Chapter XXIII

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Saio da cama e fico a olhando assustada, não sei o que tá acontecendo eu apenas... Apenas sinto minhas mãos suarem, me sinto ofegante e tonta. Não consigo nem ouvir a conversa, minha mente tá em outro plano e tudo que consigo pensar é que serei jogada na calçada enquanto vejo meu amor indo embora de novo.

Caio na real quando sinto as mãos da Júlia segurando meus braços me sacudindo, olho em seus olhos e vejo uma preocupação evidente o que me faz lembrar mais daquele dia desgraçado que destruiu a minha vida e por medo de a perder puxo seu corpo pra perto de mim e a beijo com vontade colocando minhas mãos em cada lado de seu rosto. Termino o beijo dando vários selinhos e a puxando para um abraço bem apertado.

— Amor, eu tenho que ir — a aperto mais e fecho os olhos — eu vou voltar, é só que... Eu não posso dar bandeira.

— Por favor, não me deixe de novo — a beijo — nunca mais.

— Eu só vou ali e já volto meu amor, eu prometo que vou te ligar — ela sorri doce.

A vejo sair da cama e se vestir com uma das minhas roupas ficando a mulher mais linda desse universo, ela se aproxima da cama para me dar um beijo de despedida e logo sai me deixando ali sozinha. Sinto medo de perdê-la de novo mas não vou a prender aqui. Pego o telefone e ligo pra recepção pedindo para cancelar o segundo prato já que minha companhia foi embora e janto totalmente sozinha e triste.

Me levanto e começo a arrumar o quarto, separo as roupas sujas para pedir que a camareira as lavem e higienizo os vibradores. Ligo a TV e procuro um filme para assistir enquanto fico deitada mas nem lembro o que escolhi já que acabei dormindo.

×××

Dois dias depois

A Júlia não voltou pra cá fazem dois dias com a desculpa de que seus pais estavam querendo fazer jantares de família e coisas do tipo com ela e o namorado, o que me deixa louca de ciúmes. Adoraria que seus pais fizessem isso comigo sabe? Que me chamassem para jantares e me apresentassem como a namorada da filha deles com muito orgulho como eu espero que meus pais façam — e irão fazer — com a Júlia. Sonho alto.

Mas hoje irei sair sozinha pra dar rolê no Rio, não vou ficar mofando no quarto sendo que estou num lugar maravilhoso, vou é aproveitar! Tomo um banho rápido e visto uma calça jeans preta com uma camiseta escrita "parental advisory" e um tênis preto da Nike com a sola branca.

Peço um táxi pois já estava a noite e não é seguro sair pedindo informação para chegar nos locais mesmo sabendo que a Lapa é um dos pontos turísticos e é bastante movimentado. Chegando lá vou direto para um bar onde tinha roda de samba pois eu amo muito e seria a melhor opção de onde beber já que teria um sonzinho legal.

Peço uma caipirinha e me sento no bar mesmo pois não conheço ninguém e não sou pau no cu de ocupar uma mesa sendo que não estou esperando ninguém. A barman me entrega a bebida e eu agradeço mas percebo que está me encarando então a olho de volta até que ela começa:

— Está sozinha? — assinto — coração partido ou é turista?

— Turista — sorrio — mas o coração tá um pouco partido.

Ela arqueia as sobrancelhas.

— Da pra perceber que não é daqui pelo sotaque — a olho ofendida.

— Paulista não tem sotaque! — ela revira os olhos.

Ficamos conversando por um bom tempo e descobri várias coisas sobre ela, descobri que seu nome é Talita e tem 25 anos coisa que nem dá pra perceber já que mulheres negras envelhecem devagar. Ela tem um cabelo cacheado curto até o ombro, olhos castanho escuro e uma boca ligeiramente carnuda que na minha opinião era a parte mais bonita de seu rosto. Adorei a vibe dela que ignorava totalmente os outros clientes pra ficar conversando comigo já que não queria me deixar sozinha.

Eram 22hrs e havia acabado seu turno no bar, ela disse que trabalhava em um local ali perto até às 3hrs da manhã e se desdobrava desta forma pois era mãe solteira e o progenitor do seu filho simplesmente o abandonou lhe dando nenhum tipo de apoio tanto emocional quanto financeiro. Era uma mulher independente e muito resolvida, a admiro.

— Bom, quer que eu te leve pro ponto de táxi? — diz quando saímos do bar — te levaria pra onde trabalho mas você não iria gostar.

— Por que? — a olho confusa.

— Trabalho em um clube de entretenimento adulto — verbalizo um "Ata" — mas se você quiser ir...

— Bora, tenho nada a perder mesmo — rimos.

Fizemos uma longa caminhada já que ela economizava dinheiro da passagem para comprar coisas pro filho, chegando lá entramos pelos fundos e caminhamos até o bar. Ela cumprimenta algumas garotas que estavam ali sentadas bebendo para tomar coragem de fazer o programa, que vida difícil.

— Quer? — ela diz enrolando um cigarro de maconha.

— Porque não? — sorrio e pego de sua mão.

Começo a fumar e peço uma margarita me arrependendo instantaneamente já que tem tequila e este é o meu ponto fraco. Bebendo peço seu número pois gostei de sua companhia e é ótimo ter uma amiga em outro estado para quando quiser viajar de novo pra lá ter pra onde ir.

Me arrumo na cadeira ficando de costas pro bar olhando em volta, mesmo estando um pouco vazio a maioria dos frequentadores eram homens entre 30-45 anos e tinha uma iluminação vermelha tendo barras verticais com dançarinas fazendo pole dance e algumas fazendo strip.

Estando meio chapada tomo coragem e me sento na frente de um dos pole dances que tinha uma moça ruiva e tatuada fazendo strip, ela percebe minha presença e joga o sutiã pra mim me fazendo sorrir maliciosa, encosta sua bunda no poste e rebola subindo e descendo depois gira segurando na barra com as pernas levantadas abrindo as mesmas. Ela agacha com as pernas abertas e depois fica de quatro engatinhando em minha direção, puxa minha mão e coloca em seu peito siliconado o apertando.

— Que tal irmos pra uma das cabines — diz mordendo os lábios.

— Não trouxe dinheiro, não sabia que viria pra um clube de strip — digo sem graça.

— Aceitamos cartão — pisca.

Ela sorri e sai do pequeno palco me puxando para um canto escuro que dava num corredor de paredes vermelhas. Ao chegar na frente da porta sinto o celular vibrar e vejo que é a Júlia me ligando. Atendo.

— Aonde você está Camille? — ela grita.

— Estou num clube de strip aqui em Santa Teresa — digo sem pensar já que estou alta.

— Você o que? — grita alto e agudo — sai desse lugar agora que eu estou indo te buscar.

Ela desliga na minha cara sem me dar tempo de contestar e eu pau mandado que sou saio de lá sem falar nada pra moça que deixei no quarto. Me sento na guia da calçada apoiando meus braços nos joelhos olhando pros lados sem parar até que vejo o carro da Julia virando a esquina com tudo, ela estaciona perto de mim e sai do carro batendo a porta e logo depois dela sai seu namoradinho de merda. Legal.

— O que você estava pensando? — ela grita.

— Estava pensando que estou de férias viajando e que seria incrível conhecer o Rio de Janeiro — me levanto ficando frente a frente com ela.

Ela está tão brava que a veia de sua testa está pulsando. Ela vai me matar.

— Conhecer o Rio de Janeiro ou todas as bocetas que tem nele? — ela cospe as palavras.

— E por que isso te incomoda? — digo ríspida.

— É Júlia — diz Henrique se aproximando — por que isso te incomoda?

Acordou o parasita.



Oi oi meu povo, tudo bom? Como foi a virada de vocês? A minha foi ótima e ladeira a baixo ao mesmo tempo kkkkk
Estou muito feliz com o andamento da história e do feedback mas principalmente com o fato de estarmos crescendo bastante, obrigada a todos que estão acompanhando.

Feliz ano novo a todos, esse ano vai ser incrível porque o faremos ser.

The One That Got AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora