Girassol (Até 20 Agosto)

Capítulo 33

Os sonhos podem nos passar recados e avisos? Eu não sei, sonhei meses seguidos com meu irmão. Sonhos horríveis que me atormentavam a noite me causando um sono difícil. Nunca enxerguei como um alerta e sim como um castigo. Por que sonhar com a morte do meu irmão? Acredito que nosso psiquismo nos prega peças enquanto dormimos.
Simon estava parado em frente a uma casa gigantesca. Era enorme e lembrava a Mansão Bailey que inspirou o seriado americano American Horror Story. Um clima sombrio envolvia o lugar. Não senti medo, não senti um único calafrio. Só queria desvendar os mistérios que essa casa trazia.

─ Violet odiaria esse lugar. ─ sussurrei.

─ Sim, ela odiaria. Por esse motivo não aceitou nos acompanhar. Vocês duas são iguais de aparência, só que a essência é completamente diferente.

─ Minha irmã é incrível, sempre foi!

Simon sorriu com um tom debochado.

─ Sabe quem encontramos em uma loja no centro da cidade?

─ Quem?

─ Taylan e a sua irmã gostou dele.

─ Que bom, Violet está precisando de uma distração; ─ falei aproximando-me mais da velha casa. ─ As janelas ainda estão intactas.

─ É inacreditável.

─ A casa é linda, só tem esse aspecto sombrio graças aos castigos do tempo.

Simon me encarou, segurando no meu rosto com carinho.

─ Sol, você é uma mulher incrível, uma namorada perfeita e também minha melhor amiga. Enquanto estava dormindo eu aproveitei para pesquisar ensinos a distância na internet. Quero que volte a estudar.

Simon é mais que um namorado, ele é minha segurança, minha confiança e a minha força. Tudo que estou me tornando é resultado da sua paciência e dedicação. Uma garota que chegou nessa fazenda em pedaços, com traumas e demônios indomáveis. Mas esse homem com toda a gentileza do mundo, me conquistou. Não consigo ficar muito tempo sem beijá-lo, sem sentir o calor que transborda em meu corpo. Simon, correspondeu meu beijo com uma sede, com fervor. Minhas pernas ficam bambas, meu corpo inteiro implorava por ele.

─ Não podemos continuar; ─ Murmurou. ─ Infelizmente, você está com uma visita inconveniente esse mês.

“Inconveniente” é um elogio para essa visita infernal.

─ Gustavo, não precisa acabar com o clima.

─ Não me chame; ─ beija minha bochecha. ─ de Gustavo; ─ mordiscou meu lábio inferior. ─ Você só usa meu segundo nome quando está irritada.

─ Hmm, lembrar que estou menstruada no momento de excitação é uma ótima maneira de me deixar irritada.

Simon riu descontraído.

─ Solana, estamos em meio a um bosque. E está anoitecendo.  

─ O que vou fazer é rápido! ─ abaixo-me, ficando de joelhos. ─ Só se você não quiser.
O provoco, acariciando a extensão das suas coxas que são puro músculos.

─ Mulher você gosta de brincar com o fogo. ─ abre o zíper da calça jeans.

❁ ❁ ❁

A vida no campo é totalmente diferente da cidade, esse lugar cultiva alegria. Não nos deixa desanimar, cada dia uma nova emoção para descobrir e sentir. Hoje não abandono esse lugar que estou chamando de lar. Não me imagino vivendo no Rio de Janeiro, passando as noites em clubes noturnos. Hoje aprecio o canto de uma coruja, ver as estrelas em uma disputa com os vagalumes quem brilha mais na noite ou ouvir o Simon cantar no jardim.
Estou amando essa vida pura, os pássaros alegrando nossa amanhã, o som da mata e o cheiro de bolo assando. Temos que amar esses detalhes tão simples, mas com grandes significados. Já parou para ouvir o barulho da chuva? É como se ela trouxesse a melodia dos céus para terra.
O tempo é tão curto, precisamos sentir os sentimentos mais nobres. Violet tem se adaptado na fazenda com o passar dos dias, ela e a Bruna ficaram próximas e sempre estão caminhando pela redondezas. Honestamente, estou gostando dessa amizade, afinal, Violeta me deixa por dentro de todos os assuntos que rola entre elas. Minha mãe está ajudando Dona Germana na feira, as duas estão bem próximas. O aniversário do Simon é daqui três dias, estamos planejando uma festa surpresa. O único problema é encontrar um presente para esse homem.
Os funcionários estão extremamente ocupados, chegou a época de colheita. São quatro mil hectares reservados só para o plantio de Girassol. Procurar o Simon nessa fazenda é uma tarefa difícil, principalmente com essa correria de funcionários.