-lo e acenou.

— Mãe! — Chamei sua atenção.

— Ele está vindo. — Mamãe avisou rindo.

Senti minhas bochechas queimarem e poderia facilmente afirmar que estavam vermelhas.

— Olá Amélia. — Kevin falou sorridente e automaticamente a menina que estava com ele sentou ao lado da minha mãe.

— Oi Kevin. — Falei sem fôlego. — Oi mocinha.

A menina apenas piscou os olhos rapidamente e sorriu enfiando mais uma colher de sorvete na boca.

— Essa é a minha mãe Grace, este é meu amigo do colégio Kevin. — Apresentei-os.

— É um prazer finalmente conhecer a senhora. — Deus, ele havia beijado a mão dela.

Mamãe sorriu e ergueu as sobrancelhas olhando para mim demonstrando surpresa.

— Nós fomos escolher o vestido do baile hoje. — Mamãe contou a ele.

— Estou bastante ansioso para vê-la no baile. — Comentou ele charmoso, como se fosse um hábito falar daquela maneira.

Durante a conversa deles, parei para pensar se Kevin sempre fora assim, já que não tínhamos o costume de conversar. Então, a minha maior dúvida era o fato de ele ser tão charmoso e educado, totalmente diferente de Austin.

Merda. Por que não consigo ficar algumas horas sem pensar nele?