Dias atuais— Precisamos? — pergunto e ele me olha preocupado — tô brincando, pode falar.
Ele parece nervoso olhando pro chão e evitando ao máximo me olhar, até parece que eu vou comer ele na porrada pelo que fez.
— Então, eu queria te esclarecer meu lance com a Patrícia — coça a cabeça — eu meio que gosto dela faz um tempo e ontem encontrei ela muito brava no ponto de ônibus então a chamei pra beber e simplesmente aconteceu — finalmente me olhou, mas me olhou triste — me desculpa por ser um talarico de merda.
Sorrio com essa última frase, a Patrícia enganou certinho dizendo pra todos que namorávamos, enganou tanto que ninguém acreditava em mim quando eu dizia que não tinha nada com ela o que me pintou como a sem coração que não quer assumir a namorada.
Chacota.
— Olha Carlos, eu nunca tive nada com ela e sinceramente não me importo que vocês estejam ficando ou algo do tipo — o vejo relaxar mais — e mesmo que você seja um talarico de merda eu espero que vocês sejam felizes, seja lá qual for a intenção do relacionamento — começamos a rir.
— Muito obrigada por entender e desculpa por, sei lá, só me desculpa.
Ele me abraça e eu logo me despeço, tenho muita coisa pra fazer hoje.
O caminho de ônibus foi um porre sem poder ouvir música no celular, sem contar que peguei bem no horário de saída das escolas e meu Deus, como adolescente em bando é um saco! Eu sei que eu só tenho 19 e que acabei de sair dessa fase da minha vida mas é chato demais as pessoas gritando no ônibus.
Chegando em casa fui direto tomar banho e demorei bastante já que minha mãe não estava em casa pra gritar que a conta viria cara, sou linda porém pobre. Saí do banheiro e vesti uma calça preta — amo minha calça preta de estimação — e uma regata branca bem aberta na lateral, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo já que nasci em um país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza que me obriga a queimar embaixo de um sol de 32º. Vou até a cozinha e como uma banana antes de ir pra loja.
A loja não era tão longe da minha casa, ficava numa avenida próxima e felizmente sempre tinha bastante movimento. Cumprimento os funcionários que estão lá e vou direto pra sala da administração onde eu geralmente faço o mapa de lucros e perdas, mas quando abro a porta dou de cara com minha mãe que me olha surpresa.
— Aonde você dormiu ontem? — ela cruza os braços.
— Oi pra você também dona Márcia — vou até o computador e abro a ferramenta de planilha pra preencher — dormi na Bruna, não avisei porque foi de última hora e você dorme cedo.
Digo que dormi na Bruna porque como conheço minha mãe, ela provavelmente ligou pra casa da Catarina pra checar se eu havia passado a noite lá.
— Outra namorada? Mas você não estava namorando uma moça do teatro? — me olha de lado enquanto dobrava uma peça de roupa recém chegada.
— Eu não namorava ela e muito menos a Bruna, ela namora o Carlos, lembra?
— Sim, mas essas pessoas de hoje em dia trai toda hora né — da uma risada de nervoso — mas fico feliz em saber que você não sai ficando com um monte de mulher, ser lésbica eu aceitei mas ser quenga eu não aceito viu — aponta pra mim com um olhar ameaçador.
— Menos machismo mãe, sou solteira e fico com quem eu quero — revira os olhos — e chega desse papo, me diz logo quais fornecedores você quer que eu contate.
Minha mãe ri e começa a me explicar direitinho o que quer que eu faça sobre os fornecedores e logo sai pra cuidar das coisas. Fico praticamente o dia inteiro fazendo a planilha e conversando com os fornecedores o que me deixa com 0 vontade de sair com meus amigos hoje, felizmente a Catarina vai lá em casa e eu não terei que sair.
YOU ARE READING
The One That Got Away
RomanceCamille era uma adolescente que duvidava da sua orientação sexual, na verdade ela sempre gostou de garotas mas tinha medo de assumir para todos e até mesmo pra sí. Até conhecer Júlia, uma garota que balançou seu mundo de uma maneira que ninguém ente...