The True

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Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

A noite pode ser uma vadia quando tudo que você quer é acordar. Eu não preguei os olhos, mesmo quando forçava minhas pálpebras a se fecharem. Buscava em minha mente algo reconfortante o suficiente para me fazer dormir, contudo apenas me revirava na cama, até o sol nascer. Eu sabia que não poderia ficar como um peru de Natal, sofrendo antes do tempo. Por isso, coloquei minha roupa de ginástica e cerca de cinco da matina, saí para correr. Forçando minhas pernas a darem passos maiores que eu podia, sentindo o suor escorrer pelo canto da minha testa e a minha respiração sair pesada por minhas narinas. Em um momento, parei para respirar e tomei fôlego. Havia equipamentos de musculação e ginástica que o governo havia colocado em centenas de parques pela cidade e entre eles, usei um.

Pulei, alcançando o ferro azul e comecei a fazer o levantamento. Usando minha força para fortalecer meus músculos dos braços e o restante do meu corpo. Cruzei meus pés, soltando o ar pela boca e travando a mandíbula. Quando finalizei meus 50, pulei no chão e tombei a cabeça para ambos os lados, a sentindo estalar.

Caminhei para perto de um banco, deitando e fazendo abdominal, prendendo meus pés no chão e colocando as mãos na cabeça, sempre soltando o oxigênio pela boca. Meus músculos estavam acostumados àquela rotina, eu pretendia nunca parar para não perder uma das poucas coisas boas que a prisão havia me ensinado. Sentei no banco, respirando fundo e abro minha garrafa d'água, dando um grande gole. Puxo a corrente do pescoço, vendo o anel que Hayes havia me dado, quase como um noivado e sorri.

Eu me apaixonei por você, Sebastian, mas ainda sim meu coração só pertence a ele.

— Eu admiro e respeito os seus sentimentos, Hayes, mas jamais deixaria você perder tempo comigo. Eu sei que você vai encontrar uma mulher que te amará por completo.

— Você pode ser essa mulher, você é a única que eu quero!

Neguei.

Seus olhos analisavam meus lábios.

— Péssima ideia. – Sussurrei lendo seus pensamentos, ele ignorou e me beijou.

— Bom dia, querida. – Uma senhora disse, sorrindo graciosamente para mim.

— Bom dia. – Respondi e bebi mais um gole d'água. Observei ela carregar suas sacolas, que pareciam pesadas e fiquei de pé. — Posso te ajudar?

— O que? – Apontei para suas sacolas e ela riu. — Oh! Claro. Qual é o seu nome?

— Julieta e a senhora?

— Clarice. – Respondeu, caminhava devagar ao seu lado, carregando boa parte das sacolas.

— Bonito nome.

— Obrigada, querida. Seu nome também é belíssimo. – Sorriu.

Clarice foi a minha válvula de escape. Morava a alguns quarteirões do parque e seus netos chegariam hoje, o que ela fez questão de ir comprar algo para preparar imediatamente. Ela contou que iria fazer 45 anos de casamento com o seu Joseph. O que me fez sorrir enquanto contava, eu também revelei algumas coisas e quando chegamos a sua casa, ajudei colocando as sacolas sobre o balcão de mármore.

— Por que não deu uma chance para o seu Justin? – Guardou alguns lanches.

— É complicado, Clarice. Aconteceu tantas coisas entre nós, que não consigo mais confiar nele.

Abstinence | CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now