Cp. 35

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Fico bem de azul-marinho, porque meu cabelo é laranja, e meus olhos têm uma cor de verde claro. E, já que era pra ser um dia especial, achei o meu vestido azul de saia godê e decote em V, com caimento nos ombros, uma escolha perfeita. Não sou muito boa para ficar inventando penteados, então só fiz umas ondas com o babyliss e prendi a franja comprida para trás com um grampinho que tem um coração grande de strass. Já fui algumas vezes na boate de Jason para saber que salto alto não era a melhor opção. Mas, como não tinha outra coisa que combinasse com o vestido, resolvi usar um sapato boneca de verniz vermelho.

Quando olhei no espelho, eu tive que admitir que estava bonita demais só para ir jantar com meu ex-quase-NãoSeiOquê, e que tinha me arrumado para uma pessoa completamente diferente. E isso não era nada inteligente, mas não liguei nem troquei de roupa.

- Parece que isso com o James está ficando sério. - diz minha mãe ao me ver descendo as escadas.

- Não mãe, nós não temos nada. Não crie expectativas. - passei a mão no cabelo olhando para o espelho da sala.

- Deixe-me adivinhar. Vocês são só amigos? - perguntou com deboche. Bufo.

- Eu não sei bem o que a gente é agora. - afirmei pondo fim ao diálogo.

- Jovens... - ela conclui.

O James chegou pontualmente, em seu supercarro, e a gente foi jantar. A conversa no caminho foi esquisita, apesar de ele ter me dito que eu estava bonita e ter sido supereducado. A gente ficou falando do clipe e de faculdade. Quando sentamos no restaurante, me esforcei para não olhar para o celular a cada cinco minutos para ver que horas eram. Eu estava inquieta e ainda meio preocupada com o comentário dele sobre eu ser duas pessoas diferentes.

Sou a primeira a admitir que esse deve ser o pior encontro de todos os tempos. Quando o James pediu uma garrafa de vinho para acompanhar o jantar, me deu vontade de sumir, porque me pareceu uma coisa muito de casal. Mas precisava pelo menos tentar ser uma pessoa agradável. Devia isso a ele. Deixei ele me servir uma taça e dei um sorriso forçado.

- Obrigada, James.

- Estou feliz que veio. Quero muito que você mude de idéia e pense em tentar resolver as coisas entre a gente. Gosto muito de você, Megan. Você é inteligente, divertida e bonita. Além do mais, a gente tem tanta coisa em comum.

Qual era o meu problema? O James é legal, bonitinho e pensa que eu sou incrível. É o garoto dos sonhos da maioria das garotas, mas, por algum motivo, quanto mais exalta as minhas virtudes, mais eu brocho. Empurrei a taça de vinho, e peguei o copo d'água.

- James, acho que não me conhece direito. Odeio vinho, por exemplo. Normalmente, se eu for beber bebida alcoólica, eu prefiro tequila. Mas na maioria das vezes fico somente no refrigerante. A gente fez um trabalho juntos na mesma agência, mas, além disso, não temos muito mais em comum. Eu não gosto de balé nem de ópera. Gosto mais de dançar coutry pop. Achei que fosse me fazer bem ficar com alguém como você, porque é legal e atencioso, mas isso só serviu para me mostrar que tentar forçar uma situação não funciona. - Ele limpou a garganta, colocou a taça de vinho na mesa.

- Você podia ter me dito isso dois meses atrás, Megan. Nem me deu uma oportunidade de te conhecer de verdade. Você já resolveu, antes mesmo de começar a ficar comigo, qual das suas versões eu ia namorar, sem levar em consideração que eu poderia gostar das duas e ficar com você. Eu posso gostar de dançar country, sabia? - ele tinha total razão, e fiquei me sentido pior ainda.

Passei o resto do jantar emburrada, e mesmo assim o James se ofereceu para pagar a conta. Ponto para ele. Como não podia permitir isso, paguei metade da conta e a gorjeta, para compensar o fato de eu ser tão idiota. Ele me levou até a Boate Maddox. Queria pular para fora do carro e correr lá para dentro. Mas, quando ele viu o povo na fila, cheio de tachas e usando jeans, resolveu que tinha que parar o carro e entrar comigo.

O Homem da Boate. Where stories live. Discover now