Capítulo 22

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Minha manhã está tão alegre, em cada barraca que paro para admirar é um aprendizado que levo para toda vida. Aprendi que doce de limão galego aumenta a imunidade, que queimar a casca da cebola traz prosperidade. Aprendi que babosa é ótima para o cabelo, que se oferecer mel para uma pessoa que está atrapalhando a sua vida, pode amansa-la. Aprendi que o chá preto é um método contraceptivo e que as feiras livres existem no Brasil desde o tempo da colônia, é uma tradição.
Uma barraca específica me chamou atenção pelo cheiro delicioso, uma senhora com um véu sobre a cabeça conversa com um senhor em outro idioma. Aproximo-me.

─ Hayaa. ─ gritou a senhora para um jovem, o rapaz era muito bonito. Cabelos negros, totalmente cacheados, a pele em tom de bronze perfeito. E os olhos… Meu Deus, era de um azul turquesa, tão vívidos que brilham como pedra preciosas. A roupa despojada, usando apenas uma camiseta simplória e uma bermuda jeans. Era alto, um pouco robusto. Não tinha um porte rústico como do Simon, esse homem era como um príncipe do deserto. É completamente exuberante!

─ O que foi anne; ─ resmunga o rapaz. ─ Estou conversando.

─ Agora não é hora de conversar Taylan. Venha me ajudar a contar esse dinheiro.

O rapaz despedir-se de um grupo de jovens e correu para dentro da barraca, eles notam a minha presença quando pego uma caixinha pequena com alguns biscoitos dentro.

─ Merhaba, seja bem-vinda. ─ Diz a senhora com um sorriso acolhedor.

─ Obrigado, esses bolinhos são?

─ Doces árabes, receita da minha anne; ─ conta orgulhoso. ─ Você é uma turista? ─ abre uma caixinha.

─ Oh não, estou ajudando a Dona Germana. Na verdade, eu devo voltar.

─ Dona Germana? A velha doida das ervas?

Velha doida?

─ Ela não é doida! ─ foi impossível camuflar a minha irritação.

─ Ei, desculpe. Não quis ser grosseiro. É que temos uma cultura diferente. Quer dizer eles têm… ─ gesticula em direção da senhora e senhor sentado em um banco, quase cochilando.

─ Vocês são árabes? ─ Questiono, observando o véu da mulher, bordado com pedrarias.

─ Eu nasci e cresci no Brasil não me considero árabe, mas meus avós viajaram para o Brasil para fugir das regras extremamente rígidas da família. ─ oferece-me um doce, aceito de bom agrado.

─ Eu sou do Rio de Janeiro; ─ mordo o docinho, era tão maravilhoso que derretia na boca. ─ Hmm, muito bom!

─ É delicioso, nossos doces são sucesso na feira e também as tapeçarias.

─ Tapeçarias?

─ Sim, venha comigo.

O rapaz da volta pela barraca e segura em minha mão, puxando-me em meio a multidão.

─ A onde está me levando? ─ Indago receosa.

─ Até a barraca de tapeçaria da minha família!

Seguimos uns dez passos adiante, até chegar em uma barraca grande e espaçosa. Com lindos tapetes com detalhes refinados a exposição dos clientes e turistas. Um tapete em especial me chamou atenção, era um lindo tigre com as listras que cintilavam várias cores conforme o vento fazia a peça se mover.

─ Taylan? Não deveria estar ajudando a sua mãe?

─ Essa é a minha nova amiga…

─ Solana; ─ interfiro, estendendo a mão em um cumprimento.

Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now