Chapter XIV

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Dias atuais



Me sento na ponta da cama com os olhos arregalados tentando processar tudo o que tinha acontecido. Transei com a irmã da Patrícia. Se antes a garota me odiava agora ela vai tentar me matar.

Sinto uma mão passando no meu ombro e um beijo no meu pescoço que descia até minha clavícula, olho pro lado e vejo Letícia sorrindo com malícia.

— Sabe, seria ótimo uma transa matinal — sussurrou e mordeu o lóbulo da minha orelha.

Bruna bufou levantando da cama se dirigindo até o banheiro, beteu a porta assim que entrou. Já posso gravar numa lápide "aqui jaz minha amizade com a Bruna, grandes mulheres, grandes amigas e grandes burradas".

Me levanto da cama pegando as roupas da Letícia que me olhava confusa.

— Olha, acho melhor deixarmos essa transa pra depois, minha amiga não está bem então devemos ir embora — tendo soar menos grossa o possível.

— OK, me leva pra almoçar? — começou a se vestir.

— Adoraria mas tenho que ir pro Teatro.

— Posso ir com você então — me beija na bochecha.

Porra, não sei como me livrar dessa mulher e ela tá se esforçando pra ficar comigo. Não precisamos de teste de DNA, ela é sim irmã da Patrícia.

Bruna saiu do banheiro e quando nossos olhares se encontraram ela desviou olhando pro chão. Me aproximo e a abraço forte.

— Eu te amo Bruna, sei que foi errado o que fizemos mas eu estarei aqui do seu lado não importa o que aconteça — a sinto retribuir o abraço — mesmo que você queira se afastar de mim.

— Eu não quero me afastar, só tô com vergonha — esconde o rosto em meu pescoço — eu nunca transei com outra pessoa que não fosse o Pedro.

— Não precisa ter vergonha de mim — beijo o topo da sua cabeça — relaxa, eu não falarei nada pra ele.

Ela sai do abraço secando suas lágrimas. Eu destruí tanta coisa em só uma noite, devia ter escutado a Catarina, aquela desgraçada nunca erra.

— Eu vou pro teatro, depois aparece por lá, tá? — ela assente.

Chamo a Letícia que também se despede da Bruna e saímos da casa. Andando até o ponto sinto ela pegar na minha mão, a olho e vejo um sorriso fofo. Até que eu poderia me apaixonar por ela, mas muita coisa me impede, inclusive sua irmã.

Entramos no ônibus e ela dormiu encostada no meu ombro, peguei o celular vendo que tinha várias mensagens sendo uma delas da Júlia.

Júlia Sales:

Desculpa ter sido grossa. Eu sinto sua falta. Adoraria te ver novamente pra poder te dizer tudo o que sempre quis dizer desde o nosso término, mas sei que seguimos em frente por caminhos que não se encontram.
01:20

Obrigada por tudo Camille.
01:21

Fecho os olhos para controlar as lágrimas que estavam se formando, não irei mais chorar por essa mulher ainda mais sabendo que enquanto choro ela está gemendo pra outro. Por que isso tinha que acontecer? Por que ela tinha que me esquecer? Por que eu não consigo esquecê-la também e parar de sofrer? Só queria poder ser feliz e fazer outra mulher feliz, mas só consigo me imaginar sendo feliz com ela. Estou cansada disso.

Bloqueio a tela do celular sem respondê-la e vejo que estamos chegando, acordo a Letícia que sorri sem graça por ter dormido encima de mim. Descemos e caminhamos até o teatro conhecendo mais uma a outra. Descobri que ela tem 19 anos, faz faculdade de bioquímica e trabalha como fotógrafa, aliás, ela quem fotografou as cenas dos ensaios pra fazer o banner de divulgação.

The One That Got AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora