Chapter XXVI

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No outro dia

Acordo pela primeira vez com a Júlia do meu lado ajudando a começar bem o meu dia. Ela dormia tão tranquila e linda fazendo meu coração se encher de amor e felicidade, passo meu braço por cima de sua barriga e a abraço puxando pra mais perto distribuindo beijos por sua nuca.

Penso em ficar assim por bastante tempo mas lembro que viajamos hoje o que me impede de curtir ao seu lado na cama tendo em vista que ainda precisava arrumar as malas.

Me levanto e vou para o banheiro tomar um banho e escovar os dentes. Saio do banheiro levando tudo que havia trazido e deixado lá mas paro ao ver o quão linda minha mulher estava: ela ainda dormia de lado mas com uma perna dobrada e a outra reta me permitindo ver sua calcinha roxa, usava uma camisola de seda rosa claro com a barra em rendas e seu cabelo estava todo bagunçado. Sorrio com isso, sorrio ao saber que amanhã contemplarei a mesma cena com a mesma mulher na minha cama, na minha casa. Espera, na minha casa! Meus pais! Puta que pariu.

Jogo tudo o que estava em minhas mãos na mala e pego o celular para ligar pra minha mãe que provavelmente vai brigar comigo por nunca mandar mensagens ou responder as que me manda. Ela atende e eu fico tensa com medo de ouví-la gritando.

— Camille, filha — diz com voz de preocupação — está tudo bem? Você nunca me liga.

— Então mãe, tenho uma coisinha pra te pedir — afino a voz, sempre faço isso quando vou pedir um sacrifício pros meus pais.

— Lá vem — ela suspira — o que você quer agora Camille? Já não basta ter te dado a vida você sempre quer mais.

Rio imaginando sua cara de stress que faz quando peço algo.

— É assim, cê lembra da Júlia né? — ela apenas faz um "uhum" me fazendo continuar — então, é que meio que eu chamei ela pra morar com a gente...

— Você fez o que Camille? — minha mãe grita e eu fecho os olhos — você tem que se lembrar que aquela casa ainda é minha, eu não morri pra você herdar.

— Por favor mãe, vai ser por pouco tempo — falo manhosa — ela arruma um trabalho e a gente aluga um canto, sei lá, só quebra essa pra mim.

— Vou falar com seu pai — dou um sorrisinho sapeca — e não precisa sair de casa correndo porque eu briguei, eu não quero que você more num lugar qualquer — reviro os olhos ainda sorrindo — te criei pra ser princesa.

— Uma princesa que curte outras princesas né? Porque se não for isso já aviso que boto fogo no reino — ela ri.

— A princesa que você quiser ser — suspiro — te amo filha, volta logo.

Me despeço da minha mãe e guardo o celular, começo a organizar minha mala e a colocar de volta tudo o que a Júlia havia tirado quando cheguei. Ao terminar pego o cardápio do hotel que ficava ao lado do telefone e procuro o melhor café da manhã e o que a Júlia mais gostaria de comer, sorrio ao encontrar um bolo de laranja. Ah bolo de laranja do inferno. Júlia sempre me fazia comer o bolo horrível que ela assava mesmo sabendo que odeio laranja mas mesmo assim tentava porque sabia que eu a amava demais pra dizer 'não' para qualquer coisa que pedisse.

Ligo na recepção e peço para trazerem o bolo pra ela e uma salada de fruta pra mim. Assim que chega preparo a mesa para tomarmos juntas o café da manhã. Bom, seria juntas se a morta não estivesse dormindo.

Me deito de lado na cama me apoiando no cotovelo para ficar levemente inclinada pra cima, coloco a mão em seu ombro e começo a beijar seu pescoço enquanto a balanço de leve.

— Morena — sussurro em seu ouvido — acorda amor.

Ela se mexe mas continua dormindo, não desistirei de acordá-la com amor.

The One That Got AwayOù les histoires vivent. Découvrez maintenant