Capítulo 24 - Esperança

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O céu estava bastante escuro. Por sorte as ruas além de iluminadas pelos postes e casas com suas luzes acesas, recebia uma linda iluminação da lua que estava enorme sobre nós.

Adorava analisá-la. E analisar também as estrelas que a acompanhavam naquele céu imenso. Quem dera um dia poder chegar tão perto.

Aproximando-me da lanchonete, avistei uma boa quantidade de adolescentes do lado de fora encostados em seus carros e rindo alto. A maioria estava com um copo de milkshake em mãos.

Atrai alguns olhares e avistei rostos conhecidos.

Catherine estava sentada na última mesa do lado esquerdo — inclusive a lanchonete era enorme —, por fora parecia pequena, mas havia muitos lugares ali dentro. Um menino estava em pé ao lado dela, era muito bonito por sinal. Não o conhecia, não parecia ter a nossa idade, talvez uns dois anos mais velho que nós duas.

Não queria atrapalhar a conversa, mas assim que seus olhos me alcançaram, acenou freneticamente em minha direção.

— Desculpe a demora. — Desculpei-me sentando sem jeito no banco a sua frente.

— Tudo bem, Josh estava me fazendo companhia. — Explicou. — A propósito, Josh, essa é a minha mais nova amiga Amélia, este é Josh.

Só Josh? Havia uma conexão ali, havia uma troca de olhares e eu estava louca para que ele fosse embora logo e nós pudéssemos conversar.

Ele apertou a minha mão e sorriu. Deus, que sorriso maravilhoso.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Cate falou muito bem de você. — Contou e eu sorri animada.

Não demorou muito para que ele se retirasse para encontrar um grupo de amigos que estavam do lado de fora.

— Quem é esse? — Perguntei curiosa.

Ela tentou desviar o olhar, encarando o porta guardanapo em nossa frente, o que me fez rir.

— Um cara. — Tentou soar descolada. — Um cara que eu tenho um lance.

Aquela forma de falar com certeza combinava com ela.

— Ele cursa Direito em Yale e talvez isso seja o meu principal motivo de querer ir para lá. — Contou animada.

Assim que a palavra Yale saiu de sua boca, seguido de um "quero ir para lá", borboletas reviraram meu estômago em felicidade.

— Você quer ir para Yale? — Insisti.

—É. — Respondeu. — Porque seus olhos estão brilhando?

— Acho que você é meu novo amor. — Brinquei e ela fez cara de nojo.

E então enquanto aguardávamos nossos copos de chá gelado, contei para ela o meu sonho de ir para Yale e o fato de que meus pais não ficaram muito felizes com a notícia.

E então ela me contou sobre o seu amor por Josh e de tudo ter começado há dois anos atrás quando ele fora para Yale. Ela tinha quinze anos e ele estava prestes a fazer dezoito quando se conheceram. Em menos de uma semana iria embora para conhecer sua universidade, mas seu coração ficou ali, com ela.

— Mas vocês namoram? — Perguntei curiosa.

— Não exatamente. — Discordou. — Nunca houve um pedido, alianças ou uma notificado de namoro em redes sociais.

Estava aos poucos tentando entender o "lance" que eles tinham. O fato de estarem juntos a distância, mas não precisarem rotular isso ou expor para todas as pessoas.

Que inveja dessa maturidade.

O chá era realmente incrível. Não conseguia decifrar quais eram os reais ingredientes ali dentro. Só sentia aquele docinho de camomila circular pela minha boca.

Quando olhei para fora da janela, avistei Austin. Ele estava encostado no carro de seu pai, seus melhores amigos estavam cada um de um lado e outras pessoas por perto. Mas ele não estava ali. Seus olhos estavam presos em mim. Por conta da transparência da janela era nítido que me enxergasse ali dentro.

— Que foi? — Catherine perguntou ao observar meu olhar baixo.

— Nada. — Dei de ombros.

E quando ela estava prestes a perguntar novamente, Josh adentrou a lanchonete. O suspiro dela fora alto, era possível enxergar corações em seus olhos.

— Meus pais irão fazer uma jantar amanhã de despedida. — Iniciou contando. — Gostaria que jantasse conosco.

Catherine, ou melhor, Cate como ele chamava, piscou varias vezes parecendo absorver o que lhe fora dito.

— Ã... — Pareceu engasgar. — Claro.

Ele sorriu em resposta e depositou um rápido selinho em seu lábio.

— Até amanhã. — Piscou da forma mais charmosa possível e foi embora.

Então era assim que os caras da universidade eram? Como eu queria um Austin assim, sem medo da distância, com maturidade para encarar relacionamentos difíceis.

Ela me encarou e seus olhos diziam "não fala nada" e eu só ri.

— Se eu correr acho que ele me leva para casa. — Ela disse, o olhando ir em direção ao seu carro.

Assenti com a cabeça entendendo que aquele era o fim da nossa noite. Entendendo também que provavelmente teria um outro interesse sua saída.

A vi correr até o carro, fazendo com que ele parasse bruscamente na ré que estava dando. Não demorou para que adentrasse a porta do carona ao seu lado.

Terminei de bebericar as últimas gotas do chá que estava em meu copo, além de gelado, estava com um gosto forte de água por conta do gelo que havia derretido.

Quando paguei a conta e fiz meu caminho de volta para casa. Aos poucos ao virar a direita em uma rua, ouvi um carro acelerando aos poucos perto de mim. Senti medo de olhar para trás e não olhei. Apressei os passos quase buscando meu celular para chamar alguém.

— Entra aí que eu te levo. — Austin falou para mim de dentro do seu carro.

— Vou andando, obrigada. — Agradeci e caminhei mais rápido possível, mas agora aliviada por não ser nada.

Novamente o carro parou ao meu lado e um som alto de acelerar soou. Olhei com as sobrancelhas arqueadas em sua direção e cruzei os braços.

— Por favor, faço questão de levá-la para casa a essa hora. — Explicou.

A minha grande vontade era de negar e continuar a caminhar. Mas enquanto eu não sabia que ele estava me seguindo, senti um enorme medo percorrer meu corpo.

Então, apenas dei de olhos e adentrei seu carro.

X X X

Sobre homens/meninos que não sabem o que querem da vida.

O que fazer quando todos os lugares para onde você olha, ele(a) está lá?

Espero que estejam gostando.

As vantagens de não se APAIXONARWhere stories live. Discover now