As vantagens de não se APAIXONAR

Capítulo 19 - Parque de Diversão

Quando sentamos um ao lado do outro, comendo juntos pela primeira vez um saudável almoço com purê de batatas, strogonoff de carne e arroz. Haviam dois sucos de caixinhas no sabor morango ao lado de nossos pratos.

— E então? O que está achando do nosso encontro? — Perguntou curioso. — Infelizmente não pude trazer nada de fora para almoçarmos.

— Valeu o seu esforço. — Respondi. — Está tudo ótimo.

E de fato estava tudo ótimo. A comida era preparada por mulheres que transbordavam amor e gentileza, nunca havia comido uma sequer refeição que não estivesse boa o suficiente.

Havia reparado que a primeira coisa que havia acabado em sua bandeja havia sido o purê, por conta disso notei varias encaradas dele na minha bandeja.

— Você quer mais um pouco? — Ofereci.

— Ah não, claro que não. — Balançou a cabeça.

— É que eu não gosto de deixar comida no prato. — Menti, de fato não gostava de deixar comida, mas naquele momento estava com fome o suficiente para comer tudo que havia ali, mas não me importaria de dividir.

— Tem certeza? — Insistiu com os olhos brilhando.

Passei mais da metade do meu purê para ele, o que atraiu olhares de varias pessoas, principalmente de seus amigos que chegaram a assoviar.

Encolhi-me na cadeira sentindo as bochechas arderem.

— O que você tem? — Perguntou ao tocar minha mão. — Está quieta.

— Como eu disse, nunca tive um encontro e não sei exatamente o que fazer. — Expliquei. — E também tantos olhares, não sei como agir diante de todos.

Nossos dedos se entrelaçaram e senti o carinho do seu polegar em minha mão.

— Nós  estamos em um encontro onde somente nós dois importamos. — Contou. — Esqueça os outros.

Era estranho tentar colocar na minha cabeça que aquilo tudo eram encontros. Quando você pensa em ter um encontro com alguém — talvez na minha percepção — espera que seja em um local mais discreto, de preferência sem pessoas conhecidas em excesso por perto que possam atrapalhar qualquer coisa que venha acontecer.

Quando ele puxou a cadeira para que eu me sentasse na sala de aula após termos terminado o almoço, os meninos que nem eram seus amigos próximos bateram palmas. Enquanto as meninas tinham os olhos vidrados e brilhosos em sua direção, cochichando algo sobre seu cavalheirismo.

"Sei de um lugar incrível para irmos hoje à noite."
Austin

Meus olhos percorriam a tela do meu celular onde uma mensagem empolgante de Austin me esperava.
"Um lugar incrível que toda garota deseja ir com um garoto."
Austin

"Esteja usando uma roupa confortável, de preferência uma bermuda ou calça."
Austin

Pela minha cabeça se passaram varias ideias do que ele poderia estar organizando. Tentei imaginar qual era o sonhos dessas "garotas" que ele havia citado na mensagem. Será que os meus sonhos também estavam envolvidos nessa contagem?

As tentativas de parar meus pensamentos e tentar focar na professora que tentava a todo custo chamar a atenção de seus alunos fora falha. Estava ciente que naquele dia eu não conseguiria pensar em mais nada.

Quando Austin me deixou na porta de casa com a promessa que voltaria mais tarde. Corri empolgada lá para dentro tentando encontrar por mamãe. Ela estava com seu notebook no colo como de costume e uma barra de chocolate branco em uma das mãos — detalhe: ela odeia chocolate branco —.

— Não me olha assim! — Pediu. — Foi o bebê quem pediu.

Ela revirou os olhos apontando para a barriga. Eu ri com a sua desculpa e dei uma pequena mordiscada em seu chocolate, recebendo um olhar reprovador dela.

— Vou sair com o Austin mais tarde, tudo bem? — Perguntei ansiosa pela sua resposta.

— Se estiver tudo bem para você. — Deu de ombros. — Onde irão?

— Na verdade eu não sei. — Respondi. — Ele falou que é um lugar que toda garota sonha ir com um garoto.

Mamãe começou a tentar adivinhar, de acordo com os lugares que gostava de frequentar quando era adolescente.

A ajudei a escolher novos nomes para seus personagens de um novo livro. Era uma história mais adulta sobre uma mãe solteira que havia escondido a verdade de seu filho.

Ah, eu amava participar daqueles momentos com ela.

Quando papai chegou, eu estava terminando de passar um gloss de pêssego nos lábios. Mamãe havia feito uma trança em meu cabelo. E havia escolhido uma jardineira curta jeans.

O cheiro de frango frito estava pela casa inteira. Mamãe preparava uma bandeja generosa com molho picante, assim como o pote que comprávamos da lanchonete da esquina.

— Meu prato preferido. — Papai berrou largando sua pasta sobre o sofá. — Onde você vai assim toda arrumada?

Beijou o topo da minha testa e logo em seguida observou a roupa que estava usando.

— Irei sair com Austin esta noite, é tipo um encontro. — Contei envergonhada.

Ele piscou algumas vezes sem dizer nada e correu até a cozinha paparicar mamãe e meu irmão.

Estava se tornando um hábito agir como se fosse um menino que estivesse naquela barriga. Sabia que era o sonho de papai um companheiro e eu torcia para que fosse mesmo.

Quando a buzina soou lá fora indicando que meu amigo tinha chegado, participei de uma rápida conversa sobre me cuidar e me valorizar diante de um garoto.

Meu pai quem abriu a porta e acenou rapidamente para Austin que se encontrava encostado no carro com a porta aberta para mim.

Ele usava uma camisa preta com desenhos de tartarugas e uma calça jeans. Não parecia ter precisado de muito tempo para se arrumar assim como eu. 

Assim que seus olhos alcançaram os meus um grande sorriso apareceu em seus lábios.

— Você está linda. — Elogiou, depositando um beijo estalado em minha bochecha.

Sorri sentindo minhas bochechas quentes.

Aos poucos enquanto dirigia seu carro para longe, percebi que nós estamos indo para um bairro vizinho do meu. Não tinha o hábito de frequenta-lo muito. Talvez eu tivesse visto uma ou duas vezes no máximo por conta de um parque de diversão fixo que havia ali.

E era para lá que estávamos indo. Conclui isso quando adentramos o imenso estacionamento deles.

Uma luminosa e enorme roda gigante chamou a minha atenção.