Capítulo 20

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Entrei na Mansão com o cabelo todo molhado, a minha avó resmungou algo sobre pneumonia

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Entrei na Mansão com o cabelo todo molhado, a minha avó resmungou algo sobre pneumonia. Mas ignorei, caminhando direto para o escritório.

─ Quero falar com você. ─ Digo ríspida ao entrar.

Senhor Otávio estava com uma expressão nervosa, sentando numa cadeira.

─ Solana, agora não. Estou conversando com meu funcionário.

─ Se o Simon for embora dessa fazenda, ou qualquer membro da sua família. Eu vou com eles.

Meu pai arregalou os olhos.

─ Filha, está perdendo o juízo?

─ Juízo? O único juízo que eu consegui ter foi do lado do Simon, e você com sua opinião precipitada está destruindo tudo.

─ Sol, você precisa entender que o Simon está envolvendo-se demais na nossa relação…

─ Talvez, o real motivo do seu envolvimento seja pelo fato de ser meu namorado. ─ Retruco.

─ O quê? E a Bruna?

Ri com escárnio, é claro a enteada querida.

─ Simon não tem nenhuma relação íntima com aquela garota insuportável. Sinto muito, papai. ─ debochei.

─ Não é isso filha, não me entenda mal. Mas há boatos na fazenda que os dois…

─ Há boatos sobre a sua namorada, sobre mim, sobre todos que vivem aqui. É uma fazenda que se estende por quilômetros, com milhares de funcionários. Terá fofocas!

─ Senhor perdoe a minha intromissão, mas devo informar que o meu filho não mantém nenhum relacionamento afetivo com a sua enteada. ─ retorquiu Otávio, amassando o velho chapéu em suas mãos. Pobre homem, é notório o seu nervosismo.

─ Estamos resolvidos, Simon fica e o Senhor Otávio não será prejudicado. Vou continuar meu tratamento com o meu namorado e pai… ─ cruzo os braços. ─ É melhor aconselhar a sua queridinha a ficar longe do Simon, está ciente dos boatos que sua própria enteada espalha. Eu tenho problemas mentais, posso causar um pequeno acidente se ela entrar no meu caminho.

─ Solana, meu amor. Eu só quero que as coisas voltem a ser como era antes.

Nada vai voltar a ser como era antes. Ele não é o mesmo, a morte do Sebastian mudou nossas vidas drasticamente. Nada é igual. A cada dia vivendo nessa fazenda me descubro outra pessoa, não podemos recuperar o tempo perdido. No entanto, podemos conviver bem.

─ Pai, chega de tomar as decisões erradas. Comece acertar de agora em diante. E talvez, nossa convivência pode ser boa. E acho que começar com um pedido de desculpas para o Senhor Otávio é o correto.

Os homens se entreolham, os dois receosos.

─ Você e o Simon, juntos? É uma novidade, mas filha ele é sete anos mais velho. ─ continua seguindo a direção errada, continua dizendo as palavras erradas.

Suspirei fundo.

─ Pai, eu tenho 18 anos. Não sou uma criança! As ruas do Rio Janeiro me ensinaram muitas lições. E acredite, não sou tão inocente como está imaginando. ─ caminho em direção da mesa, pegando um folha qualquer para bisbilhotar. ─ Tenho muitas experiências, mas creio que não gostaria de ouvir sobre elas. ─ Menti, a única experiência foi com o Simon, e só de lembrar meu corpo reage com um frenesi de prazer.

Meu pai inrijeceu, me encarando boquiaberto. Senhor Otávio batia o pé freneticamente no chão, completamente encabulado.

─ Tudo bem, Solana! Eu vou me esforçar, eu prometo. No entanto, quero que se esforce para me perdoar também.

─ O meu perdão é tão necessário? Já não basta a minha presença nesta fazenda?

─ Patrão, eu vou verificar a cerca no lado sul, a um rebanho conseguindo passar para terras dos Luiziana. ─ Diz Otávio, levantando-se e colocando seu velho chapéu na cabeça, como um caubói dos filmes românticos.

O Senhor Otávio não era um coroa feio, na verdade, é muito charmoso, robusto, bonito e exala o mesmo perfume do filho. Ele lembra-me o ator americano Bradley Cooper.

─ Esqueça tudo que falamos, bom trabalho. Está dispensado.

O homem sorriu amistosamente e me lançou uma piscadela ao sair do escritório, arrancando-me um riso descontraído. Simon herdou o charme do pai.

─ Voltando no assunto, Solana a sua presença é mais do que gratificante para mim. Mas ficar agredindo verbalmente a sua avó e a todos que vivem nessa Mansão, não é o começo de uma boa convivência.

Não vou esquecer tudo da noite para o dia, não vou conseguir agir naturalmente com a minha família. Entretanto, posso me esforçar. Para conseguir manter minha relação com o Simon.

─ Está certo, eu vou tentar. Nós dois, vamos nos esforçar.

Meu pai abriu sorriso, levantou-se da sua cadeira, caminhando até parar na minha frente.

─ Podemos selar esse acordo com um abraço?

dou de ombros, para mim tanto faz!

─ Podemos, pai!

“Um abraço pode mudar tudo”, li essa frase certo dia, muitas pessoas não reconhecem o valor de um abraço apertado, nem todos conseguem identificar os sentimentos calorosos que são transmitidos por um simples gesto. Para ser honesta, algumas semanas atrás a garota do Rio de Janeiro não saberia identificar. Mas hoje a mulher que me tornei consegue sentir a saudade transmitida apenas em um toque. Fazia anos que não sentia um carinho vindo do meu pai, fazia anos que não sabia o que era sentir o amor dele. Aquela garotinha de 12 anos, voltou por alguns minutos e abraçou o seu pai com todo sentimentos nobres que estava fluindo e renascendo no seu coração.

─ Temos muito tempo minha flor do verão!

Sim pai, quero que o tempo seja o nosso amigo. Que nos ajude a pular essas cercas espinhosas que nos impedem de perdoar.









Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now