Cp. 57

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Megan.

Meu hotel não era nenhum cinco estrelas, mas dava para ir até a agência que estava fazendo fotos a pé. Então, dava para o gasto, até porque era pago pela própria agência minha estádia, e eu não tenho do que reclamar. Mandei um torpedo para a minha mãe e para Sofia, contando todos os passos que eu dava em Nova Iorque e também passei uns vinte minutos garantindo para elas que eu estava bem e que nenhuma das duas precisava pegar um avião e vir até aqui. Elas são as melhores amigas do mundo, mas preciso caminhar sozinha daqui pra frente.

Prometi que ia ligar se precisasse delas e aí fiquei olhando para mensagem que o Jason tinha me mandado no dia anterior. Quando ela chegou, estava me arrumando para ir para o Hotel. Demorei meia hora para conseguir parar de chorar em silêncio e responder. Só de saber que ele estava pensando em mim foi o suficiente para eu aguentar todo aquele cansaço, eu voltava para o hotel somente pra dormir.

Fiquei pensando em mandar um torpedo para dizer que eu também estava pensando nele, mas estava cansada demais para pensar direito e nenhuma palavra servia para transmitir o que eu queria dizer para ele. Queria dizer que preciso dele, que essa é a coisa mais amedrontadora que já fiz sozinha, que estava cheia de me afastar pelo bem dele, que, se o Jason podia me amar, eu simplesmente ia me entregar para ele. Só não queria despejar isso em cima dele enquanto ele estava lá, concentrado na turnê.

Ele tem compromissos com coisas que são mais importantes do que eu, e eu posso esperar. Vou falar com o Jason quando ele voltar e espero que, nesse meio tempo, não arranje alguém para me substituir. Esfreguei meus olhos e subi me arrastando pelos degraus de concreto que levavam até o andar onde cava meu quarto de hotel.

Quando cheguei, encontrei duas famílias simpáticas que estavam hospedadas cada uma de um lado do meu quarto. Mas fiquei torcendo para que elas tivessem ido passar o dia fora. Aí eu ia ter silêncio e conseguir dormir uma horinha antes de voltar para a agência. Pisquei várias vezes quando cheguei no corredor, porque tinha uma figura alta encostada na porta, sentada no chão. Sacudi a cabeça para me certificar de que o sono não estava me pregando uma peça, porque só conheço uma pessoa no mundo que usaria calças cor vinho tão justas. E, teoricamente, essa pessoa estava a milhares de quilômetros de distância.

- Jason?

Foi mais um suspiro do que um som, mas ele deve ter me ouvido porque virou a cabeça. Se apoiou na porta e ficou de pé. Estava com uma camiseta preta justa com um microfone em chamas. Aquele cabelo castanho estava tão bagunçado que parecia que ele tinha dormido em cima dele por dias, mas o Jason me deu um sorrisinho, e foi só o que eu enxerguei. Não existia mais hotel vagabundo, nem crianças correndo e gritando do lado de fora, nem cansaço. Só existia o Jason, e ele era tudo o que eu queria neste mundo.

Nem percebi que fui andando na direção dele. Correndo, na verdade. Nem me dei conta de que estava chorando, de novo, e nem liguei que ele me segurou quando me joguei em cima dele com tanta força que deu uns dois passos para trás. Só senti aqueles braços me envolvendo e aqueles lábios encostando na minha testa enquanto me soltei nos braços dele. Tentei escalar o Jason como escalava uma montanha, para conseguir enroscar minhas pernas nele.

- O que você está fazendo aqui? - nem sei se essas palavras faziam sentido, porque eu estava me jogando em cima dele que nem uma psicopata. O Jason pôs uma mão embaixo da minha bunda para eu conseguir subir e passou a outra no meu cabelo, que estava completamente despenteado.

- Estou onde devo estar. - enfiei o nariz no vão do pescoço dele e fiquei só cheirando. Esse homem é tão verdadeiro e firme. Jurei para mim mesma que nunca mais ia soltá-lo. Ele estava com um gosto salgado, por causa das minhas lágrimas, que rolavam pelo seu pescoço, encharcando a gola da camiseta. - Você quer me dar a chave do seu quarto para gente parar de dar showzinho para aquela família ali atrás?

O Homem da Boate. Onde histórias criam vida. Descubra agora