Epílogo - Simon

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Dois anos depois.



─ Simon, eu estou lendo. Por favor. ─ Choramingou Solana.

Um agradecimento ainda é pouco, todos os dias olho no espelho e lembro que é real. E volto a agradecer mais uma vez, agradeço por minha família, por meu lar, por minha vida.
Eu um cara que sempre amou tudo o que tinha, acabei ficando frente a frente com a morte. Mas uma atitude honrosa do Sérgio Malta me fez estar aqui, do lado da mulher que nasci para amar.

─ O dia está lindo e você ouviu o que médico falou, precisa caminhar.

Solana me encarou com os olhos semicerrados.

─ É ridículo, minha saúde é perfeita.

─ Sim, exatamente por esse motivo que o médico aconselha o parto normal.

Ela estremeceu, fechando o livro com força.

─ Tudo bem, podemos caminhar no campo de Girassóis?

─ Está muito calor, não podemos exagerar. Nossa menina pode chegar a qualquer momento.

─ Você está me tratando como uma inválida!

Inválida? A Solana? Ri do seu comentário, essa mulher tem mantido a fazenda, com uma força de vontade admirável e muita autoridade. Ela conseguiu terminar o ensino médio e no próximo ano estará cursando agronomia na Faculdade. Tudo está planejado, mesmo Solana odiando planejamentos, ela insiste em dizer que devemos viver a vida intensamente. Sem pensar no amanhã.

─ Simon, acha que vamos conseguir? Ser pai e mãe, é diferente.

Quando estava desacordado no hospital, eu tinha sonhos constantes com a Solana, sonhos de um futuro juntos. De uma casa e uma família, eram sonhos que sempre me puxavam para mais próximo da luz. Sonhos que me faziam sentir uma força de viver inexplicável.
A vida nos surpreende sempre, ela tem muitas reviravoltas, ciclos e momentos. Nunca estamos preparados para suas surpresas inesperadas. Um acidente quase me tirou de tudo que almejava, de tudo que sonhava e principalmente amava.

─ Sol, você será a melhor mãe do mundo!

─ E você um pai chato, se manter essa proteção exagerada.

Ela levantou-se com dificuldade, ajudo-lhe com cuidado a ficar de pé. Solana parece que vai explodir, a sua barriga está enorme.

─ Você precisa entender, eu quase perdi tudo isso!

Sol encarou o meu perfil, aqueles olhos que expressavam a sua maturidade e força. Solana mudou muito, uma mulher que exala a sua força e coragem. Minha inspiração para viver, ela é a razão para sorrir. Meu farol em meio a escuridão.

─ Estamos bem, você está bem! Agora vamos ser felizes. Não vejo a hora de conhecê-la; ─ acariciou a barriga. ─ Simon, o tempo tem sido maravilhoso conosco.

Realmente, em menos de quatro meses a casa no bosque estava reformada. Nos casamos na fazenda, com uma cerimônia encantadora. Tudo como Solana desejou, meu pai a acompanhou até o altar. E juramos amor eterno na frente de todos que testemunharam nossos sentimentos.
Na Mansão principal continua sendo o lar da Dona Mariana e seus familiares.

─ Merecemos tudo que estamos conquistando.

─ Você merece, Simon. É o homem mais extraordinário que conheci. Eu tenho tanta sorte por tê-lo do meu lado.

Ela não imagina que é meu trevo de quatro folhas e se estou vivo é por ela, somente para ter a oportunidade de tocá-la novamente. Minha recuperação foi difícil, não vou ser hipócrita e dizer que foi fácil. Que acordei e minha saúde estava perfeita. Foram meses de medicamentos e tratamentos, até me recuperar completamente. Hoje levo uma vida saudável, mas preciso fazer visitinhas desagradáveis ao médico em seis em seis meses. Um transplante é complicado, mas respirar sem ajuda de aparelhos é maravilhoso. Não tenho palavras para expressar o quanto é bom estar vivo!

─ Então, sou o seu novo amuleto da sorte.

Solana gargalhou.

─ Errado, pode parecer ridículo o que vou dizer. Mas o meu amuleto da sorte são os girassóis.

É claro que são!

─ Ótimo, fiquei aliviado! Pensei que era um pé de coelho.

─ Simon, que horror. Ainda não consigo me conformar.

Solana descobriu que os Luiziana estão investindo na criação de coelhos para o abate. Você pode não acreditar, mas a procura de carne de coelho é muito alta no Brasil e fora do país também. Graças a esse novo investimento a fazenda vizinha conseguiu se recuperar da crise.

─ Veja pelo lado bom, Taylan Resker cancelou o casamento.

Taylan me visitou quando ganhei alta no hospital, o cara se desculpou por algumas atitudes erradas no passado. Eu entendi, e deixamos toda essa richa para trás.

─ Pobre Latiffa, ela ficou a devastada!

─ E Violet animada… ─ retruco.

─ Hm Hm; ─ Solana olhou para baixo. ─ Que estranho, estou conversando com você e fazendo xixi ao mesmo tempo!

─ O quê? Xixi… Oh não! Solana, a sua bolsa.

─ Está ali. ─ ela apontou para uma bolsa em cima da cômoda.

─ Não, Solana a sua bolsa estourou. Nossa filha vai nascer.

─ Oh meu Deus! MÃE, MÃE…

Vanessa entrou desesperada no quarto, com Violet no seu encalço.

─ Ela vai nascer?  

─  Sim, precisamos ir até a maternidade! E não esqueça das minhas telas.

─ Solana, não precisa levar os seus quadros de pinturas. ─ Digo, procurando as bolsas de maternidade. E quando Vanessa e Violet vasculham a cômoda a procura dos documentos.

─ Amor, temos que colorir nossas vidas. E esse é um momento que precisa ser registrado com uma bela pintura, enquanto estou inspirada.

A minha menina, você é uma aquarela belíssima impregnada em minha vida, você é o Sol que aquece nossos campos Girassóis e a verdadeira força dessa família.

Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now