Bad Decisions

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Detroit, Michigan.

Dias depois...

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

— O jantar está na mesa! – Ouço minha mãe gritar e solto um suspiro pesado, avaliando-me no espelho e balanço a cabeça, descendo as escadas e vendo Scott sentando-se junto com Lucy, e o filho dele, Henry.

Ele tinha apenas 18 anos, terminando a escola e fazia parte do grêmio estudantil. Eu não havia tido a oportunidade de conversar civilizadamente com Henry, já que ele não passava muito tempo em casa, mas parecia ser um ótimo garoto, contudo sentia que minha mãe sempre de algum modo gostava de nos comparar. Enquanto Scott apenas a repreendia algumas vezes ou ficava olhando, envergonhado.

— Gostou da comida, Julieta? É sua preferida. – Lucy disse e assenti, mastigando um pedaço de carne.

— Eu estava pensando em pagar um professor particular, para conseguir terminar meu último ano.

— Acho uma ótima ideia! – Ela sorriu.

— Conheço pessoas excelentes, Julieta, se quiser... – Scott disse.

— Eu gostaria muito. Preciso voltar a estudar, já é difícil achar emprego com a ficha suja, imagina sem completar o ensino médio. – Toda vez que eu tocava no assunto prisão, minha mãe ficava em completo silêncio. Eu sabia que era difícil para ela, porém era a realidade e eu não podia fugir do meu passado como ela estava fazendo.

— Como era na prisão?

— Henry! – Lucy o repreende.

— Tudo bem, mãe. – A acalmo. — Era... Torturante nos primeiros meses, depois você se acostuma com o fato de estar atrás das grades.

— Soube que parou na solitária, é verdade?

— É sim, muitas e muitas vezes. – Dei risada. — Vamos se dizer que eu não fui muito obediente.

— Deve ter sido uma merda!

— Chega! – Minha mãe largou o garfo. — Não precisamos mais falar disso, Julieta.

— Nós nunca falamos disso, mãe.

Lucy respirou fundo, centenas de vezes, voltando a comer e iniciando um assunto que envolvesse todos. Ela mal me chamava de filha, amor ou qualquer outra coisa. Lucy não conseguia me encarar nos olhos e ver que eu não era mais aquela Julieta. Larguei meu garfo, tomando um gole da água.

— A comida não está boa, Julieta?

— Por que sempre está dizendo meu nome no final de cada frase? – Franziu o cenho. — Por que não consegue me chamar de filha? Por que está tentando fazer parecer tudo uma família perfeita?

— Julieta... Agora não.

— Então quando, Lucy? Eu fiquei cinco anos presa e quando volto, você fica agindo como se eu apenas tivesse tirado umas férias. – Ela desviou o olhar e bati as mãos na mesa, a assustando. — Me olha, caralho! Olhe nos meus olhos, Lucy.

— Filha...

— É, Lucy. – Não repeti novamente a chamando de mãe. — Eu fui presa, eu apanhei diversas vezes das detentas e dos policiais, parei mais de dez vezes na solitária. Em cinco anos não recebi mais do que duas visitas sua, passei por um transplante de rim e você não estava ao meu lado, eu sei que seguiu sua vida, mas eu precisava de você... Mãe.

— Eu sinto muito.

— Tarde demais para sentir muito, não acha? – Seus olhos marejaram. — Você tem vergonha até de me olhar.

Abstinence | CONCLUÍDANơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ