Capítulo 25 - Me beija?

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Não entendo como algumas situações podem se tornar tão constrangedoras ao ponto de você não conseguir dizer uma única palavra.

Sentada ao lado de Austin, meu primeiro e único amor até então, eu só conseguia pensar no nosso beijo e em como havia sido único e especial.

Por mim, cada momento daquela noite poderia acontecer mil vezes novamente.

— É tão estranho não falar com você agora. — Sussurrou ao meu lado.

— Você quem escolheu assim. — Falei ríspida. — Havia muitas formas de você desistir de algo que nem existe sendo um bom homem, não precisa simplesmente se afastar como se eu fosse morrer com a sua presença.

De fato eu sentia que estava morrendo às vezes, mas a realidade era que eu me amava mais e era a minha própria prioridade em minha vida.

Um silêncio predominou-se, mesmo que ele já estivesse estacionado o carro em frente à minha casa.

— Hoje eu conheci o "lance" da minha amiga e eu só desejei que você fosse o meu lance e que fosse metade do que Josh é. — Contei. — Eles estão juntos há dois anos e ele faz faculdade em Yale. E quer saber? Cate não tem olhos para nenhum outro cara.

Respirei fundo olhando seus olhos.

— E você! — Apontei. — É apenas um menino que não sabe o que quer, porque é assim, quem quer arruma um jeito, quem não quer arruma desculpas e é isso que você sabe fazer.

Estava prestes a colocar o pé para fora de seu carro. A porta já estava aberta e meu único desejo era sumir dali. Meu quarto com certeza seria meu refúgio. Mas antes que pudesse tomar qualquer atitude, senti uma mão segurar meu braço. Não havia força ali, havia cuidado no toque.

Rapidamente encarei seus olhos que não olhavam na mesma direção dos meus. Seu olhar estava concentrado em uma região abaixo do meu nariz.

— Me beija logo, por favor. — Supliquei ao senti-lo tão perto.

Essa era a minha necessidade: encontrar seus lábios.

Não houve sequer uma hesitação. Simplesmente sua mão que antes se encontrava no meu braço, agora havia subido para o meu pescoço e buscado meu corpo para mais perto. Meus olhos estavam fechados e eu não sabia exatamente o que esperar, até que seus lábios se chocaram com os meus.

Existe uma fração de segundos na qual não se espera muita coisa. Mas desde o início do beijo, do sabor de chocolate que provavelmente seria atribuído a alguma bebida da lanchonete. Dos movimentos da sua língua que percorreram cada centímetro da minha boca. Tudo em pura sincronia, havia sido perfeito.

Eu poderia fazer isso para sempre.

Quando a falta de fôlego falou mais alto para ambos de nós, desconectamos nossas bocas e colamos nossas testas. Nossa troca de olhar dizia muita coisa que não estava sabendo decifrar direito agora.

— Não some, por favor. — Pedi.

— Não vá para Yale, por favor. — Pediu.

— Você não pode querer acabar com um sonho meu. — Sussurrei e abri a porta. — Eu não te peço para mudar nada caso queira tentar ficar comigo.

Bati a porta do carro — não com força —, mas sai pisando duro na calçada até atravessar a varanda de casa e finalmente abrir a porta. Meus pais não estavam acordados e agradeci mentalmente por isso, não precisaria explicar nada a ninguém.

Eu nem ao menos havia entrado de verdade em um relacionamento e já poderia contar nos dedos as vezes que fora decepcionada por um rapaz, no caso, Austin.

Enquanto escovava os dentes ouvi um barulho vindo do meu celular, ou seja, alguém havia enviado uma mensagem. De início não quis abri-la com medo de que fosse Austin, mas assim que observei Catherine no visor, cliquei.

"Josh com certeza é o homem da minha vida."

Catherine

Sorri com a frase que meus olhos percorreram. Ah, que inveja.

"Tenho certeza que sim, vocês são o máximo juntos."

Amélia

"Já parou para pensar que se formos aceitas na universidade, na outra semana já estaremos indo conhecer nossos alojamentos?"

Catherine

Provavelmente receberíamos as cartas das universidades na semana que vem, a data de envio estava até para quarta-feira e eu não estava preocupada com isso no momento. Quer dizer, apesar de ter me inscrito em outros lugares por precaução, sabia que meu bom desenvolvimento e projetos que havia desenvolvido durantes os anos serviriam de alguma coisa.

Em algum tempo me imaginei realizando esse sonho. Talvez o que mais me motivava a encontrar um lugar longe de onde morava era a liberdade.

Estar longe dos meus pais. Das pessoas. Do Austin. A minha necessidade era buscar por uma independência que parecia cada vez mais necessária para mudar minha vida.

As vantagens de não se APAIXONARWhere stories live. Discover now