Chapter X

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Dias atuais

— Precisamos? — pergunto e ele me olha preocupado — tô brincando, pode falar.

Ele parece nervoso olhando pro chão e evitando ao máximo me olhar, até parece que eu vou comer ele na porrada pelo que fez.

— Então, eu queria te esclarecer meu lance com a Patrícia — coça a cabeça — eu meio que gosto dela faz um tempo e ontem encontrei ela muito brava no ponto de ônibus então a chamei pra beber e simplesmente aconteceu — finalmente me olhou, mas me olhou triste — me desculpa por ser um talarico de merda.

Sorrio com essa última frase, a Patrícia enganou certinho dizendo pra todos que namorávamos, enganou tanto que ninguém acreditava em mim quando eu dizia que não tinha nada com ela o que me pintou como a sem coração que não quer assumir a namorada.

Chacota.

— Olha Carlos, eu nunca tive nada com ela e sinceramente não me importo que vocês estejam ficando ou algo do tipo — o vejo relaxar mais — e mesmo que você seja um talarico de merda eu espero que vocês sejam felizes, seja lá qual for a intenção do relacionamento — começamos a rir.

— Muito obrigada por entender e desculpa por, sei lá, só me desculpa.

Ele me abraça e eu logo me despeço, tenho muita coisa pra fazer hoje.

O caminho de ônibus foi um porre sem poder ouvir música no celular, sem contar que peguei bem no horário de saída das escolas e meu Deus, como adolescente em bando é um saco! Eu sei que eu só tenho 19 e que acabei de sair dessa fase da minha vida mas é chato demais as pessoas gritando no ônibus.

Chegando em casa fui direto tomar banho e demorei bastante já que minha mãe não estava em casa pra gritar que a conta viria cara, sou linda porém pobre. Saí do banheiro e vesti uma calça preta — amo minha calça preta de estimação — e uma regata branca bem aberta na lateral, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo já que nasci em um país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza que me obriga a queimar embaixo de um sol de 32º. Vou até a cozinha e como uma banana antes de ir pra loja.

A loja não era tão longe da minha casa, ficava numa avenida próxima e felizmente sempre tinha bastante movimento. Cumprimento os funcionários que estão lá e vou direto pra sala da administração onde eu geralmente faço o mapa de lucros e perdas, mas quando abro a porta dou de cara com minha mãe que me olha surpresa.

— Aonde você dormiu ontem? — ela cruza os braços.

— Oi pra você também dona Márcia — vou até o computador e abro a ferramenta de planilha pra preencher — dormi na Bruna, não avisei porque foi de última hora e você dorme cedo.

Digo que dormi na Bruna porque como conheço minha mãe, ela provavelmente ligou pra casa da Catarina pra checar se eu havia passado a noite lá.

— Outra namorada? Mas você não estava namorando uma moça do teatro? — me olha de lado enquanto dobrava uma peça de roupa recém chegada.

— Eu não namorava ela e muito menos a Bruna, ela namora o Carlos, lembra?

— Sim, mas essas pessoas de hoje em dia trai toda hora né — da uma risada de nervoso — mas fico feliz em saber que você não sai ficando com um monte de mulher, ser lésbica eu aceitei mas ser quenga eu não aceito viu — aponta pra mim com um olhar ameaçador.

— Menos machismo mãe, sou solteira e fico com quem eu quero — revira os olhos — e chega desse papo, me diz logo quais fornecedores você quer que eu contate.

Minha mãe ri e começa a me explicar direitinho o que quer que eu faça sobre os fornecedores e logo sai pra cuidar das coisas. Fico praticamente o dia inteiro fazendo a planilha e conversando com os fornecedores o que me deixa com 0 vontade de sair com meus amigos hoje, felizmente a Catarina vai lá em casa e eu não terei que sair.

The One That Got AwayWhere stories live. Discover now