Capítulo 14

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Não existe Barreiras entre nós, eu me sinto tão livre do lado dele. Não consigo compreender ainda o que Simon está me proporcionando. Mas posso dizer que é único, especial. Ele consegue ver além das máscaras, consegue pular minha cerca de espinhos, quebrar minha muralhas. E me aceitar como eu sou. Posso ficar aqui dizendo mil motivos para gostar tanto desse homem.

─ É um faz de conta?

Ele sorriu, afirmando com a cabeça.

─ Então, eu vou contar uma história!

─ Bom, devo relaxar. ─ Simon fechou os olhos, suspirando fundo.

─ Era uma vez uma garotinha, ela tinha dois heróis o pai e o irmão mais velho. O pai sempre estava com ela, lhe acompanhando em exposição de artes. A garotinha amava pintar e desenhar. O irmão mais velho era seu grande incentivador. Ele tinha 16 anos, era um artista maravilhoso. Seus quadros já foram até premiados, os dois tornaram o quarto um ateliê de pintura. ─ Olhei de esguelha para o Simon, ele continua deitado, com um semblante tranquilo. ─ Ele sempre buscava as irmãzinhas no colégio, a nossa protagonista tem uma irmã gêmea. Duas semanas antes do seu décimo terceiro aniversário, aconteceu um acidente horrível. ─ lágrimas começam a encharcar os meus olhos. Meu corpo começou a estremecer, não sentia meus braços, tudo começou a esvair da minha cabeça, só conseguia visualizar a imagem do meu irmão. Partido ao meio, do sangue, do seu corpo despedaçado. A dor me atingiu em cheio, o sofrimento chegou como onda destruidora.

─ Sol… Solana, merda, agora não! Preste atenção, olhe para mim.  

Sou balançada e uma voz ecoava dentro daquela imagem horrenda, alguém me chamava. Mas quem?

─ Solana, amor… Por favor, olhe para mim. Eu também tenho uma história para você.

Simon, essa voz…
Olhei para o lado e fico presa, esse olhar, esses olhos avelãs.

─ Simon. ─ minha voz saiu falha. ─ Uma história?

─ Sim, uma história. Da estrela que se apaixonou pelo Sol. Quer ouvir?

Ainda atordoada e não sentindo meus braços, concordei em ouvir.

─ Era uma vez uma estrela, ela era a mais rebelde do céu; ─ começa a massagear meus braços. ─ sempre desobedecendo a mãe Lua, certo dia ela resolveu surgir no céu no final da tarde. E encontrou o Sol, com toda a sua grandeza e pronto para se pôr no horizonte. A estrela se apaixonou perdidamente por sua beleza, por sua luz. E todos os dias no final da tarde a estrelinha surgia para admirar o pôr do Sol. A mãe Lua aconselhou a estrela dizendo o quanto esse amor era impossível, e a pobre estrelinha chorava lágrimas de chuva.

Ousei olhar para meus braços e entrei em choque, as minhas mãos e meus dedos estão completamente tortos. Meu Deus, por que comigo? Eu preciso de ajuda, não posso continuar assim.

─ Cansada de amar e não ser correspondida, a estrela procurou o Senhor dos Ventos. E contou para ele todo o seu amor. O Senhor dos Ventos voltou a dizer que era impossível, a não ser que ela abdicasse do céu e fosse morar na Terra, deixando de ser estrela. ─ Simon continuava a massagear as minhas mãos e braços, aos poucos vou recuperando os movimentos. ─ Ela aceitou, virou uma estrela cadente e caiu na Terra em forma de semente. O Senhor dos Ventos plantou essa semente com muito amor e carinho, regou-a com as mais lindas chuvas e a semente virou uma planta. Com o tempo as suas pétalas foram desabrochando e então… ─ Suspirou Fundo. ─ A flor passou a girar devagarinho, seguindo a direção do Sol. Assim, nasceu o Girassol. Que expressa o seu grande amor com lindas pétalas amarelas.

─ Então, o Girassol sempre foi uma estrela apaixonada?

─ Exato!

─ Simon, você é o meu Sol.

Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now