Cp. 27

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Sinto o olhar quente de Noah sobre mim e me viro imediatamente de volta para Jason que ainda encara Noah com a raiva estampada em seu rosto, seus olhos verdes se tornaram escuros e suas sobrancelhas se uniam em forma de V. Observo seu punho se fechando sob seu queixo e sua inquietação com a presença de Noah no local.

- Tudo bem Jason. - afirmo pegando sua mão e a colocando de volta em cima da mesa. Vejo seus músculos relaxarem ao voltar seu olhar para mim. Decido não olhar mais para atrás mas vejo os olhos se Jason se desviar várias vezes para observar por trás de mim.

- Se você quiser eu tiro esse cara daqui agora mesmo. - Jason fala com a voz mais grave que o normal. - Eu já estou mesmo com muita vontade de socar alguém. - arregalo os olhos com seu comentário o fazendo me olhar também. - O que? - pergunta calmo dando um gole de seu refrigerante.

- Como você consegue falar isso com tanta normalidade? - pergunto olhando-o e mexendo meu café já frio com a colher.

- Porque é normal. - responde acreditando de fato nas palavras que fala. Balanço a cabeça tentando sem sucesso esconder o sorriso. Ele me encara me deixando sem graça e tento encontrar algum assunto para fugir desse clima desagradável.

- E você e seu irmão? - Jason me encara comendo suas batatas e parece desconfortável com a minha pergunta repentina, não deveria ter tocado nesse assunto novamente, sei que é algo que o deixa muito inquieto, mas já que comecei... - Por que vocês não se falam mais?

- Vamos mudar de assunto. - fala limpando a boca com o guardanapo e levantando a mão chamando a garçonete - Não quero falar sobre isso.

- Como quiser. - ele pega sua carteira tirando o dinheiro - Eu pago a minha parte. - entrega o dinheiro para a moça ignorando totalmente minhas palavras e a garçonete se retira - Eu disse que pagaria a minha parte. - avisei.

- Eu ouvi. - retruca devolvendo sua carteira ao bolso de sua calça e se levantando - Vamos? - pergunta. Me levanto e vou na frente deixando o estabelecimento sem olhar para Noah - Por que não me deixou quebrar a cara dele? - diz enquanto caminhávamos até o estacionamento.

- Não fala isso, nem tudo se resolve na base da violência. - falo seguindo em direção a seu carro vermelho chamativo. - As coisas não funcionam assim. - concluo.

- Comigo sempre funcionou. - por que esse lado dele me atrai tanto? Tento afastar esses pensamentos sobre como ele meche com minhas emoções. Me encosto no carro o olhando tirar um cigarro do carro e acende-lo. Ele dá um trago e passa a mão em seus cabelos alvoroçados os deixando ainda mais bagunçados o que eu confesso deixá-lo mais atraente.

- Você tem o costume de deixar sua boate sempre? - pergunto trocando o peso da perna.

- Sim, na verdade é bem raro eu ficar por lá. - me prendo a fumaça que saia de sua boca enquanto falava - Tenho bastante funcionários para exatamente poder me dar esse luxo. - fala apoiando-se no capô e cruzando as pernas.

- Deve ser bom poder fazer o que quiser na hora que quiser. - digo soltando meus cabelos para tentar amenizar o vento frio que batia em meu pescoço.

- É sim, depois de muito trabalho duro, hoje posso ter tudo e fazer tudo. - fala olhando em meus olhos e desvia para as luzes do Balzac's - Você quer fazer o que agora? - pergunta jogando seu cigarro no lixo após tê-lo apagado no chão.

- Acho que já pode me levar para casa. - respondo cruzando os braços ao sentir o vento gelado.

- Mas já? - pergunta abrindo a porta do carro e entrando, também faço o mesmo entrando no banco do passageiro. O carro estava quente, o que fez meu corpo relaxar. Ele dá a partida e sai. Seu celular começa a tocar. - Alô. - vejo um sorriso brotar em seus lábios - Estou ansioso para isso. - diz com malícia no tom da voz, meu corpo estremece ao imaginar o que iria fazer ao me deixar em casa - Estou indo para aí. - ele desliga e continua focado na estrada - Eu ia te levar a um lugar, mas... - parece pensar nas palavras - tenho um compromisso. - fala por fim.

O Homem da Boate. Where stories live. Discover now