Capitulo 12

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─ Eu falei que não estava interessada, mas mesmo assim ele me pediu em namoro na frente de todos. ─ Diz Bruna, alvoroçada.

Quando ela chegou? Às dez horas da manhã, fazendo planos para a festa de aniversário no final de semana. Há anos eu não festejo meu aniversário com a minha família, sempre sozinha ou com pessoas desconhecidas em bailes, beijando a boca de estranhos. Não sinto falta, eu juro! Mas às vezes me pego imaginando minha família reunida em um final de semana. A minha avó preparando o seu delicioso mousse de morango, um almoço perfeito e saboroso. Todos conversando alegremente e contando as novidades. Às vezes adormecia imaginando cenas que não acontecem há seis anos. Não entendo porque imagino esses acontecimentos na minha mente. Porém, me traz um conforto inexplicável.

─ Você aceitou? ─ Questiona Tia Nana animada.

─ Não, não estou pronta para uma relacionamento sério.

Revirei os olhos, sentindo uma ânsia. Eu acho que vou vomitar em cima dessa garota.

─ Por que? É sempre bom ter um companheiro do lado, um amigo, que te entenda. Mesmo carregando consigo alguns demônios. ─ Comenta a minha avó, me encarando.

Mexo-me desconfortável no sofá, sei que está dizendo tudo para me atingir. No entanto, meus demônios são indomáveis, nem mesmo aquele que tem total compreensão e serenidade consegue arrancá-los da minha cabeça.

─ Dona Mariana, homens compreensivos estão extintos. ─ sorriu com deboche. ─ Eu vou caminhar um pouco, nos vemos no final da tarde.

Ela joga um beijinho para mãe, que sorri e continua com seu crochê.

─ Bruna é uma boa menina. ─ Fala a minha avó, olhando em direção a porta.

─ Tenha muita sorte, minha filha me manteve forte todos esses anos.

─ Não se arrepende? ─ perguntou tia Eliana.

─ Agora não!

─ O que aconteceu? ─ Perguntei-lhe, sem me importando com a minha intromissão.

─ Morgan é americana, ela viajou para o Brasil, para viver uma história de amor. ─ Conta Dona Mariana.

─ Uma história de amor?

─ Ah, uma trágica história de amor. ─ parou de trabalhar no crochê. ─ Quando eu tinha 16 anos, eu conheci um rapaz, que estava visitando o meu país. Ele era soldado do exército brasileiro. Um homem bom, que se tornou meu melhor amigo, éramos ótimos juntos. ─ Morgan relata um semblante fechado. ─ Nós nos falávamos todos os dias e quando percebi estava completamente apaixonada por ele. Com muita coragem, contei para a minha família, que é muito tradicional e com pensamentos totalmente diferente dos brasileiros, eles proibiram no mesmo instante. Não aceitaram nosso relacionamento, fiquei arrasada… ─ suspirou.

─ E como você veio parar no Brasil?

─ Eu fugi, falsifiquei uma declaração com a assinatura dos meus pais, para conseguir fugir do País. Théo só estava passando as férias nos Estados Unidos e não pretendia voltar, então planejamos a minha fuga. Nos casamos em um cartório quando chegamos no Brasil, com 18 anos engravidei e depois… Ele me abandonou com a desculpa que era muito novo e precisava curtir a vida. Comecei a trabalhar em fazendas, que além de um salário oferecem moradia e comida.

─ Como você conseguiu suportar?

Morgan me olhou tão tanta ternura, que me fez cortar contato visual.

─ A dor é forte, achamos que não vamos conseguir. Mas a força surge para nos provar do que somos capazes. Não quis voltar para os Estados Unidos, morei em uma fazenda até minha filha completar onze anos, não demorou para conseguir um emprego em outra fazenda vizinha. Encontrei a minha felicidade, Sol. Mesmo com decepções dolorosas, eu consegui. Acho que só precisamos lutar e erguer a cabeça, enfrentar tudo sem criar medos.

Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now