Cp. 39

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Jason.

Eu estava super confuso, sem nada para fazer, e inquieto porque ainda não sabia direito o que fazer com esse lance que está rolando com a Megan. Minha campainha toca e levanto do sofá para abrir a porta, arregalo os olhos surpreso ao ver Julian e Nash parados na minha frente.

- Não acredito! Julian, Nash. - aperto suas mãos e os cumprimento com um abraço forte. Nash e Julian foram os melhores amigos que fiz quando meus pais morreram e tive que morar com meus tios numa cidade pequena que fica a cento e vinte quilômetros daqui.

- Muito tempo mano. - fala Nash entrando no apartamento.

- Fiquem a vontade. - falei para os dois e eles se sentaram no sofá. Nash e Julian ainda moram na cidade dos meus tios. A última vez que nos vimos foi ano passado quando fui visitar minha tia que estava doente.

- Como você está mano? Faz tempo que não aparece por lá. - perguntou Julian dobrando suas pernas.

- Pois é. A vida ficou corrida e não tive como sair daqui. - falei levantando para servir uma cerveja para eles. - Vocês tem alguma notícia da minha tia? - perguntei entregando as cervejas. Eles se olharam de canto com o rosto nada amigável - O que foi? Ela está bem?

Eu sempre ia visitar minha tia Jô, de um ano pra cá eu não fui mais, não queria vê-la com aquela cara de quem estava infeliz e mesmo assim aturava meu tio bêbado e mulherengo a importunando. Mas todo mês deposito um dinheiro para ajudá-la. Meu tio eu evitava, desde que eu e James fomos morar com ela aos treze anos vimos ela sendo maltratada e nunca entendia do por quê ela aceitava viver nessa situação com ele. Meu tio era um homem deplorável que só a deixava cada dia mais fraca e doente. Sempre quando a visitava sugeria dela vir morar comigo, mas ela nunca aceitava, dizia sempre que estava bom assim e que ela o amava para deixá-lo para trás.

- Ela está bem sim. Mas você sabe, cidade pequena e os boatos correm. Ficamos sabendo que ela está doente e que seu tio sai e fica semanas fora e depois volta como se nada tivesse acontecido. - Nash falou e Julian continuou:

- É mano, ela quase não sai de casa, a última vez que a vi estava no mercado com cara de abatida e cansada. - suspirei fundo, eu sabia muito bem que ela jamais o deixaria mesmo sofrendo, sempre me disse que não podia desistir da família dela. Foi por isso que eu e James decidimos vir para cá aos dezesseis anos, nos viramos de todos os jeitos para conseguir um emprego e continuar os estudos - Você deveria fazer uma visita a ela, tenho certeza que ela irá adorar. - sorrio fraco e continuamos conversando sobre muitos assuntos.

Nash e Julian ia passar um tempo na cidade. Foi bom revê-los e tê-los perto por um tempo, somos grandes amigos. Penso um pouco e sem enrolar decido ir ver minha tia Jô, se algo acontecer com ela eu me sentiria culpado pelo resto da vida. Peguei minha moto e viajei os cento e vinte quilômetros em velocidade alta. Espero que meu tio não esteja lá, não quero ter que encontrá-lo. Cheguei na cidade pequena e avistei de longe a casa de tijolos que reconheci muito bem, minha adolescência foi toda nesse lugar, muitas memórias passam pela minha cabeça.

Bati na porta com o punho cerrado e fiz uma careta quando minha tia abriu a porta. Ela é uma mulher muito magra, bem mais baixa do que eu. Mesmo com todas as rugas prematuras e aquele cabelo loiro sem brilho, dá para ver que já foi uma mulher bonita. Mas agora é só cansada e acabada. O sorriso que ela me deu foi tão leve e rápido que até pareceu ser uma imaginação. Mas ela me abraçou com aqueles braços de passarinho, num gesto de desespero e tristeza.

- E aí, tia? Quanto tempo! - dei um tapinha nas suas costas, meio sem jeito, e ela se tremeu toda. Tudo o que vejo nela me dá vontade de usar meu tio como alvo para treinar tiro. Foi ele que fez isso com ela: roubou sua
vivacidade, a transformou numa sombra ambulante. O ódio que sinto por esse homem está enterrado dentro de mim de um jeito que vai ser um perigo para todo mundo quando finalmente vier à tona.

O Homem da Boate. Onde histórias criam vida. Descubra agora