Chapter VII

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Três anos atrás

Estávamos ficando a mais de dois meses e eu já estava começando a achar que tinha me apaixonado pela Júlia. Meu dia girava em torno dela, quando não estava mandando mensagem ou saindo com ela.

Até na escola eu ficava pensando nela, tanto que meu celular foi pego pelos professores pelo menos umas cinco vezes. Tava foda sentir isso.

— Acorda vei, tô falando contigo — Vinicius me olha bravo.

— Foi mal, viajei total.

— Só responde pra mim uma coisa — o olho de canto — cê tá "ocupada" assim por que está ficando com alguém? — assenti — é a Júlia?

Na hora eu engasguei com minha própria saliva. Ele é um dos meus melhores amigos e claro que eu queria contar pra ele desde o início sobre tudo mas se contar pra alguém já era, vamos ter que parar de ficar e eu não quero isso.

— Claro que não, o que te faz pensar isso?

— Você não sai da casa dela, vivem de tititi por aí — ele se virou pra mim — não mente cara, não pra mim.

— Pergunta pra ela se é mentira hoje na festa do Pedro — tento mudar de assunto — isso é se você lembrou de chamar ela.

O Vinicius estava estranho comigo e com a Júlia faz tempo, talvez por não gostar do nosso possível relacionamento já que ele sempre fez comentários homofóbicos ou por não gostar de estarmos escondendo algo dele. Sei que devia ter contado pra ele que estava ficando com a Júlia afinal ele é meu amigo a anos, mas não posso arriscar perder essa mulher.

Deu o sinal e saímos todos conversando da escola, por todo o caminho até em casa o Vinicius tava de cara fechada pra mim, porra será que é difícil deixar as pessoas se relacionarem em paz sem cobrar nada delas? Pelo visto pra ele é impossível.

Quando cheguei em casa peguei o celular e mandei mensagem pra Júlia dizendo que não poderíamos sair naquele dia já que teria que enfrentar a fera chamada Vinicius. Caminho até a casa dele e chegando lá vejo que já estava de cara amarrada, ele sequer disse alguma coisa só deu espaço pra que eu entrasse. Sentei no sofá e ele disse :

— Se você veio mentir pode ir embora — me olhou bravo — te conheço desde os 10 anos e nunca menti pra você, esperava a mesma consideração.

— Cara, eu não tô mentindo — olho pra baixo — e para de falar essas coisas da garota, você sabe muito bem que ela se fodeu por isso.

— Eu sei o que fez ela vir morar aqui, cê acha que eu daria com a língua nos dentes sabendo dessa história? Ou melhor, cê acha que eu faria isso sabendo que é a minha melhor amiga que tá envolvida? — o olhei e me senti péssima por ter escondido.

— Só não fala pra ninguém, não prejudica ela de qualquer forma — me levanto e o encaro.

— Eu não curto essa história de homem com homem e mulher com mulher mas eu não faria nada pra te prejudicar cara, eu sei como são os pais dela e sei que você tá mesmo gostando da garota — pos a mão na cintura.

— Como você descobriu?

— Vocês duas não se desgrudam e você tá parecendo uma idiota apaixonada, é só ligar os pontos — disse como se fosse óbvio, talvez fosse — acham que geral é burro? — rimos juntos.

Depois de almoçar em sua casa ficamos jogando GTA o dia todo até que lembramos de nos arrumarmos para a festa. Fui pra casa tomar banho e achar algo pra vestir, escolhi uma calça preta, uma camisa branca simples e calcei um Nike preto que tinha — eu sou a definição de basic bitch — peguei o celular e vi que não tinha nenhuma mensagem dela. Porra mulher não faz isso comigo não.

The One That Got AwayWhere stories live. Discover now