Girassol (Até 20 Agosto)

Capítulo 30 - Simon

Solana e Violet Malta são um pote de ouro no final do arco-íris. Para ser sincero, se não fosse a cicatriz da Solana e a pequena mancha no olho direito da Violet, eu jamais conseguiria identificar qual é a minha namorada. É difícil de acreditar, até mesma a maneira que a Violet coloca o cabelo por trás da orelha é igual. O sorriso, o olhar, os lábios, tudo nela é uma cópia exata. Se alguém duvida da grandiosidade de Deus, é só olhar para essas gêmeas. São incrivelmente lindas! Juntas então…

─ Simon, ajuda com as malas? ─ me pediu Solana, enquanto Dona Vanessa passava algumas orientações para a síndica do condomínio.

─ É claro; ─ abro o porta malas. ─ Você está radiante essa manhã.

─ Estou voltando pra casa com o homem que amo e com a minha família. Estou mais do que radiante. ─ fica nas pontos do pés e beija meu rosto.

─ Por favor, sem demonstração de afeto. Tem uma pessoa sofrendo por amor aqui. ─ Violet entrou no carro cabisbaixa.

─ Vanessa pretende voltar em janeiro para acertar a venda do apartamento e pegar o seu pagamento no jornal. ─ argumentou Sérgio, que espera a ex-esposa ansioso.

Ficamos 11 dias no Rio Janeiro, estou desacostumado com a euforia da cidade grande. Os dias na fazenda são tranquilos e singelos. O Rio Janeiro é uma cidade deslumbrante, com muitos lugares para conhecer. No entanto, eu só pensava nos campos de girassóis e nos meus cavalos. Nada aqui ganhou totalmente a minha atenção.

─ Pai, obrigado. Sabe… Por ter feito a proposta.

Sérgio sorriu alegremente com a demonstração de gratidão da filha, fez um cafuné rápido na garota e resmungou:

─ Vanessa como sempre enrolada, vamos perder o voo.

A mulher revirou os olhos, deu um último abraço na síndica e andou apressada na nossa direção.

─ E você sempre impaciente. Meu Deus, estamos uma hora adiantados. A fazenda estará no mesmo lugar quando chegarmos. Já ligou para Rend Aluguel?

─ É lógico; ─ arfou Sérgio. ─ Você resolveu vender o seu carro velho.

─ Não vou me mudar para outra cidade com as mãos abanando. Precisava do dinheiro.

─ MÃE, O PAPAI É RICO.

─ Como se eu não soubesse! ─ Disse Dona Vanessa com um tom esnobe.

Nossa viagem foi assim, conturbada. Principalmente porque a empresa que alugou o carro não enviou o motorista na hora combinada para buscar o carro e quase perdemos o voo. Dona Vanessa e o Senhor Sérgio são como cães e gatos. Há todo momento trocando farpas, discutindo até mesmo sobre regras de voos. Era nítido que não formavam um casal harmonioso. Agora posso entender o motivo da separação.
Graças aos céus, meu pai é um homem muito pontual e responsável. Estava nos esperando no aeroporto de Uberlândia como previsto, um dos funcionários dirigia a picape e meu pai, nossa velha e guerreira Kombi.

─ Simon, você fez falta garoto. ─ disse meu velho com os olhos demonstrando toda a sua saudade.

─ Senti a sua falta também, pai. Foram os dias mais longos da minha vida.

─ Solana, seja bem-vinda.

─ Obrigada Senhor Otávio, senti saudades, como está Dona Germana?

─ Ótima, ansiosa para revê-los. ─ revela, com olhar preso em Violet.

─ Ah, já ia me esquecendo. Essa é a minha irmã gêmea. Violet!

A garota aproximou-se, um pouco retraída.

─ Olá. ─ cumprimentou com um sorriso sincera.

─ Santo Deus, são idênticas. ─ coça as pálpebras desacreditado. ─ Nunca vi algo tão extraordinário.

─ Senhor Sérgio, estou me sentindo uma espécie rara presa em um circo. ─ Solana choraminga.

─ Não, está tudo bem. A maioria das pessoas tem essa reação quando nos conhece. O Simon por exemplo, fica me olhando como se eu não fosse desse mundo.

Ela está errada, apenas acho incrível e maravilhoso tal semelhança. É de tirar o fôlego de qualquer pessoa que as conheça.

─ Violet, você está exagerando! ─ Digo.

A garota me mostra a língua, tirando um sorriso da Solana, mas nosso clima descontraído acabou rapidinho.

─ Cala a boca você, eu só estou aqui por minhas filhas. ─ Esbravejou Vanessa.

─ Ótimo, porque é por elas que aceitei morar no mesmo teto que você. ─ Resfolegou Sérgio.

─ Quem? ─ Meu pai indagou, totalmente fascinado e encantado. O homem não desviava o olhar da Dona Vanessa. Ah não pai, essa não!

─ É a nossa mãe. ─ respondeu as gêmeas.

A mulher parou próxima das filhas, emburrada.

─ Mamãe, esse é o Senhor Sérgio ele veio nos buscar no aeroporto.

─ É um prazer. ─ diz sem ao menos encarar meu pai.

Ele ajeitou velho chapéu, acordando do encanto.

─ Patrão seja bem-vindo!

─ Otávio, você como sempre não me desaponta. Trouxe minha boa picape. Olá Hernando.

─ Seja Bem-vindo patrão. ─ Cumprimentou o homem alegremente, saindo do banco de motorista e pulando para trás.

─ Vamos voltar para casa! ─ Diz Solana, com os olhos brilhando. E meu coração? Está completamente, tenho uma família perfeita, uma namorada amorosa e um lar para voltar. Tenho tudo que um homem precisa nessa vida.

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Na simbologia das flores o Girassol representa a Luz, o Sol, representa a vida. Muitos dizem que essa flor tem o poder de nos transmitir alegrias, vivacidade e harmonia. Por esse motivo é muito procurado para decoração de cômodos, acredita-se que a flor pode trazer prosperidade e felicidade para uma residência. Dizem, que ela fortalece as relações, cura dores, incentivando a conciliação. Há muitas lendas que giram em torno dessa belíssima flor, que conquista o olhar de todos.
É uma flor originada da América do Norte, por décadas foi um desafio para os cientistas. Por que essa flor segue o sol? Graças a muitos estudos, foi comprovado que esses movimentos são guiados pelos ritmos circadianos durante o desenvolvimento. No entanto, eu acredito que exista algo de especial e único, algo que nos tira da solidão e que nos ampara. O mais curioso dessa flor, é que quando não há luz do Sol, ela gira em direção de outro Girassol. Ficando de frente uma para outra. Um exemplo que podemos seguir, às vezes não encontramos a direção da luz, ficamos perdidos e sem solução. Mas se olharmos para lado, para direção certa. Encontramos nossa verdadeira luz. É como me sinto ao lado da Solana.
Violet ficou maravilhada com a vista dos campos, lágrimas inundavam os seus olhos. É notório o quanto está emocionada, essa paisagem mexe com qualquer um.

─ É lindo! ─ Sussurrou para irmã.

─ É sim. Eu não sei explicar o que senti quando presenciei essa vista pela primeira vez.

─ Solana, você é feliz aqui?

Ela pega uma maçã nos caixotes, colocando no colo da irmã.

─ Quando cheguei no aeroporto um homem me ofereceu uma maçã. Experimente e você terá a resposta.

Meu coração disparou, eu queria agarrá-la, matar a saudade do corpo dela. Mal consegui tocá-la no Rio de Janeiro, Sérgio, Vanessa ou Violet estavam sempre por perto. Me impedindo de possuir os seus lábios macios, de entrar dentro dela e fazer Solana gemer, como amo cada detalhe dessa mulher. Teremos tempo, por enquanto apenas demonstramos tudo que estamos sentimos por olhares intensos.