Primeiro akuma

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Os dias foram passando Tom e Sabine se revezavam entre a padaria e o hospital, muitas vezes um dos dois dormia no quarto de Marinette.

A primeira segunda-feira se passou de forma estranha o lugar vago na sala e todos sabiam o que tinha acontecido. Ou pelo menos, achavam que sabiam. A história do atropelamento se espalhou como rastilho de pólvora aceso. Durante a semana logo começaram a surgir boatos do modelo do carro e que o motorista que trafegava deveria estar bêbado. Além disso, surgiram comentários maldosos acerca do que Marinette estaria fazendo a noite aquele horário fora de casa. Adrien poderia jurar que esses comentários surgiram de Chlóe ou Lila... Neles, Marinette tinha saído escondida dos pais para encontrar um garoto, ou até mesmo homens, que eles não aprovaram.

Adrien visitava Marinette quase diariamente, assim como Alya e Nino. Porém, ele escolhia horários menos óbvios pelos inúmeros compromissos. O humor dele estava péssimo, odiava ouvir a história do acidente de carro ou as especulações do que fazia fora de casa. Ele sabia sim a verdade, mas não podia contar. Além disso, torturava-lhe a alma a perspectiva do próximo akuma que acabaria enfrentando sozinho, ainda não tinha a menor ideia de como faria. Mas, no fundo não importava, ele compreendia que sempre iriam falar algo, mas que não importa o que dissessem ela era uma heroína. Para os pais dela não chegavam os comentários mais maldosos.

A primeira semana foi cheia de esperança, logo Marinette saiu da UTI para um quarto normal. E os médicos alertaram que poderia voltar a consciência a qualquer momento. E Adrien agradecia a cada dia a mais sem akuma. Porém, os dias foram passando e o estado dela ficou na mesma.

Era uma manhã de clima ameno na primavera quando o neurologista que acompanhava seu quadro explicou para os pais dela.

— Como já conversamos antes, o quadro dela agora é estável, não há mais risco de hemorragia.

— Então, quando deve acordar? Há alguns dias o senhor dizia a qualquer momento...

O neurologista balançou a cabeça em negação.

— Pelos exames que temos, ressonância, tomografia, sabemos onde ocorreram lesões, mas não posso dizer por que ainda não voltou a consciência, nem quando irá retornar. Ela está em coma, e não há forma de estimar por quanto tempo.

Coma? Dias? Semanas? Meses? Mais? — Não era possível dizer. Sabine continuava firme, mas fé de Tom Dupain foi definitivamente abalada. O médico tinha dado algum tempo extra antes de dar aquela notícia, mas tinha obrigação de alertar sobre a situação. Tom estava arrasado, sua princesa, sua única amada e atrapalhada filhota Marinette não mostrava mais seu lindo sorriso.

E naquela noite Sabine estava no hospital para dormir no quarto com ela e Tom estava em casa, pois, no dia seguinte teria que abrir a padaria pela manhã. Marinette estava hospitalizada, mas ainda assim eles tinham que trabalhar e pagar as contas.

Tom sovava a massa para fazer pães doces e enquanto isso pensava o que Marinette poderia estar fazendo na rua aquela hora. Quem teria sido o motorista irresponsável que a atropelou e fugiu? Como era possível fazer isso? Negar socorro a uma garota? A sua garotinha! Talvez Marinette nunca mais abrisse os olhos! E essa perspectiva o destruía por dentro. Nada mais fazia sentido sem o som de suas risadas, sem seu jeitinho estabanado. E então a borboleta negra pousou no rolo de massa que estava em sua mão e a fumaça escura lhe envolveu roubando sua consciência.

Assim que soube da confusão, Chat Noir tentou chegar o mais rápido possível, mas o akuma já havia destruído uns tantos carros e perseguia um motorista que escolheu sem razão aparente.

Chat Noir viu o estrago causado e enquanto todos esperavam que Ladybug surgisse ele agiu rapidamente destruindo o objeto com a borboleta negra.

E o ser maligno começou a se afastar subindo, algumas pessoas olhavam espantadas desacreditando que ele tivesse agido sozinho. E Chat Noir, não tendo muitas alternativas, teve a ideia de usar seu cataclismo.

Quando sua mão se fechou sobre o akuma, no mesmo momento entendeu que o que havia feito não tinha funcionado. O poder continuou ativo, o akuma atravessou pelo uniforme e pela pele. Chat Noir temeu tornar-se um vilão, mas sua mão apenas ardeu como se tivesse fechado o punho sobre uma brasa. E uma sensação ruim fez com que seu corpo tremesse como se tivesse a certeza que no mundo só existiam pessoas más. Ele pegou um graveto caído no chão dispersando assim o poder da destruição virou as costas e foi embora sem dar nenhuma explicação ou razão para ter feito as coisas da forma que fez.

Tom estava caído confuso no chão, logo algum dos observadores se aproximou para verificar se estava bem.

Momentos depois, nas notícias Chat Noir era acusado de ter agido de forma precipitada por não ter esperado Ladybug. Algumas contabilizam o prejuízo material, outras questionavam onde estaria Ladybug. Paris estava perplexa diante daquele evento, O poder da criação não foi utilizado nem durante nem após a luta e ela não foi vista. Entre veículos e imóveis danificados o prejuízo aproximado foi calculado em cento e vinte mil euros. Sem contar o tempo necessário para reorganizar o trânsito na quadra afetada e todo o transtorno posterior que a falta daqueles veículos causaria.

Adrien entrou pela janela do quarto.

— Recolher garras!

Olhou a mão enquanto Plagg gritava com ele. Não havia nenhum bolha nem estava vermelha, mas ardia como se tivesse.

— Adrien seu idiota! Não dá para destruir um akuma! Eles precisam ser purificados!

— O que você queria que eu fizesse?!

— Você precisa pegar os brincos!

— Nunca!

A verdade é que Adrien perguntou ao kwami se tirar os brincos com a Marinette inconsciente como estava poderia lhe fazer mal e o kwami não soube responder. Então Adrien não conseguiu assumir o risco, se fizesse e algo acontecesse com Marinette, nunca se perdoaria!

Adrien conhecia o Mestre Fu, mas não sabia onde encontrá-lo. Mas ele tinha ido até ele em um momento, com toda certeza encontraria com ele outra vez assim que entendesse a situação

FatalitéOnde histórias criam vida. Descubra agora