Abstinence | CONCLUÍDA

Pain

Uma semana depois...

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

Eu queria morrer.

Eu tinha medo de abrir os olhos e ver como estaria.

Eu tinha medo.

Não comia, nem bebia. A temperatura do quarto era fria, fazia meus dentes baterem e meus músculos ficarem tensos de tanto tremerem. Sabia que algo estava acontecendo comigo quando passei grande parte das horas vomitando ou com febre. O sangue estava espalhado por mim, dos meus pés ao meu rosto. Minhas maças dormentes e meus olhos tão pequenos pelo inchaço.

Quis pedir ajuda, mas sabia que ninguém poderia me ajudar. Algumas vezes, aumentavam o tamanho das correntes para me locomover, contudo eu estava fraca o suficiente para não levantar. Todos os dias, Russel ou Bastian entravam no quarto, e se divertiam me torturando. Batendo tanto em meu corpo, que até minha alma estava sangrando. Tudo de mim doía.

— Justin, me ajuda... – Sussurrei fechando meus olhos, encolhida no chão encostada na parede, tentando me aquecer.

Sentia falta dele, do seu calor, do sorriso, dos beijos, o seu jeito bruto ao mesmo tempo sensível. Mesmo ele cometendo o pior erro, ainda o amava e desejava malditamente. Apenas quando fechava meus olhos, conseguia controlar a dor.

Era quando eu me lembrava dele.

Justin era a minha morfina.

E eu estava entrando em abstinência.

— Sinto que estou te fazendo mal, Justin. – Sussurrei em seu ouvido. — Eu não quero que fique assim.

— O que? Você nunca me fez ou faria mal.

Apertei mais ele.

— Eu vejo Bieber. O quão transtornado você está, parecendo com medo, com raiva, desesperado, borbulhando de ódio.

— Então me ajuda, me ajuda Julieta. – Seus braços devolveram o abraço de urso, eu sentia que as minhas costelas quebrariam, mas não discuti.

— Como?

— Só me abrace.

Minha mãe, provavelmente, estaria em pilhas. Ri disso, provocando uma tosse seca. Eu tinha dificuldades de respirar todos os dias, meu peito doía toda vez que tentava e o cansaço todos os dias me dominava.

— Drink up, baby, look at the stars, I'll kiss you again... – Cantei baixinho, sôfrega. Era uma das minhas músicas favoritas. — Between the bars where I'm seeing you. There with your hands in the air waiting to finally be caught...

(Beba, baby, olhe para as estrelas, eu vou te beijar de novo. Entre os bares onde estou vendo você. Lá com as mãos no ar esperando para finalmente ser pego...).

A porta foi aberta violentamente, minha cabeça latejou de dor e abri meus olhos, vendo Bastian, Russel e outros dois homens. Eles fecharam a porta, montando aquela porcaria de câmera novamente. Não queria ver Justin sofrendo, não queria que pensasse que tinha culpa. Eu aceitei tudo quando me envolvi com ele.

Estaria ao seu lado, mesmo se todos ficassem contra nós.

Eu queria poder vê-lo uma última vez, mas sentia que não conseguiria passar dessa. Não, eu não aguentaria outras surras.

— Hoje o vídeo será mais interessante. Mesmo você ferrada, ainda é deliciosa, primeira dama. – Eles riram. Idiotas.

— O-O que... – Tomei fôlego. — vai fazer?